Capítulo 2 - Eu vou me vingar de você

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Bella

Foda-se Universo!

Era ela!

Mesmo sem coragem para me virar, tinha certeza de que era Maria.

A voz rouca, baixa e inconfundível que atormentou meus pensamentos por anos, não me permitiu duvidar.

Meu corpo congelou no lugar, minhas mãos estavam suando e tremendo, meu estômago embrulhou e tinha certeza de que todo o sangue foi drenado do meu rosto, que deveria estar mais pálido do que o normal, somente pelo olhar que a Vero estava me dando.

Mas nada disso importava nesse momento.

A pessoa que eu jurei nunca mais compartilhar o mesmo ambiente estava atrás de mim, fazendo com que meu peito fosse tomado pelos mesmos sentimentos ruins que vinha tentando me livrar desde aquele fatídico dia.

A raiva, o nojo, o ódio, o desprezo...

Estava tudo de volta somente por escutar o som da voz dela.

— Já não bastasse a humilhação que você me fez passar ontem? Nem de ressaca você me deixa em paz? — ela deu continuidade as suas queixas, alheia à tempestade que sua voz causava no meu interior.

— Eu não tenho culpa se você resolveu beber aquele drink — o tal Caio respondeu revirando os olhos.

— Foi você que me deu, pelo amor de Deus! — a voz dela soou exasperada.

— Mas eu não tinha como saber que você ia vomitar tudo em cima daquele cara! — o homem retrucou tentando segurar o riso e falhando miseravelmente na minha opinião.

— Caio... — fui capaz de escutar uma respiração profunda, antes dela continuar. — Você me chamou aqui pra ficar rindo da minha cara? — A irritação e impaciência era notável pela sua voz, já que ela ainda não estava em meu campo de visão. — Diga de uma vez o que quer!

Eu continuava em transe, perdida em memórias amargas que invadiam meus pensamentos a cada palavra que saía de sua boca, sem que eu tivesse controle algum sobre isso. Tudo à minha volta parecia ter parado e meu único desejo racional nesse momento era sumir, ainda desacreditada que depois de tanto tempo aquela mulher retornou do inferno para me atormentar.

— Tá tudo bem? — Vero questionou baixinho, olhando preocupada para mim, que só assenti tendo uma vaga noção do que ela falou, ainda dispersa.

— Lexa... — ele a chamou impaciente e eu franzi o cenho.

Lexa?

Esse não é o nome dela.

— Eu preciso da sua ajuda, nós estamos funcionando com menos da metade do quadro de funcionários essa noite, não é o suficiente para... — O celular dele começou a tocar interrompendo seu argumento. — Eu preciso atender, cuida dessa mesa pra mim, por favor. — Entregou o tablet para ela, desatou o avental que estava usando o entregando pra ela também e saiu em seguida.

Nesse instante, eu prendi a respiração e meu coração disparou enquanto observava lentamente a mulher entrando em meu campo de visão, logo percebendo as diferenças visuais entre a jovem do meu passado e a mulher na minha frente.

Ela ganhou uma quantidade substancial de massa, não ao ponto de ficar estranho, mas levemente atlético e bonito, e os cabelos negros estavam mais longos e volumosos do que antes, seus característicos olhos castanhos escuros, que nesse ambiente mal iluminado pareciam totalmente negros, ganharam uma intensidade e mistério que fazia você querer saber mais sobre ela inconscientemente...

Independente disso, ainda era a mesma pessoa que destruiu a minha vida.

Lexa ou Maria, ou o que quer que seja, suspirou alto parecendo tentar manter seu temperamento sob controle, olhou para o tablet nas mãos e passou brevemente o olhar por nós duas sem esboçar reação alguma.

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora