Capítulo 18 - Galáxias azuis

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Bella

Acordei com a Lexa grudada ao meu corpo de conchinha com o braço em volta da minha cintura e tentei me separar dela, mas só obtive um resmungo quase inaudível em resposta e um aperto mais forte na minha cintura, antes dela me puxar mais ainda para si e enfiar o rosto entre meus cabelos até alcançar o meu pescoço. Sua respiração na minha pele estava causando arrepios, por isso resolvi acordar a morena.

— Lexa, acorda. — Ela se mexeu brevemente, me indicando que ela ouviu, mas não fez mais nada. — Lexa, acorda, vai.

— Mhm.

— Lexa...

— Volta a dormir, Bella, por favor, hoje é sábado, você não precisa estar em lugar nenhum. — Sua voz estava mais rouca do que normalmente já era e juntando ao fato dela estar sussurrando...

Eu não tava bem, Universo!

Olhei o relógio na mesa de cabeceira e vi que já se passava das 11 horas da manhã.

— Já é quase hora do almoço.

— Mhm. — Acabei rindo de sua preguiça.

— Lexa!

— Tá bom, tá bom, já acordei — ela falou soltando minha cintura e se sentando na cama, começando a esfregar os olhos como uma criança. — Viu? — apenas ri dela. — Ontem você me disse que queria fazer amor comigo ou foi só um sonho meu? — perguntou do nada e eu corei respondendo sua pergunta involuntariamente. — Então é verdade? — disse sorrindo de lado sedutora, antes de começar a engatinhar por cima de mim até alcançar o meu rosto. — Você não sabe quantas vezes eu imaginei isso acontecendo ao longo dessas últimas semanas. — Arrastou o nariz pelo meu pescoço e eu inconscientemente inclinei a cabeça para o lado em busca de mais contato. — Mas eu quero que a nossa primeira vez juntas seja especial. — Ela me deu um selinho e saiu de cima de mim. — Vamos tomar café? — eu resmunguei pela separação e ela riu.

— Vamos sim — eu murmurei a contragosto.

Fizemos nossa higiene, descemos e tomamos café da manhã juntas entre carícias, beijos e brincadeiras, antes de voltarmos para o quarto e assistir outro filme da Adriana Ugarte, a atriz espanhola por quem a Lexa era apaixonada, cobertas por conta do frio que fazia e o ar-condicionado que ela não quis diminuir, argumentando que assim ficava mais gostoso de ficar embaixo das cobertas.

Pra mim era só uma desculpa dela pra ficar agarrada ao meu corpo, exatamente como ela estava agora...

— Você quer sair hoje? — ela perguntou baixinho.

— Claro, pra onde?

— Um lugar especial, perfeito para uma noite especial — ela sussurrou arrastando o nariz pelo meu ouvido.

— Ok, e tem alguma coisa nesse lugar que esteja relacionado com estrelas?

— Não seria eu se não tivesse, Bella — respondeu óbvia, me fazendo rir.

— Eu ainda não entendo essa sua fixação por estrelas, mas tenho que admitir que é um charme.

— Faz parte do pacote, mas você vê, agora que essa morena bonita de olhos azuis... — apertou a minha cintura para dar ênfase. — Apareceu na minha efêmera existência, eu divido essa fixação entre as estrelas e essas lindas galáxias azuis que você chama de olhos.

— Meu Deus! Começamos cedo hoje, hein? — Ela riu e voltamos a nossa atenção para o filme.

[...]

Voltei pra minha casa depois do filme, por volta das duas da tarde e supus que a Vero estivesse passando o final de semana com o Miguel novamente, já que não havia sinal dela em lugar nenhum, nem mesmo no Whatsapp. Passei o dia resolvendo algumas coisas sem importância e no início da noite resolvi me preparar para o tal lugar especial, fazendo uma maquiagem ressaltando meus olhos já que a Lexa gostava tanto deles, coloquei um vestido preto colado de mangas longas, um salto simples e resolvi deixar meu cabelo solto mesmo.

Por volta das sete, ela me mandou uma mensagem, informando que havia chegado e tratei logo de descer, encontrando a morena trajando uma calça social e cropped azul-marinho, calçando um oxford preto e com os cabelos presos em um coque bagunçado, encostada em um jeep moderno do outro lado da rua.

— Ei, onde tá o Porsche? — perguntei depois de selar nossos lábios.

— Ele não teria muita utilidade no caminho para onde vamos e eu não faria uma maldade dessas com o meu bichinho — Lexa falou misteriosa enquanto abria a porta do carro para mim e me ajudou a subir, antes de dar a volta e entrar no carro. — Aliás, você tá linda, como sempre.

— Essa roupa tá boa pra onde você tá me levando?

— Você está perfeita, Becca. — Deu partida e saiu com o carro. — Acho que até vestida de mendigo você ainda seria perfeita.

Clichê...

— Já vai começar? — Ela sorriu e colocou jazz pra tocar baixinho, ficamos em um silêncio confortável até eu notar que ela estava saindo do DF.

— Agora você vai me falar pra onde a gente tá indo?

— Assim não tem graça, mas tudo bem. Uma propriedade rural que meu pai tem no entorno, um pouco depois de Valparaíso e é só essa informação que vou te dar.

E realmente não entrou em mais detalhes.

Em determinado momento ela entrou em uma estrada de terra e eu entendi o porquê do Porsche não ter utilidade pra esse trajeto. Algum tempo depois, nós finalmente ultrapassamos um portão automático e entramos no lugar, logo percebendo que a "propriedade" era, na verdade, uma fazenda enorme só pelo tempo que o carro levou para se aproximar de uma casa de campo, linda aliás.

Um homem se aproximou e nos cumprimentou brevemente, antes de entregar uma chave a ela e sair em direção a parte de trás da casa.

— Vamos? — Lexa me estendeu a mão, desviando a minha atenção do caminho que o homem fez.

— A gente não vai ficar aqui? — peguei sua mão entrelaçando nossos dedos e começamos a caminhar.

— Talvez amanhã.

Nós andamos por uns minutos em um caminho de pedras, que entrava no meio das maiores árvores da propriedade, que pareciam ter sido plantadas juntas, talvez com o propósito de formar uma pequena floresta. Depois de algum tempo caminhando, uma pequena clareira começou a surgir entre as árvores, para onde o caminho iluminado estava nos levando e quando finalmente chegamos, eu não podia acreditar no que os meus olhos estavam vendo.

— Você já deve ter ouvido falar no conceito desse lugar, certo? — ela perguntou enquanto nos aproximávamos.

Era uma espécie de bolha gigante de vidro com um quarto mobiliado dentro, localizada no centro da clareira com vista para as estrelas, exatamente como aquelas que aparecem no Pinterest.

— Sim, e é mais lindo ao vivo! — ela abriu a porta com a chave que o homem lhe deu mais cedo, antes de entrarmos e ela me abraçar por trás, enquanto eu admirava o espaço.

— Vou te fazer minha sob a luz das estrelas.

Olha só o fetiche dela, Universo! 

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora