Galáxias Azuis

Capítulo 10 - Meias verdades

Bella

Três dias antes

Eu tinha que admitir.

Talvez eu estivesse passando um pouco do ponto.

Essa minha obsessão pela Infeliz já estava indo um pouco longe demais.

Desde que ela voltou do mundo invertido, eu não saía mais do Roni's, vivia na terra da fantasia quando estava na faculdade e ficava desconversando sempre que a Vero me perguntava o que estava acontecendo comigo.

Eu sabia que, por culpa da Infeliz, o fato de ter sido abandonada no altar deixou certos traumas e por isso mesmo que essa obsessão estava se tornando perigosa, e eu tinha que reconhecer que estar tão envolvida na realização da cerimônia e festa de casamento do meu irmão ativou certos gatilhos que achei ter superado...

Estava deitada tentando colocar a cabeça em ordem quando a minha campainha tocou e me levantei um pouco irritada pela interrupção indesejada.

Eu gostaria de entender o motivo de se existir um porteiro nesse prédio.

Sério mesmo!

Porque ele deixava literalmente qualquer um subir...

Assim que abri a porta, senti o sangue sendo drenado do meu rosto ao ver quem estava ali.

— A Vero acabou de sair pra UNB — o informei hesitante e um pouco confusa com sua presença.

Deus, eu evitei esse encontro a todo custo e olha onde eu estava agora?!

— Eu sei, estava esperando ela sair — Miguel respondeu sério. — Me desculpe por aparecer sem avisar, mas eu acredito que nós precisamos ter uma conversa, Isabella.

Bem...

Merda!

Eu assenti e dei passagem para ele entrar, depois lentamente fechei a porta e apontei para o sofá, todo o tempo com meus pensamentos a mil por hora, sobre o que exatamente ele gostaria de conversar.

Quem eu estava tentando enganar?

Era claro que ele queria falar sobre o elefante na sala.

— Eu só quero entender o porquê de você ficar vigiando a minha irmã como quem está atrás de uma presa — começou calmo depois de respirar fundo, mas seus olhos escuros me diziam que aquele não era nem de perto seu atual estado de espírito. — E por favor, nem se dê ao trabalho de negar, porque em diversas ocasiões eu te vi tentando se aproximar ou a observando de longe, e recentemente chegou ao meu conhecimento que até o Nico você esteve sondando.

Ele sabia! Ele sabia! Ele sabia, Universo!

E agora?

— Eu não sei do que você está falando Miguel, ou eu deveria te chamar de Luiz? — me esquivei do assunto.

— Só quem me chama de Luiz é a Lexa.

— Engraçado que nessa família, vocês têm a mania de mudar de nome, né? — me permiti ironizar um pouco e ele franziu o cenho parecendo não entender o que eu disse.

— Eu não vou tomar muito do seu tempo. — Ignorou o meu comentário. — Só quero te dizer uma coisa. — Seu tom de voz era ameaçador? — Não tem nada nesse mundo que me impeça de voltar aqui e te colocar no teu devido lugar, se o que quer que você esteja buscando realizar, causar algum dano a minha família.

Pronto!

Falou o que não devia!

— Acho que você está confundindo o verdadeiro vilão dessa história, Miguel.