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— QUANDO EU ERA MAIS NOVA
meu pai me deu um ursinho e eu chamava ele de Tico, era pra ser Chico, mas eu não sabia pronunciar na época - Ana ri acariciando minha mão. Aquela espera já estava me sufocando- O Tico era o único que podia abraçar sem julgamento, mas depois que meu pai morreu minha mãe e eu tivemos que nos mudar e ele se perdeu na mudança.

— Seu urso que me perdoe, mas agora, eu sou seu Tico- Ela me abraça de lado e eu me aconchego em seu peito.

***

A CADA SEGUNDO MAIS AGONIADA eu me sentia. Diana tinha cochilado no ombro de Bruna que tentava se destrair no celular, Murilo olhava para um ponto fixo em total silêncio, assim como Ruan que se mantinha calado a horas.

— Familiares da Senhora Betânia Ribeiro - Nos levantamos rapidamente e logo o médico se aproximou. Negro e careca, mas com um cavanhaque branco.

— Como minha tia está?- Ruan questiona.

— Bom, Dona Betânia sofreu um infarto e tivemos que reanima-la, na terceira tentativa ela reagiu e o seu coração voltou ao normal. Aparentemente ela estava com problemas cardíacos a um tempo mas não estava se cuidando como deveria e por isso sofreu um infarto.

— Não estávamos cientes disso.

— Pois é, mas agora ela já está estável, só terá que ficar em observação aqui no hospital por um tempo.

***

QUANTO MAIS EU TENTAVA trabalhar mais minha cabeça latejava. Eu já tinha tomando remédio, mas parecia não adiantar. Meu chefe, pra variar, tinha decidido que não poderia me liberar, até tentei argumentar e explicar a situação, mas a quantidade de merda em sua cabeça não permitiu que ele entendesse.

«Que horas você sai do trabalho?

Era a Ana, respondi e ela disse que me buscaria para que eu pudesse provar a macarronada que ela estava fazendo. Como uma boa virginiana, Ana se cobrava o tempo todo para que tudo saísse perfeito pra mim. Eu sinceramente amava, aquilo mostrava que ela estava se esforçando para estar comigo, assim como tinha prometido.
Confesso que aquilo tinha melhorado meu dia.

Às onze horas eu saí daquele prédio comercial e vi o Civic Vermelho tão conhecido por mim parado alí na frente, Ana estava apoiada na porta e abriu um sorriso logo que me viu.

Fui até ela que me agarrou pelo pescoço me dando um selinho demorado. Achei fofo ela não se importar se estavam vendo ou não, mesmo ela sendo uma figura pública.

— 'Tava com saudade já - Ela diz me dando um cheiro no cangote.

— Eu também tava- me aconchego naquele abraço apreciando o cheiro bom que Ana exala— Agora vamos, que eu tô ansiosa pra comer sua macarronada!

O caminho todo Ana me deu ouvidos sobre como tinha sido minha manhã. Contei pra ela que meu chefe iria se mudar e que a filha dele assumiria seu lugar na Editora. Ela se animou com a notícia, pois sabia o quão odiado aquele homem era por mim.

Quando a gente chegou na casa dela logo cumprimentei o André que se mostrava muito animado em me ver. Só então fui atrás de Ana na cozinha. Ela estava pondo uma travessa na mesa e eu lhe abracei por trás.

— Tô indo tomar banho, quer ir também?- sussurro em seu ouvido enquanto faço um carinho em seu pescoço— A não ser que não goste dessas coisas...

Despretensiosamente espalho beijos por seu pescoço e vejo a mulher se virar para mim com um sorriso malicioso no rosto. Beijei seus lábios e logo senti um apertão em minha bunda, oque me fez arfar em uma mistura de tesão e surpresa.

— Te espero no banheiro- Disse depois de separar nossos lábios e lhe dei um beijo na bochecha.

Saí praticamente correndo de seus braços e fui para o banheiro. Me despi e entrei no box. A porta estava destrancada dando a liberdade de Ana entrar na hora que quisesse. E como em mágica, assim que eu penso nela eu sinto aquelas mãozinhas abençoadas rodeando minha cintura.

— Cheguei, futura Sra.Albuquerque-Souza- Eu me viro para olha-la.

— Que romântica- ironizo- Me propondo um casório antes de me fuder no banheiro da própria casa- Ela ri jogando a cabeça para trás.

Ela para de ri e me beija ainda com um sorriso nos lábios, mas logo me prende contra a parede com a perna direita entre as minhas pernas e aprofunda aquele beijo fazendo em seguida as obscenidades que ela faz sem igual.

Envolver-Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora