Canções de Ultramar, Livro 1

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Quando abri os olhos e olhei em volta, foi como enxergar pela primeira vez. Eu conseguia sentir as criaturas vivas naquele local, conseguia sentir a energia que Torr havia mencionado. Era um veio de mana natural, que se condensava naquele lugar.

— Pode sentir? — perguntou ele

— Posso... — respondi com meus sentidos abertos — É um novo mundo.

— Poucos conseguem abri os olhos depois de certa idade. Já estão acostumados a verem as coisas da forma antiga — disse ele — Agora vamos começar sua instrução. A primeira palavra que vou te ensinar é o grito de poder para criar um escudo contra energia magica... Quanto mais experiente for, mais conseguirá se proteger de magias hostis.

Torr me ensinou o grito Valk-Hlíf, e eu a repeti da melhor maneira que consegui.

— É o grito do Nó dos Escolhidos... Cria um escudo magico de proteção em você ou qualquer pessoa que quiser ou objeto. Dependendo do objeto, esse escudo pode durar dias ou meses. O som do final é mais forte... — disse Torr e repetiu a palavra — Valk-Hlíf!!!

Eu senti uma membrana de energia recobrir seu corpo como uma aura de vapor. Na segunda vez, eu fui um pouco melhor, e acertei na terceira vez causando desconforto e ardência na minha garganta. Senti um cansaço tomar meu corpo e fiquei ofegante. O suor brotou no meu rosto, e minha garganta ficou seca.

— Sentiu? — perguntou ele rindo — Houve um escudo ao seu redor, um escudo equivalente à força de sua mana — disse ele — Tente novamente.

Eu fiz novamente.

— Você entendeu? Um golpe magico vai ser repelido pelo seu escudo, porem se o golpe for muito mais forte que sua proteção, você vai levar todo o golpe residual. — disse ele — Ao usar magia para se defender, é como entrar em um cabo de guerra com o inimigo... Perde quem for mais fraco!

Torr sorriu.

— Entendi... — disse

— Você pode colocar uma proteção magica em cotas de malhas e escudos, deixando-os resistentes a magia, quanto mais nobre for o material, mas ele retêm essa proteção — Torr pegou uma pedra na grama — Cada elemento da natureza pode ser impregnado com mana — disse ele — Elementos vivos, como madeira, âmbar e marfim podem receber proteções que duram semanas, muralhas de pedra, prata ou ouro pode acumular energia por anos.

Eu pronunciei o grito de poder Valk-Hlíf! E novamente um "escudo" surgiu e senti o vento suavizar ao toque na minha pele. Senti como se uma bolha invisível envolvesse meu corpo; então, a exaustão veio, e minhas pernas fraquejaram.

— Muito bem! Sustentou por mais tempo! — disse Torr — O Elixir fortalece o seu corpo, porém, ele tem seus limites... Lembre-se, você pode carregar qualquer material com mana durante vários dias, e usá-los ao invés de usar a mana do seu corpo... Quanto mais puro o material, mais energia ele acumula. Você pode carregar um rubi todos os dias com sua mana, durante muito tempo. E usa-lo para energizar uma armadura, sem precisar gastar sua mana corporal, entendeu?

Eu assenti com a cabeça.

— Quanta energia eu consigo armazenar nisso? — perguntei, mostrando meu punhal de cabo de presa de javali.

— O marfim é um bom elemento... Melhor que madeira, mas menos nobre do que ferro ou aço... — respondeu — Mas tente focar em ouro ou prata. Pedras preciosas são as melhores... Além de mim, alguém conhece o segredo do seu Elixir? — perguntou.

— Não! — respondi.

— Acho melhor continuar assim... É uma vantagem, Astrid! — disse — Se fosse você, não contaria a ninguém sobre a sua Alquimia e a sua Magia até estar pronta para se revelar como uma Warlock poderosa — Torr olhou para o céu — Vamos voltar agora, logo vai chover... Também não quero que pensem que sequestrei a filha de Beowulf.