4

230 15 3
                                    

NO DIA SEGUINTE ANA ACORDOU E logo em seguida eu. Tomamos banho juntas, tomamos café juntas e então Ana foi para sua casa.

Logo já estávamos juntas de novo. De mãos dadas em uma praça pouco conhecida na cidade, pisando na grama descalças e rindo para o vento.

- Não tem medo de se perder?- pergunto pois já estávamos a tempos fora da praça andando pelas ruas sem rumo.

- Não - ela diz simples.

- Não faço ideia de que rua é essa.

- E você liga?

- não muito na verdade...

- Então pronto - ela me olha- sem contar que eu não iria me perder, porque estou com você.

- Está comigo significa que se eu estiver perdida, você também vai estar.

- Se eu estiver perdida com você, não vou me sentir perdida, então não estou perdida- ela ri e aperta minha mão - viu, não devemos ter medo, estamos. De. Mãos. Dadas.

Eu sorri, pois realmente estávamos e a sensação era ótima.

***

DEPOIS DO ALMOÇO, EM QUE também decidimos estar juntas, Ana ficou estranha e com uma fixação estranha de olhar o celular a cada segundo, sua perna mechia e ela parecia aérea, eu até tentei perguntar se tinha algo lhe incomodando, mas ela disse que estava tudo bem. Um tempinho depois seu celular começou a tocar em cima da mesa e ela rapidamente pediu licença e atendeu.

Depois de poucos minutos voltou roubando minha atenção que estava direcionada para o meu celular.

- Então, Clara, surgiu um compromisso de última hora pra mim e eu preciso ir.

- Ah sim, você quer que eu vá te deixar?- Questiono, afinal, ela tinha vindo comigo no meu carro.

- Não precisa, eu chamo um Uber rapidinho...

- Que é isso Ana, eu te deixo lá, não tem poblema!- lhe interrompo e me levando indo pegar a chave do carro que estava sobre o sofá.

O caminho foi em um silêncio quase perturbador, ela não dizia oque estava acontecendo e eu não ousava questionar de novo a final seria chato ter alguém que você conheceu a pouco tempo te perguntando sobre sua vida o tempo todo.

Ela tinha me pedido para deixá-la em um endereço em que eu nunca tinha ido, não era a casa dela, mas eu também não a questionei sobre. Nossa entrada foi liberada e logo estávamos dentro do condomínio, cercadas por casas de luxo. Parei em frente a casa em que ela tinha pedido e tudo oque recebi foi um sorriso como agradecimento, e como uma flecha ela sai do carro me deixando mais confusa que antes.

Esperei que abrissem a porta, mais como uma mania que eu tinha de ter cuidado com os outros, e logo que uma morena de cabelos longos abriu eu me pûs a dirigir em direção a saída. Por algum motivo sentia que não veria mais a Ana.

***

OS DIAS SE PASSARAM E DE FATO EU não via mais a Ana a um bom tempo. Andei pesquisando pra... sei lá... Saber se ela corria perigo com aquela mulher, mas tudo oque eu descobri foi que ela era uma ex noiva da Ana, então tive certeza de que não veria a Ana tão cedo, isso se eu ainda a visse.

Enquanto arrumava meu armário percebi que minha camisa favorita não estava lá, também não estava na lavanderia, e então lembrei de que eu tinha deixado no apartamento de Ana da última vez em que fui lá. Fiquei mal, não sei se pela camisa "perdida" ou se pela Ana "perdida".

***

SONHEI COM ANA A NOITE TODA. Ela e eu.

Sonhei com seus lábios. Sonhei com seu toque. Sonhei com seu corpo.

Isso era chamado de desejo ou de saudade?

***

QUANDO ACORDEI, POR UM instante, quis ser outra pessoa ou uma outra versão de mim, talvez uma versão que só se atraísse por homens, uma versão que se sentisse parte do mundo sem apenas está nas margens.

Lembrei que se eu fosse assim eu não teria conhecido a Ana, e ter conhecido a Ana foi a coisa mais legal e mais dolorosa que eu já havia tido.

Decidi que me lastimar por ela ter ficado com a ex dela - coisa que eu nem tinha certeza - não valeria a pena, nem era da minha índole.

Meu novo emprego em uma editora famosa começaria em uma semana e minha vida tinha que tomar rumo até lá, sempre gostei de escrever, mas sabia que escrever com a mente em outro lugar não funcionaria. Então meu foco AGORA não podia ser a Ana ou qualquer coisa que estivesse ligada a ela!

Envolver-Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora