Capítulo 15

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O pleito de junho de 2005 no Irã elegeu o candidato conservador, que atingiu 61,7% dos votos válidos no segundo turno. O novo mandatário foi empossado em três de agosto. Logo, ele passou a reverter as reformas progressistas do governo anterior.

Aziz-Reza Asadi e boa parte da cúpula militar foram destituídos. Nas semanas seguintes, ele foi convocado aos tribunais militares para esclarecimentos. Pesavam sobre eles várias suspeitas, a mais importante relacionava-se a desvios de somas em dinheiro vivo referentes a venda de armas para grupos paramilitares. A averiguação dos fatos poderia ser demorada. Entrementes, recebeu ordem de respeitar a quarentena institucional, a qual incluía recusar ofertas de emprego no setor privado, declarar todos os seus bens e qualquer movimentação financeira no período, assim como conflitos de interesse que tivesse. Deveria, ainda, solicitar permissão às autoridades para deixar Teerã, caso necessário. As viagens ao exterior estavam proibidas por tempo indeterminado. "Razoavelmente dentro do previsto", pensava Asadi, com certo alívio, imaginando que, com alguma sorte, poderia estar livre da maioria das restrições dentro de seis a doze meses. Ele ocupava seu tempo dando expediente numa unidade militar, onde não poderia se envolver em assuntos estratégicos e nem manter contato com jornalistas do país ou do exterior sem o acompanhamento de um assessor de imprensa do governo. No restante do tempo livre, cuidava de seus projetos pessoais, dentre eles, seus negócios de exportação. Sob o ponto de vista financeiro, não poderia estar mais satisfeito. Caso o desdobramento dos fatos políticos não correspondesse à sua expectativa, poderia sair de cena e usufruir de um considerável patrimônio.

Entretanto, foi com um sobressalto que Asadi recebeu nova intimação da Justiça em outubro para depor num prazo de poucos dias devido a um certo valor de US $133,280 detectado numa conta bancária no exterior. Durante a audiência, foi acusado também de evasão de divisas e sonegação de impostos federais relacionadas a um subfaturamento verificado ao longo dos últimos doze meses. Conforme o promotor federal, "de um total inicialmente declarado em 440,6 toneladas, distribuídas em seis fretes de 73,44 toneladas cada, referentes a exportação de óleo de oliva processado do Irã para a Turquia, através de um navio iraniano chamado "Birjand", havia documentação comprobatória de ter comercializado US $1,199,520. Entretanto, numa subsequente re-aferição de balanças portuárias, investigadores turcos e iranianos detectaram discrepâncias sutis entre o manifesto da carga recebida pelo navio iraniano em Latika e a conferência alfandegária emitida pelo porto de Istambul. Estas 49 toneladas foram, provavelmente, desviadas no porto e vendidas a um receptador não localizado ainda, no valor de US $ 133,280".

O promotor federal continuou: "Essa quantia de US $ 133,280 foi depositada em conta bancária no exterior sem declaração aos fiscos do Irã e da Turquia. Conforme cálculos financeiros do fisco iraniano, a diferença para o valor subfaturado era compatível com o mesmo depósito no banco suíço".

O promotor citou o acordo firmado em 2000 entre países membros da OCDE (16), que culminou no FGTTIT (17), do qual a Turquia era signatário. Dentre outros objetivos, o Fórum visava combater a evasão de impostos em operações financeiras realizadas em paraísos fiscais. Com o documento, foi possível rastrear o nome de Asadi nas instituições bancárias dos países signatários do FGTTIT. Não tardou a surgir um sinal positivo no Aare Bank, cuja conta fora aberta em 18 de abril daquele ano.

O advogado do indiciado solicitou provas ao acusador:

- Como poderia o General Asadi estar na Síria e na Suíça naquele dia? Temos uma testemunha que confirma a presença de Asadi em sua fazenda na data em questão! - informou, referindo-se ao caseiro. Não poderia referir-se a Pinar pois, pelas leis iranianas, a insinuação de adultério constituía um delito punido severamente.

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