Galáxias Azuis

Capítulo 33 - O quão nostálgico é esse momento?

Bella

— Vá embora da minha vida.

E é isso, Universo.

Essa foi a última vez que a vi.

Cinco anos se passaram desde então.

Depois que o pai dela faleceu cerca de duas semanas depois de me mandar embora, ela voltou pros Estados Unidos e algum tempo depois a Luíza também e a última coisa que eu soube dela pelo Miguel, foi que ela conseguiu infiltrar a fulaninha no esquema de desvios de dinheiro da empresa dela e cerca de três anos atrás, todos os responsáveis foram descobertos e levados a justiça. Tirando isso, nesses quatro anos eu não tive notícia alguma dela, todo mundo sempre evitava citar o nome dela na minha presença.

A Vero, depois de algum tempo, voltou a falar comigo depois de eu ter invadido o apartamento dela e do Miguel, suplicando pra ela me perdoar e dizendo que eu não poderia perder a única amiga que eu ainda tinha. Ela disse que no final do dia eu já estava pagando pelos meus erros com a ausência da Lexa e com a minha própria consciência.

E hoje, cinco anos depois, sentada aqui em um canto escuro do Roni's, em uma sexta-feira a noite, depois de uma semana de trabalho longa e atarefada, a menos de uma semana de distância do casamento da minha melhor amiga, onde eu serei a madrinha e a Lexa será o "padrinho", as palavras da Vero continuavam se provando mais do que verdadeiras.

Eu ainda amava a Lexa com a mesma intensidade e não houve sequer uma noite em que eu deitei minha cabeça no travesseiro para dormir e meus pensamentos não foram tomados por arrependimento, auto aversão e todas as memórias que fizemos juntas. O simples fato de ter sido com ela, foi o que fez cada um dos nossos momentos juntas tão eternos pra mim. O nosso primeiro beijo, a primeira vez que ela me chamou de "amor" e o poder que essa palavra tinha sobre mim todas às vezes que deixava seus lábios, o piquenique sob as "estrelas", quando ela "me fez dela sob as estrelas", o pedido de namoro, o primeiro "eu te amo"...

Cada um desses momentos foi tatuado na minha alma e hoje eu não sei o que fazer comigo mesma por causa deles.

Ainda mais com a possibilidade dela aparecer a qualquer momento e nosso inevitável encontro.

— Você precisa sair dessa, Bella — a Vero disse ao se sentar na mesa na minha frente e eu simplesmente rolei os olhos antes de voltar a minha atenção para a vista da ponte JK iluminada, pela janela ao lado da minha mesa. — Olha, se tu acha que não vai conseguir ou é demais pra você, não precisa fazer isso, eu posso dá um jeito, sei lá, pedir pra Luíza ser a madrinha.

— Não, Vero — eu refutei de imediato e olhei pra ela. — É uma honra ter sido escolhida por você pra ser madrinha do seu casamento, e eu não me perdoaria se estragasse um momento que é tão especial pra você por causa dos meus dramas pessoais. — Eu suspirei e sorri triste. — Eu só não sei se meu coração vai sobreviver a ficar no mesmo ambiente que ela, depois de tudo o que eu fiz e com tudo o que eu ainda sinto por ela. — Ela olhou pra mim com pena e eu suspirei mais uma vez. — Não é como se eu tivesse esperança que a gente possa voltar a ficar juntas, mas ainda dói do mesmo jeito, sabe?

— Branquela, eu sinceramente nem sei o que te falar pra tentar levantar seu ânimo, mas se eu fosse você, eu aproveitaria a oportunidade dela estar aqui e falaria com ela.

— Você já pensou na possibilidade dela não querer falar comigo?

— Você e eu sabemos que ela e todos os membros da família dela são muito educados pra fazerem uma coisa dessas — eu tive que assentir em concordância com suas palavras. — É sério, Bella. Tanto você, quanto ela, precisam de algum tipo de encerramento, e eu tenho certeza que vai fazer bem pra vocês e tu vai poder seguir com a sua vida.