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Rafaela

Matheus tá dormindo. O rosto dele tá tão sereno que nem parece que ele tá nas condições que ele tá. Filho da puta lindo.

Me aproximo e vejo os curativos no braço e no peito. Passo a mão de leve no cabelo dele e dou um beijo na testa. Acorda logo, cara. Uma enfermeira entra no quarto, colocando mais medicação e observando o monitor com os sinais vitais dele.

— Ele me escuta? — pergunto agora olhando pra ela que me olha de volta. — Ele do jeito que tá aqui, me escuta? Eu posso falar com ele?

— Essa medicação que ele está tomando induz o sono, mas ele fica em um estado que chamamos de vigília. Então, o subconsciente dele escuta. — balanço a cabeça concordando e ela sai do quarto, deixando a gente sozinhos de novo.

— Matheus, acorda logo, porque a sua irmã tá quase ficando maluca e o Leal ainda nem dormiu. Então, acorda por eles. — seguro a mão dele, vendo um aparelho no dedo.

Puxo a poltrona que tinha do lado e sento na lateral da cama, ainda segurando sua mão e aproveito pra dar um beijinho nela. Sinto o maior medo do mundo de machucar alguma coisa e logo volto a mão dele pra posição que tava. A porta se abre dando a visão do Leal.

— Vou dormir aqui com ele. — ele diz, sentando no sofá que tem do outro lado.

— Vai descansar, Leal. Eu posso ficar aqui. — levanto o olhar pra ele.

— Não posso sair. Tenho que fazer a segurança dele. — ele responde e eu balanço a cabeça.

— Então, dorme um pouco aí e eu fico acordada, se acontecer alguma coisa, eu te chamo.

— Valeu, Rafa. Tô precisando mermo. — ele diz se aconchegando no sofá.

— É, eu tô ligada. — digo rindo de leve e pisco o olho pra ele, que solta uma risada.

07h30 da manhã e nada de eu conseguir pregar o olho. Passei esse tempo inteiro olhando se ele tava respirando. O Leal dormiu bem até, o que me deixou melhor. Ele tava muito cansado. A enfermeira passou aqui mais cedo e disse que ia demorar um pouco pro Matheus acordar, então, eu decidi ir comprar algum café.

Peguei minha carteira dentro da bolsa e quando abri a porta, dei de cara com a mãe da Marcela, logo a mãe do Matheus também. Gelei dos pés à cabeça. Ela nunca me tratou mal, mas sempre desconfiou de mim cuidando do Lucas. No começo, ela nem falava comigo, depois ela foi confiando mais e aceitou, mas ainda assim, tenho um certo receio com ela.

— Bom dia. — digo observando ela ajeitar a bolsa no ombro e me olhar dos pés a cabeça.

— O que você tá fazendo aqui? — eu sabia.

— Eu só fiquei aqui porque todo mundo tava muito cansado. Vim ajudar. — ela franze o cenho e passa por mim, entrando no quarto e chamando o Leal. Permaneço imóvel.

— Leal, o que ela faz aqui? Por que não me chamaram? — ela fala com ele que agora já está sentado.

— Eles tão juntos, Dona Verônica. — ele responde coçando a cabeça e eu já me preparo pro que vem.

— Juntos? Eu sei bem o que ela quer e eu quero que ela vá embora. — ela diz ríspida.

— Dona Verônica... — o Leal tenta, mas eu interrompo ele.

— Eu ja vou indo, Leal. — assinto pra ele entender que tá tudo bem.

Pego minha bolsa e chego perto do Matheus pra me despedir. Vou pro lado oposto que a mãe dele está, seguro na mão que está livre e me aproximo do ouvido dele.

— Eu também fiquei nervosa. Fica bem porque você me disse que voltava logo pra mim. — beijo a testa dele e levanto o olhar vendo a mãe dele com cara de poucos amigos.

Saio do quarto e sinto que fui seguida por alguém e pela pisada suponho que seja o Leal.

— Tu vai como, Rafa? — ela fala segurando meu braço.

— Eu vou pedir um carro. Ta tudo bem. — ele balança a cabeça, mas antes que ele pudesse falar alguma coisa, escuto a voz do PK.

— O TH mandou eu vir ver se tu precisava de algum bagulho. — ele para perto da gente.

— Agora eu já tô indo pra casa, PK. Rola uma caroninha? — digo encolhendo os ombros, fazendo os dois rirem.

— Bora, mandada. A gente se vê, irmão. — ele diz fazendo um toque com o Leal e a gente sai andando. — E ai? O mano ta bem? — ele pergunta.

— Ele tá ficando.

— E tu? Tá suave? — passa a mão por cima dos meus ombros.

— Eu tô bem cansada. — digo encostando a cabeça no ombro dele.

O caminho até minha casa foi bem tranquilo. Ele colocou uma música de um gosto duvidoso, o que me fez rir. Encostei a cabeça no banco e dos 20 minutos que é a distância do hospital pro meu apartamento, eu devo ter cochilado uns 15.

— Chegamos, pô. — ele diz me despertando e eu olho em volta vendo meu prédio.

— Obrigada, PK. — pego minha bolsa e dou um abraço nele.

— Não chama pra subir não? — ele dá um carinho no meu rosto.

— Eu tô realmente bem cansada. — fecho os olhos e escuto ele bufar rindo. — Obrigada.

— Mandada do caralho. — ele diz destravando as portas e eu desço.

Encontro com o porteiro e dou bom dia à ele que me responde sempre muito simpático. Entro no elevador e aperto no meu andar. Encosto na parede do elevador e jogo a cabeça pra trás. Eu só preciso da minha cama.

Quando o elevador abre, eu já pego minha chave e vou em direção ao meu apartamento, tirando o tênis assim que passo pela porta. Coloco a bolsa no aparador que fica na entrada e as chaves no porta-chave.

Vou até a cozinha e bebo um copo de água bem gelado. Tiro a roupa já colocando dentro da máquina de lavar e vou pro quarto tomar um banho.

Ligo o ar condicionado do quarto antes de entrar no banheiro e já tiro minha calcinha e sutiã. Coloco o chuveiro na temperatura morna e entro embaixo, sentindo o meu corpo relaxar.

Passo um bom tempo ali e quando saio, me enrolo na toalha sentindo o gelo do ar bater no meu corpo e me arrepiar. Visto um pijama e penteio meu cabelo. Volto pra sala pra pegar meu celular que ficou dentro da bolsa e mando mensagem pra Marcela.

Marcela 👩🏼‍🤝‍👩🏻
"Amiga, eu tive que vir pra casa, mas estava tudo bem. Assim que eu puder, volto lá. Me avisa qualquer coisa."

Deito na cama e mexo um pouco no celular respondendo meus grupos da faculdade e sinto o sono me pegar. Deixo o celular de lado e acabo pegando no sono.

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