Capítulo 13 - Praticamente um clichê ambulante

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Bella

Anteriormente

— Vai me contar o que tu quer com essa aproximação com a Lexa, ou eu vou ter que descobrir sozinha?

É claro que eu desconversei, sei que ela estava desconfiada, porém, eu conhecia a minha amiga bem o suficiente pra saber que no momento em que eu revelasse as minhas verdadeiras intenções, ela iria me impedir e talvez até contar tudo o que eu planejava pro Miguel e pra Lexa, e sabe-se Deus o que eles fariam porque até ameaçada eu já fui. E falando no diabo, acho que consegui a confiança dela ontem, já que a Infeliz me convidou pra ir jantar e assistir um filme na casa dela, que, aliás, era exatamente pra onde eu estava indo nesse momento.

Cheguei no seu prédio por volta das oito da noite e o porteiro, que já estava informado da minha chegada, liberou o meu acesso rapidamente depois de me informar o andar dela. Ao chegar, toquei a campainha e demorou uns dois minutos para a Lexa abrir a porta descalça e vestindo um cropped preto, calça social cinza-escuro cintura-alta, com o cinto no mesmo tecido da calça, seus longos cabelos negros estavam soltos e pela primeira vez desde que eu a reencontrei, ela estava usando óculos.

Ela voltou tão mudada que eu até esqueci que ela no passado era todo o estereótipo de nerd, até nos óculos...

— Hey! — me abraçou e beijou minha bochecha, se demorando mais do que o considerado normal para um abraço de um amigo durar. — Seja bem-vinda! — me deu passagem para entrar.

— Seu apartamento é lindo! — comentei olhando admirada ao redor.

Realmente era incrível!

Pelo que eu pude ver do primeiro piso, era um loft, todo em conceito aberto, daqueles industriais mesmo, com a decoração em cores escuras e neutras, mesmo sendo um conceito moderno, o ambiente ainda era elegante de alguma forma, lembrando muito a Lexa em cada canto. Existia um espaço parecendo ter mais detalhes e empenho na decoração do que o resto do lugar, onde havia um piano e alguns instrumentos de corda pendurados na parede, assim como uma estante com vários equipamentos fotográficos e outra lotada de livros. Eu também não pude deixar de notar que havia algumas caixas amontoadas pelo lugar.

— Adorei os óculos, aliás. — Ela sorriu e arrumou os óculos com um gesto tímido que me lembrou a adolescente que conheci.

Eu não sei se isso faz sentido, mas os óculos davam um charme a mais a ela, tornando sua imagem mais humana, sei lá, menos intimidadora.

Era de certo modo reconfortante saber que a Maria ainda estava ali em algum lugar.

— Obrigada e fica à vontade! — pediu e me sentei em um dos bancos da bancada ficando de frente pra ela, que começou a lavar umas poucas peças de louça suja na pia. — Eu só vou terminar de lavar isso aqui e daqui a pouco a pizza vai ficar pronta.

— Quando você falou que iria fazer pizza, eu pensei que era tipo tirar de uma caixa e colocar no forno e não que você realmente faria a pizza — eu comentei e ela me olhou por cima do ombro com certo divertimento.

— Admito que queria te impressionar.

Ela não estava dando em cima de mim não, né Universo?

— Bom, você conseguiu. — A Lexa sorriu novamente.

Ela tinha um sorriso lindo.

— Você tá se mudando? — apontei para algumas das caixas pelo lugar.

— Esse apartamento é um arranjo provisório e não tenho intenção de mexer nessas caixas tão cedo. — Ela finalizou a lavagem da louça e secou as mãos com um pano de prato que estava por ali. — E sobre estar se mudando, eu realmente não sei, porque, ao mesmo tempo que quero comprar uma casa pra proporcionar um ambiente mais seguro e confortável pro Nico quando ele vier ficar comigo, eu não sei ao certo quanto tempo mais eu vou realmente viver no Brasil. De qualquer modo... — ela abriu os braços no espaço com o piano e as outras coisas. — Tudo o que eu realmente preciso pra sobreviver está aqui: um piano, um violão, um ukulele, minhas câmeras, livros de romance e poesia, e por último, mas não menos importante, um lugar confortável para ver as estrelas.

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora