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A LUZ FORTE ME FEZ DESPERTAR E a primeira coisa que senti foi frio e um cheiro de hospital.

— Ana?- vejo a mulher que estava sentada em uma poltrona vir até mim.

— O André sentiu sua falta- A olhei confusa- Quer dizer, eu também senti... O André até sentiu, mas eu senti mais.

— Entendi...- ri por ela se embolar nas palavras.

— O médico falou que seus exames deram todos normais, você só desmaiou porque teve um pico de extresse aparentemente- Ela explica- Não sei oque tá te extressando, mas acho melhor tomar cuidado, não vou estar por perto sempre que for desmaiar - Ela ri tentando aliviar o clima.

— Pode deixar... Sabe se eu já posso ir embora?

— Vou chamar um médico e ele te diz- apenas confirmo e ela sai.

Pego meu celular que estava ao meu lado e vejo que já são quase seis horas da manhã.

— Bom dia- um médico com sotaque americano entra no quarto- Que bom que acordou! - ele sorri- Só estou esperando seu último exame sair para poder te liberar, ele é mais chatinho então talvez demore um pouco.

— Entendi, tudo bem, não tem poblema.

— Bom, vejo que está bem. Qualquer coisa é só me chamar.

Ele sai e me deixa só com a Ana que se senta novamente na poltrona e fica em silêncio assim como eu.

— Você poderia tentar dormir, eu te acordo quando for hora de ir embora.

— Não consigo - assumo- tô preocupada e paranóica demais pra isso.

— Bom, se você quiser- Ela segura minha mão - Eu posso ficar preocupada e paranóica com você.

Apóio minha cabeça confortavelmente no travesseiro sem ao menos responde-la.

***

QUANDO RECEBI ALTA ANA ME ofereceu carona pra casa e eu tive que aceitar, mas ao pararmos em frente a minha casa fiz o mesmo que ela, saí sem ao menos dar tchau.

Bruna estava me esperando e me abraçou forte assim que eu passei pela porta.

— Você me assustou- ela diz chorosa- Ainda bem que a nojenta da Ana tava perto... Aliás, tava fazendo oque com a Ana?! Cê não tinha ido ajudar a Diana no Banheiro, Clara Albuquerque?!- Ela dispara de uma vez.

— Calma que eu acabei de sair de um hospital- Me sento no sofá e ela me segue- É uma loga história, mas resumindo: Eu e a Diana nos beijamos no banheiro, eu tive um "surto" porque ela não era a Ana e saí correndo, nisso eu subi pro terraço, encontrei a Ana lá, meu cérebro deu pani e eu desmaiei.

— Nossa... Gente, que rolê, viu!- Ela diz estagnada- Mas a Ana falou algo sobre a ex dela ou algo assim?

— Digamos que eu não dei tempo pra ela fazer isso...

— Mas aí você não ajuda, você não esquece ela, poderia ao menos ter tido a decência de deixar ela explicar a situação, até porque convenhamos, mas todas as nossa teorias não são verídicas, são todas fonte da nossa mente fértil. A gente nem sabe se elas realmente voltaram. Eu nem gosto da Ana, mas ainda assim acho que você deveria ter dado essa chance!

***

"OI, CLARA, TUDO BEM?"

A notificação da Ana estava em minha tela a uns três minutos, eu olhava fixamente e não sabia se responder era uma boa ideia.

Respondi mesmo não achando uma boa ideia. Ela me disse que tinha que falar comigo e me questionou se poderia vir me ver no outro dia pela manhã, me lembrei das palavras de Bruna e disse que sim, ela podia vir.

Durante a noite quase não dormi, mas quando consegui dormir sonhei com ela durante todo o meu sono, era ela quem pairava em minha mente.

***

PELA MANHÃ MEU DESPERTADOR me acordou e eu levantei sentindo aquele gostinho de ansiedade por finalmente ter uma conversa decente com a Ana.

A todo instante tentava não alimentar a esperança de um futuro pedido de desculpas ou algo do tipo, mas era quase inevitável.

Tomei meu café logo após ter me arrumando com uma blusa de algodão e um short folgado.

Confesso que olhava o celular de segundo em segundo e só sosseguei quando ouvi a campainha da minha casa, praticamente corri pra atender. E lá estava ela, linda como sempre, me lembrando da primeira vez em que ela veio aqui em casa pra tomar café comigo.

— Entra- digo dando espaço e ela entra um pouco acoada- Quer uma água, um suco?

— aceito uma água.

Fui até a cozinha e quando voltei ela permanecia no mesmo lugar em que eu tinha deixado.

— Aqui- estendo o copo para ela que pega de bom grado.

— Trouxe pra você, se não gosta tudo bem- Ela me entrega um pacote retangular.

Me sentei no sofá, porém ela permaneceu em pé me olhando com expectativa.

— Senta aqui- bato no lugar ao meu lado e só assim ela senta e põe o copo no chão.

Abro a embalagem que parece ter sido feita com muito cuidado e descubro um livro alí dentro, com uma capa em tons de roxo e laranja, com o título "O amor não é óbvio". Meu sorriso foi inevitável, eu já queria esse livro a um tempo e tinha comentado isso com Ana a algumas semanas atrás.

— Ah, muito obrigada- lhe abraço sem ao menos perceber. Seus braços rodeiam minha cintura e eu estupidamente me sinto em casa novamente.

Envolver-Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora