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Rafaela

Acordei de madrugada com um aperto no peito. Olhei pro lado e não vi o Matheus. Levantei, bebi um copo cheio de água e peguei o celular vendo a mensagem que ele tinha deixado no meu whatsapp.

"Já eu volto, minha gostosa."

O coração apertou ainda mais. A sensação de que algo ruim poderia acontecer, tira todo o resto de sono que eu tinha. Deitei no sofá e liguei a televisão na tentativa de esquecer esse sentimento. Nada tirava a sensação do meu peito. Sentei no sofá e peguei o celular ligando pra ele. Chamou uma, duas, três vezes até desligar. Ele só deve tá ocupado. Já ele volta.

Passei quase a madrugada inteira cochilando e acordando e a cada vez que isso acontecia, o pressentimento ruim só aumentava. Liguei de novo. Mandei mensagem várias vezes. Nada. Ele também não chegava.

Eu sei, pode parecer besteira ou até que eu sou uma grande emocionada, mas a verdade é que eu não sei o porque e nem sei o que fez isso acontecer, mas eu só queria que ele tivesse bem aqui na minha frente, fumando aquele cigarro de maconha dele e com aquela cara de puto de quem mataria até minha décima geração só de me olhar.

Foi quando como uma última tentativa, eu liguei mais uma vez. Já imaginando que ele não ia atender. Bufei. Na quarta chamada e quando eu já tava conformada que não ia conseguir falar com ele hoje e consequentemente não ia tirar essa sensação do peito, ele atendeu.

— Rafa? — não era ele. Marcela. Meu peito apertou ainda mais.

— Marcela. — engulo em seco.

— Amiga... o Caveira... aconteceu um problema e ele precisou vir pro hospital — ele fala com a voz bem baixa.

— Que problema? — falo tentando não ouvir as vozes na minha cabeça que imploram pra ir pra onde ele tiver.

— Teve uma invasão, Rafa. Pegaram ele. Foram cinco tiros. Um pegou no peito dele. Ele vai entrar em cirurgia. — as palavras dela entram como um monte de facas.

— Onde ele tá, amiga? — pergunto o mais calma que eu consigo ficar agora.

— Aqui no Quali Ipanema. Ele entrou em cirurgia há pouco tempo pelo que eu entendi.  — fecho os olhos, apertando tentando raciocinar direito.

— Eu... posso ir pra aí? — pergunto receosa.

— Por favor. — ela fala me tranquilizando e eu desligo em seguida.

Escolho uma roupa qualquer e chamo um uber. Queria chegar o mais rápido que eu conseguisse. Foram os 20 minutos mais demorados desses últimos dias.

Cheguei no hospital e já consegui ver o TH em pé com o Lucas dormindo no braço dele. Rolei mais um pouco os olhos e pude ver o Leal sentado com a mão na cabeça e a Marcela na recepção pedindo informação pra alguém. Me aproximei dela.

— Amiga...— toco no ombro dela, que logo me abraça e chora muito.

— Ele tava tão bem, Rafa. É disso que eu tenho medo, amiga. — ela fala enquanto soluça e eu me afasto pra poder falar com ela.

— Ele vai ficar bem, Marcela. Você sempre me disse que seu irmão é a pessoa mais teimosa que existe nessa vida. — ela balança a cabeça confirmando. — Então... Só confia. Confia nele. — passo a mão no rosto dela, enxugando as lágrimas e ela sorrir.

A Primeira Dama do Tráfico Onde histórias criam vida. Descubra agora