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ERA DOMINGO E EU TINHA FEITO oque eu sabia fazer de melhor, torta de limão. Logo no começo da manhã eu estava com uma sensação estranha, comentei sobre com a Ana e ela disse que poderia ser só uma impressão minha e que viria ficar comigo para que pudéssemos nós distrair.

Minha torta de limão era a favorita da Dona Beth, a idosa nunca foi fã de cozinhar, se perde quando o assunto é cozinha, então ama quando eu vou deixar algum quitute pra ela sem avisar antes. Segundo ela era mais saboroso quando chegava de surpresa.

Falei pra Ana que iria deixar um pedaço de torta na casa da mais velha e Ana se prestou a ir comigo. De um tempo pra cá venho percebendo que a linguagem do amor da Ana é tempo de qualidade, e eu amei a descoberta.

Como era pertinho fomos a pé, conversa o caminho todo e rindo por besteira. Mas logo ao virar a última esquina vi uma ambulância parada na frente da casa de dona Beth, dava pra ver seu Fusca na garagem e os paramédicos já colocavam ela lá dentro. Corri sem pensar muito.

— Pra onde estão levando ela?! Oque foi q aconteceu?!- Perguntei desesperada.

— Peço que se afaste caso não seja da família- Um paramédicos se põe no meio.

— Claro que eu sou da família. A dona Beth é minha família!

— A senhora é parente da paciente?

— Tecnicamente não, mas é como se fosse - me embolo pelo nervosismo.

— Então eu peço que se afaste- ele pede novamente e eu sinto a mão de Ana em meu ombro.

— Pra qual hospital estão levando ela?- Ana pergunta.

Eu nem sequer ouvi oque o homem disso, estava paralisada como se o mundo estivesse acabando. Só voltei a realidade quando senti o cheiro de Ana e percebi que estava soluçando de chorar em seu peito enquanto recebia carinho no cabelo.

— Vai ficar tudo bem, mas você tem que se acalmar para que a gente possa ir até o hospital - Ana pede quase em súplica- Sabe de algum parente dela pra que a gente possa ligar?

— Só um sobrinho-neto dela- Digo em soluços.

Entrego meu celular com o número do rapaz para Ana que logo liga para ele. Em minutos um carro para em nossa frente, Ana me põe lá dentro e entra em seguida. Enquanto ela falava com Ruan eu simplesmente não conseguia reagir, olhava as luzes na rua que me lembravam um emaranhado de pisca pisca colorido, me lembrou que estávamos perto do natal, meu pai era quem sempre organizava os natais lá em casa, mas esse ano ele não estaria e a dona Beth precisava está.

Quando o carro parou nós descemos, mas antes de entrar no hospital Ana me impede segurando meu braço e me fazendo olha-la.

— Você tá em estado de choque e antes precisa se acalmar.

— Tô tentando - soluço baixinho.

— Sempre que pensar em algo me diz, não importa oque seja, promete?

— Prometo- Sorrio fraco e ela me leva pra dentro do hospital me abraçando de lado.

Ruan já estava organizando toda a papelada então me sentei em uma das inúmeras cadeiras desconfortáveis em um tem de Azul-morto, Ana sentou-se ao meu lado.

Durante a espera por notícia acabei cochilando algumas vezes, mas sempre acordava depois de sonhar/lembrar das luzes da ambulância que levará Dona Beth. O resto do pessoal logo chegou, até Diana veio. Estávamos todos visivelmente abatidos e impacientes com a demora.

— Preciso ir vomitar- Diana informa antes de sair pela porta dos fundos do hospital. Não demorou muito e eu também me levantei.

— Vou tomar um ar, esse cheiro de hospital está me sufocando.

— Quer que eu vá com você?- Ana pergunta atenciosa.

— Não precisa, fica aí e me chama qualquer coisa.

Sai pela mesma porta que Diana e logo encontrei a loira olhando para o nada. Me aproximei e tentei focar nos carros que passavam, mas eu não conseguia, tinha que me desculpar por ter sido idiota.

— Me...Me desculpa - Falo e ela me olha- Fui bem idiota naquele dia em que a gente se beijo. Eu estava machucada e descontei em você que nem culpa tinha.

— E agora está bem?

— Bem eu não tô, minha velha favorita tá dentro desse hospital passando por sabe lá Deus oque- Digo calmamente - Mas os assuntos que me machucavam antes já foram resolvidos.

— Que bom- ela sorri - Fico feliz que a Ana esteja te fazendo bem, você merece- ela sorri novamente e sai.

Envolver-Ana CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora