Capítulo 28 - Eu não me arrependo

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Lexa

Exausta.

Essa era a palavra que definia meu estado emocional e físico nesse momento da minha vida.

O mundo resolveu que queria desmoronar sobre a minha cabeça, todo de uma vez, e eu não era nem de longe forte o suficiente para segurá-lo, apesar que todos estivessem esperando que eu fizesse isso. A doença do meu pai, a empresa, os meus demônios do passado, as crises de ansiedade e agora o meu filho...

O Nico era a única coisa boa que resultou de toda aquela desgraça e no dia em que eu o segurei em meus braços pela primeira vez, eu prometi que ele teria a melhor vida que eu poderia lhe proporcionar e agora eu deixei que o caos em que eu estava metida desestabilizasse a única pessoa que não poderia ser afetada. Tudo o que eu queria era que ele tivesse uma infância tranquila e feliz e agora eu era a única razão por ele estar sofrendo.

A maioria das pessoas via a ansiedade como frescura e aquelas que reconheciam isso como uma doença, tinham um entendimento extremamente superficial e raso sobre a coisa toda e só quem realmente tinha que conviver com essa doença todos os dias sabia o quanto ela impactava e ditava as nossas vidas. Meus relacionamentos, tanto namoro quanto amizades, as decisões que tomava na minha própria carreira, principalmente as decisões sobre a minha vida pessoal, até mesmo o lugar que eu escolhia para almoçar... Toda a minha vida tinha que ser pensada em como a ansiedade iria influenciar as consequências das minhas decisões, em maior ou menor grau, mas eu sabia que ela sempre estava ali como plano de fundo...

E essa simplesmente não era uma vida que eu queria pro meu filho.

Ele não fez nada pra merecer isso e eu não podia deixar isso acontecer.

Eu não dormia direito há uma semana desde que eu escutei a Sara dizendo com todas as letras que o Nico estava desenvolvendo um quadro de ansiedade e que se nós duas não tomássemos uma atitude agora, o diagnóstico seria definitivo.

Olhei para as estrelas mais uma vez de onde eu estava deitada na rede da varanda da minha casa, e me questionei se a vida que eu escolhi dar para o meu filho era a mesma vida que ela...

— Lexa? — A voz da minha namorada interrompeu minhas divagações, vinda de algum lugar dentro da casa.

— Aqui, linda — disse alto e ela logo apareceu na porta da varanda. — Vem cá. — Eu me sentei na rede e ela veio se sentar atrás de mim, com mais alguns ajustes, nós ficamos na nossa posição preferida, comigo deitada de costas parcialmente em cima dela, enquanto nós duas encaramos o céu estrelado. — Como foi o trabalho?

— Tirando o fato da Vero ter ameaçado um dos clientes de processar ele por assédio, o meu dia transcorreu praticamente o mesmo. E você? Eu até estranhei chegar aqui e não te encontrar no escritório. — Ela começou a passar as unhas pelo meu couro cabeludo enquanto falava e eu suspirei.

— A Sara terminou tudo mais cedo e disse que eu precisava descaçar.

— E ela está certa, Lex. Você mais do que ninguém precisa fazer uma pausa de toda essa loucura.

— Eu sei — eu disse e a gente permaneceu em silêncio.

Honestamente, eu não sabia o que seria de mim sem a Bella na minha vida. Ela chegou na segunda pior fase da minha vida e a cada dia que nós passamos juntas, ela me provava o quanto me amava e se importava comigo. Era engraçado que no início do nosso relacionamento ela era muito fechada e tinha alguns momentos que ela ficava oscilando entre ser totalmente entregue em uns e mais fria e comedida em outros, como se estivesse travando alguma batalha interna dentro de si, mas desde o nosso primeiro "eu te amo" naquela cabana, ela era tão ou mais entregue e empenhada nesse relacionamento do que eu.

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora