O rio fluía rapidamente, com correntezas fortes e bancos de areia volúveis no estuário, mas nossos Drakkars de casco raso passavam tranquilamente. Nomeei Karl, meu segundo em comando. Confesso que fiquei aliviada, quando soube que ele iria comigo. Karl, com sua barba negra trançada e cicatrizes de batalhas pelo corpo, era claramente um modo de meu pai manter um olho em mim. E não havia em Mar-Krag outro guerreiro tão astuto e inteligente quanto ele.
— Acredita que a guerra em Ponta Tempestade vai durar muito tempo? — perguntou Knut, bebendo hidromel de um cantil de pele de carneiro.
— Mais um ano, e toda a península será nossa! — respondi — Não há um homem vivo que possa derrotar o rei Siegrifield.
— Brokilon! — retrucou Knut.
— Brokilon não derrotou o rei Siegrifield... — retruquei — Brokilon derrotou Jarl Sigurd na segunda batalha de Siegen. Esqueceu que o rei Siegrifield matou o príncipe herdeiro do trono de Brokilon na primeira batalha de Siegen?
Todos conheciam a histórias.
— Brokilon é forte! — respondeu Knut. — Meu pai disse que eles têm seis mil homens, um exercito profissional para a guerra, e podem convocar o dobro disse entre os camponeses e homens livres. pode convocar cavaleiros dos Ducados de Aquilônia, Targoviste e Marselha. Se somarmos o poder de todos os Jarls do sul... não temos oito mil guerreiros. E três mil deles estão acampados no norte, prontos para repelir Targoviste, e quatro mil espalhados no sul, guardando a Fortaleza da Baía dos Coelhos dos ataques constantes de Rutemburgo.
Rutemburgo era a capital do reino Rurguês que governava a lesta das montanhas Nebulosas. Era um reino vasto e rico, mas agora reduzido a sua capital pela invasão Ultra.
— Seja como for, tenho certeza que descobriremos! — minimizei — Estávamos com Bjorn no Oriente, enquanto tudo isso acontecia em casa. — disse lamentando
— Meu pai e Helder estavam lá... — disse Knut. — Ele me contou que o som da carga de cavalaria de Brokilon fez a terra tremer sob seus cascos. Trovão e tambores não abafavam aquele som. Ordens de cavaleiros militares cujo único propósito é a honra e a glória do campo de batalha.
Helder havia se juntado a minha tripulação.
— Tão feio assim? — perguntei a Helder
— Muito pior... A primeira coisa que vimos foi uma novem de poeira vindo do leste. Não demos importância até sentir o chão tremer sob nossos pés. Então era tarde demais... Faziam redemoinhos, nos atingiam em formações triangulares fechadas e partiram nossa parede de escudos sete vezes no primeiro dia, passando entre nossas fileiras matando a vontade para então recuar, se reorganizar e investir novamente. No segundo dia quebraram nossa formação, atingindo nosso flanco direito por três vezes, investiram e nos cortaram como uma faca na neve. No terceiro dia, desmoronamos antes que a cavalaria de fato nos atingisse, somente seus cascos nos aterrorizou e nos colocou em debandada... Foi Beowulf e seus Morde-Escudos que os segurou tempo suficiente para que Jarl Sigurd ocupasse um terreno alto e reorganizasse nosso exercito.
— Não é à toa que meu pai Helvec não fala sobre aquela batalha. — disse Knut
Ficamos em silêncio por algum tempo. Enquanto eu estava com Bjorn no Oriente, uma grande batalha entre os nascidos de Ultras e os Rurguêses do Sul acontecera. A segunda Batalha de Siegen, um vilarejo sem valor algum, foi palco de uma grande carnificina.
— Os frouxos têm garras! — Knut terminou dizendo. — Sei que vamos vê-las antes do fim.
Frouxos era como chamávamos os continentais. Eles não eram frouxos de verdade, mas foram pegos de surpresa por uma invasão repentina dos Nascidos de Ultras, endurecidos em séculos de guerras internas, mas que agora tinham um inimigo em comum.
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Canções de Ultramar, Livro 1
Viễn tưởngA nove anos, uma frota de navios Drakkar foi vista chegando pelo Mar Ocidental, em direção à Mar-Krag. Pouco se sabia daquele povo, mas logo soube-se que haviam chegado para ficar. Anos se passaram, e as guerras entre os Ultras e os Continentais, ch...