Capítulo 20 - Crepúsculo, cicatriz e pedido

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Bella

Senti meus olhos queimarem assim que os abri por conta da claridade, me acostumando aos poucos com a luz e piscando algumas vezes no processo, até gradualmente conseguir enxergar a Lexa dormindo tranquilamente de bruços, com o rosto virado para o lado oposto ao que eu estava, com o lençol cobrindo apenas da sua cintura pra baixo. Suas costas mostravam os arranhões que eu causei na noite anterior, mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de não haver uma simples mancha ou pinta em toda a extensão de sua pele exposta, já que eu tenho certeza que deveria ter um sinal de nascença um pouco grande nas suas omoplatas do lado esquerdo.

Será que ela tirou o sinal, Universo?

— Você sabia que é de conhecimento comum que ficar velando o sono dos outros é macabro? — sua voz, ainda mais rouca que o comum, preencheu o ambiente me assustando, já que eu não tinha percebido que ela estava acordada, já que estava de costas para mim.

— Bom dia — eu desejei corada por ter sido pega no flagra.

— Argh! Esses quartos são lindos durante a noite, mas na manhã seguinte não existe retina que sobreviva — se queixou e eu sorri de lado, constatando que o mau-humor matinal dela continuou intacto durante todos esses anos. — Bom dia — disse após se virar para mim, me encarando com as orbes clarinhas, em um momento raro onde seus olhos pareciam mais castanhos do que negros, graças à luz do sol. — Eu até te beijaria mais como nós dormimos sem escovar os dentes, tenho certeza que criaríamos uma nova espécie de peste. — Se sentou cobrindo os seios com o lençol e eu ri de seu comentário.

Nós enrolamos mais um pouco até a claridade ficar insuportável de aguentar e voltamos para a casa que vi ontem, parando rapidamente para pegar duas mochilas no porta-malas do carro. Eu notei sem muito esforço ao entrar na casa, que era tudo muito aconchegante, com aquela sensação de casa de vó, sendo simples e espaçosa na medida certa.

— No final daquele corredor... — a Lexa disse atraindo minha atenção, apontando na direção do corredor que falava e me entregou uma das mochilas. — Fica o meu quarto e na mochila tem tudo o que você pode precisar se você quiser tomar banho. — Pegou a outra mochila e foi para a porta em frente ao do quarto dela. — Eu vou ficar descente de novo, mas pode ficar à vontade. — Assenti, vendo ela entrar no quarto. — Ah, mais tarde, se você quiser, nós podemos ir na cachoeira que tem dentro da fazenda, tem um biquíni dentro da mochila.

— Ok.

Escutei o barulho de um chuveiro sendo ligado e resolvi seguir a mesma ideia, entrando no quarto que ela me indicou e tomei um banho rápido, repassando toda a noite que tivemos em meus pensamentos.

Ela foi tão carinhosa e gentil comigo, principalmente quando o nervosismo me venceu e ela me passou toda a segurança do mundo, e depois esteve a todo momento atenta a como o meu corpo reagia a ela, aprendendo e memorizando tudo o que eu gostava pelas respostas que tinha de mim e do meu corpo. Também não posso deixar de relembrar todas as vezes em que ela me presenteou com aquele sorriso safado de lado.

Sem sombra de dúvida foi a melhor noite da minha vida e eu nunca tive dois orgasmos seguidos na companhia de outra pessoa, com um intervalo tão curto entre eles, já que a única pessoa com quem estive antes foi o Gabriel e digamos que ele não era muito empenhado em me fazer chegar lá.

Me surpreendeu ver que as coisas na mochila eram minhas, até mesmo o biquíni que eu resolvi vestir, com um short jeans claro e uma camisa azul-marinho simples por cima. Quando terminei de me arrumar, voltei para a sala onde encontrei a Lexa com um look muito parecido com o meu, mas suas madeixas negras estavam presas em um rabo de cavalo, diferente de mim que deixei meu cabelo solto para secar mais rápido.

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