Se por um lado eu amei conhecer o Caveira e percebi que ele nem é tudo isso que falam por aí, por outro lado eu, nesse momento, estou meio que fugindo dele. Não só porque eu não quero ficar com ele, e eu realmente não quero, mas também porque eu estou no mínimo envergonhada de tudo que falei e de como eu meio que me joguei pra ele no final do baile. Não que eu ache que eu não possa fazer esse tipo de coisa, porque no fundo eu queria mesmo ter essa coragem toda, mas na verdade, eu não faço isso e o pior de tudo: nem bêbada eu estava.
Mas no momento, eu estou tentando pensar pelo lado positivo da coisa, que é: pelo menos a gente não ficou. E pode até parecer bobagem, porque eu já fiquei com o PK, por exemplo, mas o Caveira não é só um gerente ou um vapor qualquer, ele é tipo o dono de um morro. Ele que manda e desmanda. Faz o que quer. Nada, absolutamente nada, pode parar o Caveira. Isso me deixa muito receosa com relação a ter qualquer coisa com ele. E com o PK, eu tenho o TH sabe, eu sempre soube que ele poderia me ajudar caso acontecesse alguma coisa, porque ele manda no PK, mas e o Caveira?
Resolvo deixar tudo isso de lado e me concentro na aula que estou tendo agora, Direito Criminal e preciso confessar que essa disciplina tem todo meu amor. Pode parecer estranho por eu trabalhar dentro da casa de um traficante, mas acho que talvez seja justamente por isso que eu tenha me identificado. Consigo ver os dois lados da moeda. Enquanto anoto as coisas no meu caderno, sinto o celular vibrar e pego ele vendo mensagem do grupo das meninas aqui da sala.
desliga da justiça 🤪👭
"Alguém pelo amor de Deus conseguiu entender alguma coisa?" - Amandinha
"Eu tô tentando, mas minha cabeça nem aqui ta"
"Depois daqui a gente bem que poderia ir tomar uma cervejinha, né?" - Lívia
"Cervejinha não, mas café eu aceito"
"Concordo e topo muito" - Amanda
Coloco o celular no bolso quando escuto o professor encerrar a aula e vejo a hora no meu relógio. 19h30. Hoje começou mais cedo e terminou bem mais cedo, ainda bem. Guardo meu material e espero as meninas pra gente sair juntas.
— Gente, tem lugar vendendo café quase 20h00 da noite? — eu dei a ideia e eu mesma me arrependi dela.
— Deve ter, amiga. No shopping sempre tem. — Amanda lembra
— Vamos, levo vocês. — foi a vez da Lívia e a única que tem carro de nós três.
Entro no banco da frente e vou logo conectando meu celular no som do carro. O gosto musical das minhas amigas é bem duvidoso. Um bom tempo de trânsito depois, chegamos no shopping Leblon e entramos em busca de alguma cafeteria aberta na praça de alimentação. Quando nada faz com que a gente sinta vontade de parar e vemos no relógio que já são 21h00, decidimos sair e ir pra um barzinho ali por perto. Vemos o Boteco Belmonte bem cheinho e decidimos parar ali e ver no que ia dar. Sentamos e pedimos um chopp, menos a Lívia porque estava dirigindo. Aproveito para fazer um stories.
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