Capítulo 7 - Sutileza, universo. Su-ti-le-za!

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Bella

— Mamãe, eu tô cansado! A gente ainda vai demorar muito aqui?

Mamãe...

Quantas surpresas mais essa mulher escondia, Universo?

Por Deus!

Toda vez que ela aparecia, eu terminava descobrindo algo novo a seu respeito, como o fato de que ela agora era uma "pianista profissional", ou que ao menos bissexual ela era, ou ainda que nos últimos seis anos ela aprendeu a dançar lindamente e agora ela me aparecia com um filho.

Do nada.

Bom, pelo menos essa deveria ser a explicação para seus sumiços prolongados.

Honestamente, mesmo que ele não a tivesse chamado de "mamãe", eu não teria dúvidas de que o garoto era filho dela porque ele não negava a genética que tinha, sendo praticamente uma cópia dela em miniatura e versão masculina. A mesma pele pálida, capelos pretos, olhos castanhos tão escuros quanto os dela e as mesmas covinhas.

— Hey, baby! — ela disse para o garotinho que também puxava uma bagagem de mão. — I'm sorry, but yeah! We'll be here for a while 'cause this is gonna take some time. (Sinto muito, mas sim! Nós ficaremos aqui por algum tempo porque isso levará algum tempo.)

"Baby"?

Era com ele que a Lexa estava falando aquele dia?

— Mamãe, essa semana é português! — o outro falou e só agora pude perceber que ele tinha um sotaque americano carregado, deixando claro que ele não era daqui.

— Hoje é segunda, né? — Ela massageou uma das têmporas com uma careta, mostrando seu cansaço e o garoto assentiu.

Bom, não era para menos. Pelo que entendi, ela acabou de chegar de uma viagem de avião de algum lugar, provavelmente de fora do país, o que são pelo menos algumas horas, e teve que vir direto para cá...

— Ok, Papito, me desculpa. Eu prometo que quando nós finalmente chegarmos em casa, eu peço umas dez pizzas e a gente pode passar a noite toda jogando o que você quiser, tudo bem? — O menino sorriu com sua sugestão, mas ficou pensativo logo em seguida. — O que foi agora?

— A mamá não vai brigar com a gente?

— Se nós não contarmos, não tem como ela descobrir, tem? — Os dois sorriram travessos um para o outro e estranhamente a ação os deixou ainda mais parecidos. — Agora, deixa a mamãe cuidar disso aqui e fica quietinho, por favor. Ah! Tem um teclado lá no canto se você quiser tocar. — Ela voltou seu olhar para a secretária que esteve na porta esse tempo todo. — Bruna, será que você pode ligar pro Caio e pedir pra ele trazer o meu carro aqui, por favor? — A ruiva assentiu e deixou a sala, fechando a porta atrás de si. — Agora vamos ver o que temos aqui. — Sorriu para nós, antes de pegar uns documentos na mesa, provavelmente o contrato do meu irmão.

Enquanto ela analisava os papéis, seu filho foi até o instrumento musical no final da sala e começou a tocar, mesmo que com alguns erros, a música "Nesta Noite O Amor Chegou" do filme "O Rei Leão" e ela parou momentaneamente o que fazia para abrir uma gaveta lateral, puxar um fone de ouvido de dentro e ir plugar o objeto no teclado, antes de colocar o fone na cabeça do menino e voltar a inspecionar os documentos.

Era claro que o garoto tinha que tocar piano igual a ela e o tio.

Será que todo mundo nessa família era talentoso?

O que eu falei sobre sutileza, Universo?

— Bom, pelo que eu vi aqui, o senhor e a sua noiva fizeram o ensaio pré-wedding há três meses e a cerimônia de casamento será realizada no domingo à noite, certo? — Meu irmão assentiu. — Só falta acertar os últimos detalhes antes da montagem do equipamento necessário no local... — Ela ia lendo as informações no contrato enquanto falava. — Conforme o que foi acordado. E vocês trouxeram as fotos do lugar e a planta do salão de festas, que o Marcos pediu?

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora