Capítulo 4 - Só podia ser brincadeira, né Universo?

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Bella

Bom, aparentemente a mulher se tornou uma completa imbecil.

Não que eu tivesse qualquer expectativa positiva com relação a ela depois do que fez comigo, mas ainda assim, eu realmente me surpreendi.

Deixando de lado sua falta de educação, a interação dela com o garçom me rendeu algumas informações interessantes.

A primeira delas era que a adolescente puritana que eu conheci se tornou uma promíscua e a segunda era que ela tinha uma família em algum lugar, e se ela fosse realmente casada, ela traía o marido com o tal Mateus e sabe-se Deus com quem mais. Eu também perguntei por ela no Roni's e as pessoas que trabalham lá só confirmaram o que eu já sabia, que ela e o dono eram amigos e que o irmão dela se apresentava semanalmente e não entraram em detalhes.

Pelo visto, ela ainda era uma pessoa extremamente reservada.

— Bom dia, Branquela! — Vero disse amimada invadindo meu quarto e acendendo a luz, me fazendo gemer pela claridade em meus olhos. — Eu tenho algo muito importante para te falar. — Ela pulou ao meu lado na cama e por um momento eu realmente acreditei que ela diria algo sério. — Tu precisa levantar dessa cama e ir preparar alguma coisa pra eu almoçar ou você vai acabar me deixando morrer por intoxicação alimentar, se eu tiver que comer da minha própria comida mais uma vez.

— Você tá brincando comigo, né Baixinha?

— Não, Bella, por Deus! Faz duas semanas que tu não para dentro de casa. — Ela se levantou indo até à porta. — Daqui a pouco, eu vou ter que te denunciar por abandono de incapaz. — Acabei rindo de seu drama. — Bora, guria, que eu tô falando sério aqui!

— Tô indo já.

Depois que os dois desgraçados fugiram e sumiram do mapa, eu tranquei a faculdade e passei alguns anos em Sete Lagoas, Minas Gerais, em uma propriedade rural de alguns parentes e praticamente cortei o contato com todos os meus amigos e conhecidos da época.

E fiquei assim até que minha avó me obrigou a voltar para a realidade e foi assim que eu conheci essa gaúcha, negra de pele clara, baixinha, de cachos tão rebeldes quanto ela, quando comecei a cursar Arquitetura e Urbanismo na UNB. Na época ela era recém-chegada a Brasília e estava procurando um lugar pra morar e, como nossa conexão foi imediata, eu a convidei pra morar comigo. Foi a presença dela na minha vida que não me deixou cair em uma depressão profunda anos após aquela desgraça.

Mesmo que às vezes eu queira esganá-la, minha vida não seria a mesma sem ela.

Eu nunca tive coragem de contar pra ela sobre a Maria e o Gabriel, e toda aquela sujeira. Em parte, porque ainda sentia vergonha da humilhação que eu passei e em parte porque conhecendo a minha amiga, ela nunca concordaria com o meu desejo de vingança.

[...]

Durante todo o mês seguinte, eu voltei praticamente todos os dias ao Roni's na esperança de encontrar ela novamente, mas não tive sorte.

A mulher provavelmente foi atrás da família que ela citou aquele dia.

Nesse meio tempo, eu também evitei a tudo custo conhecer o tal Luiz, mesmo sob protestos e insistência da minha amiga, que claramente estranhou o meu comportamento, mas que por algum motivo, escolheu deixar o assunto de lado por enquanto, assim como o fato de eu estar mais introvertida e dispersa nas últimas semanas, desde que a "Lexa" voltou do mundo invertido.

— Gente, quem é que vai ficar responsável pelas fotos? — Vero questionou do meu lado, interrompendo minhas divagações internas e trazendo minha atenção de volta a realidade.

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora