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Rafaela

Gelei da cabeça aos pés. Aquele homem sentado na cama, segurando minha roupa na mão e com uma cara de pervertido, estava me fazendo tremer. Eu não conseguia nem formular qualquer palavra que fosse e mesmo que eu chegasse a conseguir, eu tava tremendo tanto, que não conseguia falar.

— Relaxa, bonequinha. Eu não vim te fazer mal não, pô. — levanta da cama e anda até mim, vou dando passos pra trás na intenção de me afastar, até que bato contra a parede.

— S-sai de perto, por favor. — fecho os olhos já esperando o que ele queria fazer e sinto ele acariciar meu rosto. 

— Eu só quero que tu dê o papo pro Caveira. — aproxima o rosto no meu ouvido e eu aperto os olhos e fecho as mãos. — Diz pra ele que eu vou voltar e eu vou levar comigo cada um que ele tem o menor contato que seja. Entendeu? 

— S-sim. — me limito a responder isso. 

Sinto ele se afastar e abro meus olhos, vendo que ele saía pela varanda do quarto. 

Fico parada por alguns minutos que não consigo contabilizar.

Corro pra cama e pego meu celular na tentativa de falar com o Caveira. Chama uma, duas, três e na quarta vez ele atende.

— Alô?  Caveira?  — minha voz sai trêmula

— Qual foi, Rafaela? Que que ta pegando? — o tom de voz é preocupado

— Vem pra cá, por favor. — é a única coisa que eu consigo falar.

— Marca um dez. — ele desliga e eu sento na cama, ainda sem acreditar.

Não sei em quanto tempo, mas sei que foi muito rápido pro Caveira passar pela porta do quarto e parar na minha frente.

— Solta a voz, pô. — levanto a cabeça e vejo seu rosto sério como sempre, mas com os olhos mais arregalados que o normal.

— Tinha um homem aqui. — minha voz quase não sai.

— Como é que é? Fala alto, porra. — ele se ajoelha na minha frente, pra poder ficar mais ou menos na minha altura.

— Eu saí do banho e tinha um homem sentado bem aqui na cama. — aponto pra ponta da cama e ele segue o meu dedo com o olhar.

— Ele te fez alguma coisa? — respiro fundo. — FALA RAFAELA, ELE FEZ ALGUMA COISA CONTIGO? 

— Calma, não. — ele levanta e fica andando de um lado pro outro com a mão na cabeça. 

— Ele relou em você? — olho pra ele negando. — O que ele te disse?

— Ele tava sentado com minha roupa na mão, cheirando ela. — ouço ele xingar. — Quando saí ele perguntou se você tava de fiel.

— O que tu falou? — ele me pergunta atento

— Nada, eu travei. Fui andando pra trás até que me bati na parede e foi aí que ele levantou. Ele chegou muito perto de mim e eu não conseguia falar nada, nem fazer. — parei um pouco e ouvi ele explicar alguma coisa no radinho, mas não entendi o que.

— Continua. — me pede assim que percebe que eu parei por tempo demais.

— Ele disse que não ia me fazer mal, mas que precisava que te desse um aviso. — isso chama ainda mais a atenção dele.

— Qual? — na mão dele já tá o radinho no ponto de falar com alguém.

— Ele disse pra eu te dar o papo de que ele vai voltar e... — engulo em seco antes de continuar. — E vai levar todo mundo que você gosta, que você — escuto a risada abafada dele.

— Filho da puta. Como ele é?— ele aciona o radinho e começa a falar. — Eu quero todo mundo que tava na contenção da Rafaela e da minha casa na boca, AGORA. — ele tá muito estressado. — Como ele é, Rafaela? — volta a olhar pra mim.

— Alto, forte, mas não muito, ele tinha o cabelo meio grisalho, mas pouco também e quando ele chegou perto, eu vi uma tatuagem na mão e ele tinha mais no braço esquerdo, eu não consegui ver muito mais que isso, eu tava apavorada. — sinto ele se aproximar de mim.

— Ei, minha gata. Olha pra mim. Tá tudo bem contigo? — balanço a cabeça confirmando. — Mesmo? 

— Tá sim. — respiro fundo e me recomponho. 

— Eu preciso ir resolver isso, mas só vou quando tu me disser que ta bem. — ele segura minha nuca com a mão e me olha nos olhos.

Respiro fundo mais uma vez. Eu tenho muito medo, nunca passei por uma situação parecida com isso, mas eu preciso confiar no Caveira. E se tem uma coisa que eu aprendi com a Marcela, é que eu não posso e nem vou me deixar abalar por nada nessa vida. 

As pessoas sentem quando você enfraquece por algo. E é isso que elas querem. 

— Pode ir, vai resolver suas coisas. Eu tô bem. Eu só quero te pedir uma coisa. — ele olha pra mim assentindo. — Eu quero que você mostre pra esse otário, que é você que manda aqui. E volta logo, porque a gente tem um baile pra ir. 

— Eu vou voltar, primeira dama. — ele responde com um sorriso de canto e me dá um selinho.




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