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Rafaela

Depois de todo o fuzuê na casa da Marcela, meu almoço com o PK até que foi tranquilo. Como sempre é. Parece que hoje vai ter baile no Alemão e todo mundo vai, já iam mandar até o Lucas com a avó depois do almoço. PK encheu meu saco pra eu ir com ele. Eu não queria, primeiro porque eu tô bastante cansada e segundo porque eu não queria ter que encontrar o Caveira e a tal Raíssa.

Falando nela, depois que eu cheguei em casa, a Marcela me contou um pouco sobre quem ela é e sobre o relacionamento que eles sempre tiveram. Que não era nem um relacionamento né, eu odeio dizer isso assim, mas ela tava mais pra marmitinha de bandido do que qualquer outra coisa. Uma vez ela até inventou que tava grávida do Caveira, mas parece que logo ela disse que tinha perdido e lá no hospital mesmo descobriram a mentira. Que louca.

— Amiga, por favor, vamo pro baile. Você vai ficar lá comigo. — Ela entra na sala falando pela milésima vez, enquanto eu arrumo minha bolsa pra poder ir pra casa.

— Marcela, eu vou ficar com você e você vai ficar com seu marido, aí eu vou acabar ficando sozinha. — digo rindo, mas é a verdade.

— Que nada, para de ser assim. Se eu fugir por algum tempinho pra dar um beijo no meu marido, você aproveita e vai dar um beijo no seu namoradinho, cunhada. — ela fala rindo.

— Ainda bem que eu não namoro, né. — pisco o olho e vejo ela com cara de cachorro que caiu da mudança. Respiro fundo. — Marcela, eu vou pensar, tá? Eu te ligo.

— Tá, pensa com muito carinho. — ela diz batendo palmas enquanto me leva até a porta.

Vou descendo o morro ajeitando meus fones e quando já tô quase na entrada, escuto a buzina de um carro e olho pro lado. Caveira.

— Entra aí. — ele diz abaixando o vidro e eu olho pra dentro.

— Não precisa, eu vou de ônibus. — digo simples e volto a pegar meu fone.

— Entra no carro, Rafaela, deixa de coisa. — ele diz já impaciente e eu volto a tentar ver se tem alguém dentro, quando escuto a risada dele. — Não tem ninguém, cara.

Desisto de resistir e entro no carro, bufando logo em seguida. Fecho a porta e coloco o cinto, virando pra ele que tem um sorriso de canto no rosto.

— Que foi? — digo olhando pra ele sem entender.

— Nada não, pô. — ele diz baixando a cabeça e mexendo na marcha. — E ai? Como foi teu almoço com teu amigo lá? — ele diz pigarreando e eu prendo o cabelo.

— Quer mesmo ter essa conversa agora? O almoço foi legal como sempre. — respondo pegando meu celular na bolsa.

— Sempre? — ele diz franzindo a sobrancelha.

— A gente é amigo, Caveira.

— Caveira uma porra. Se liga, Rafaela. — já ficou impaciente de novo.

— Ta bom, Matheus. Ele é meu amigo. — vejo ele assentir.

— Beleza, pô. Tu já pegou teu amigo? — ele pergunta bem direto e eu respiro fundo.

— A gente já ficou. — respondo tão baixo que quase nem eu escuto e ouço a risada dele.

— Amigo de cu é rola, porra. — diz se exaltando.

A Primeira Dama do Tráfico Onde histórias criam vida. Descubra agora