Corpo a corpo

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Observo Ayla passar pela porta de madeira branca de sua casa e permaneço imóvel, com uma mistura de sentimentos me invadindo, parecendo querer me consumir. Suas últimas palavras ecoam em minha mente:

"Quer que eu confie em você novamente?" — além de agora ter certeza de que ela se lembra de mim, não consigo entender o verdadeiro significado por trás dessa pergunta. Em minha memória, sou eu quem se sente enganado, já que ela mentiu para mim no passado, causando feridas que, até hoje, não cicatrizaram completamente.

O reencontro com ela despertou um turbilhão de sentimentos que eu pensava estarem enterrados no passado. Ela foi um amor da adolescência, alguém que marcou profundamente minha vida, mas também alguém que me magoou.

Acordo para a realidade e saio com meu carro, passando pelo portão preto, de ferro. O veículo estacionado do outro lado da rua, me faz pensar em algo, e, por mais arriscado que seja, não consigo ignorar.

Sigo pela mesma rota que trouxe a Ayla, para não levantar suspeitas, mas ao invés de seguir para o meu apartamento, viro à esquerda, percorrendo a rua atrás da casa dela.

— Que hipocrisia, Lorenzo. — murmuro para mim mesmo, reconhecendo o absurdo dessa situação. Eu disse para Ayla que é perigoso perseguir um carro sem saber quem são e aqui estou, fazendo exatamente o oposto do que aconselhei momentos atrás.

Porém, algo em mim, se recusa a ignorar a inquietante sensação de que há mais sobre essas pessoas que estão vigiando ela e quero descobrir o motivo. Pensando nisso, foco minha atenção no caminho, até me encontrar novamente, na rua da casa dela, só que atrás do carro preto que está distante, mais a frente.

Avisto o veículo entrando em movimento e manejo o volante com cuidado, garantindo manter uma distância segura e que meu carro permaneça escondido nas sombras da noite. Não quero que eles percebam minha presença, mas também não posso perdê-los de vista.

Fico atento a cada curva e a cada mudança de direção que eles fazem, certificando-me que não os perderei de vista. A sensação de perigo e adrenalina corre em minhas veias, pois se me notarem, serão dois contra um ou até mais, já que não estou ciente de onde essa perseguição irá me levar.

Enquanto continuo seguindo o carro preto, percebo que estamos indo rumo a uma parte menos movimentada da cidade, onde a atmosfera se torna mais sombria. Minha pulsação acelera, não apenas pela perseguição, mas pela incerteza do que encontrarei.

O carro preto para em frente a um galpão abandonado, isolado e esquecido. Em meio a escuridão da noite, posso distinguir as luzes traseiras do veículo à frente e a entrada do galpão. Meus sentidos estão aguçados, e cada ruído sutil parece ecoar mais alto do que o normal.

Estaciono meu carro a uma certa distância, desligo os faróis e logo em seguida o motor, para evitar fazer qualquer barulho que possa me trair. A adrenalina ainda corre em minhas veias, mas mantenho a mente focada e em alerta.

Decepções e as Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora