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Senti um cheiro estranho, pensei ter ouvido vozes.

— Você está consciente? — disse uma voz delicada — Consegue me ouvir?

Senti o cheiro de incenso mirra e perfume de flores. Abri os olhos e estava em uma cama macia de plumas, lençol de seda branco, em um lugar arejado. Ricos candelabros nas paredes sustentavam cristais luminosos com um brilho branco azulado. Sobre mim, havia um rosto perfeito sob uma moldura de cabelos prateados e orelhas anormalmente longas e pontudas. Seus olhos reluziam fogo da cor âmbar. Sua maquiagem sombreava lindamente sua perfeição.

— Siga meu dedo! — disse e colocou o dedo bem em frente aos meus olhos e um brilho magico acendeu em seu anel no indicador

Eu segui, conforme ela mandou.

— Muito bom... Seus reflexos parecem normais! — disse a Elfa — Acredito que o pior já tenha passado... Pode mexer seus pés?

Eu mexi e ela sorriu. Eu olhei em volta e via Karl sentado em um divã suntuoso e se levantou imediatamente e veio até mim.

— Achei que fosse perde-la, garota... — disse — Como eu explicaria isso para o seu pai.

Eu sorri.

— Não foi dessa vez... — respondi com um sorriso — Onde estamos?

— Você está na mundialmente reconhecida Casa de Saúde do Templo de Mélisande! — respondeu Karl — Essa é a devota Thessalia Inore, sua curandeira.

Tentei me levantar, mas fui impedida por Karl.

— Não se levante... O cirurgião-barbeiro ou bárbaro, pois assim devia ser chamado, abriu sua cabeça e salvou sua vida, mas não curou o ferimento em sua totalidade — explicou Thessalia — Só o que fez foi lhe dar mais tempo. Ele aliviou a pressão, mas deixou um coágulo de sangue que estava comprimento sua medula. Tivemos que usar magia fortíssima para dissolvê-lo — disse ele me ajudando a beber um liquido em uma taça de prata — No entanto, como todas as curas mágicas, o ferimento físico foi sanado, mas ainda assim você sofrerá por alguns anos com a dor... Terá náuseas e dores de cabeça fortes até que seu sistema nervoso entenda que não há mais o dano ao seu corpo.

Assenti e olhei para a sacada do quarto, onde cortinas de seda foram agitadas pelo vento.

— Amanhã poderá fazer caminhadas leves durante o dia... — disse ela ao sair do quarto e fechando a pesada porta esculpida de mármore.

— Como estão os homens? — perguntei a Karl.

— Entediados! — respondeu ele. — E ansiosos por vingança.

Sorri diante da resposta.

— A vingança virá no tempo certo... — respondi, olhando para ele — Quero que envie um dos navios para encontrar esse Jarl Stein, O Jovem, que está em guerra contra Lyonesse.

— Não vamos retornar? Matar o maldito Gunnar? — perguntou ele.

— Não! — respondi — Gunnar está protegido pelo exército de sua mãe, a Earl Ingrid, e está nas terras do Jarl Loki.

— Sigtryggr pode falar com o pai e explicar que temos direito à vingança! — sugeriu Karl. — Bjorn e seu próprio pai vai matá-lo se contarem a eles o que aconteceu.

— Não! — respondi firmemente — Não vou voltar correndo como uma filha machucada e pedir para minha família fazer justiça por mim. Vou matar Gunnar e libertar Nastya com meu exército. Minha Vingança! Meus lobos!

Karl assentiu.

— Vamos nos juntar ao exército de Jarl Stein e recrutar guerreiros livres para seus lobos? — perguntou ele.

Canções de Ultramar, Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora