Knut e Louis me carregaram de volta aos navios após a batalha. Nastya, com sua habitual presteza, me despertou com uma xícara de chá reconfortante.
— Como está as costelas, senhora? — indagou Nastya, seus olhos expressando preocupação.
— Mal... Como se um cavalo tivesse caído em cima de mim! — respondi e senti um dor horrível quando tentei rir
Louis e Knut já haviam retornado ao campo de batalha. Nastya sorriu, transmitindo uma fadiga também evidente. Observando alguns dos meus homens saboreando sopa, enquanto outros dormiam, sucumbi ao cansaço e adormeci novamente.
Ao fim do dia, Nastya me acordou, e juntas dirigimo-nos ao campo de batalha, onde os homens estavam ocupados despojando os mortos. Avistei Knut encostado em uma arvore cortada, compartilhando risadas com dois membros da tripulação.
— Senhora! — cumprimentou Knut — Fui vê-la, mas estava dormindo.
— Knut! — respondi e me apoiei em seu ombro — Quero batedores, dez homens para vigiar as florestas... Muitos Rurguêses escaparam e podem estar se reorganizando enquanto descansamos.
— Já foi providenciado, senhora! — informou ele — Bjorn os enviou hoje antes do sol baixar, liderados por Gash'nak.
Concordei com um aceno de cabeça, se alguém sabia caminhar na floresta, era meu goblin Gash'nak Arranca-Dedos.
— Qual é contagem? — inquiri.
— Contamos mais de cento e cinquenta inimigos mortos e cerca de trinta feridos, a maioria salva pela mestiça — Knut apontou para Nastya. — Perdemos noventa e dois homens, e Bjorn, infelizmente, perdeu vinte sete.
Voltei meu olhar para Nastya, que apenas me olho de forma triste. No entanto, engoli em seco. Perdemos uma tripulação e meia para tomar um pequeno forte na beira do rio e nem havíamos chegado a Rutemburgo ainda. Eu levei as mãos ao rosto, deveria ter outra forma de tomar a cidade sem que perdesse centenas de homens contra os muros.
— Peguem tudo o que for útil e preparem a partida... — ordenei, apontando para o local — O inimigo está recuando para Rutemburgo, temos de seguir o rio e chegar a cidade antes deles.
Bjorn, visivelmente alterado pela bebida, aproximou-se.
— Você precisa aprender a apreciar a vitória, irmãzinha! — exclamou.
Toquei o cabo de Presa de Javali, meu sax, sentindo a energia Seithr armazenada, e a absorvi. Imediatamente, uma sensação de força renovada percorreu meu corpo.
— Estamos em território inimigo... quando voltarmos para o rio, aí sim, vou comemorar... — declarei. — Como foi do outro lado do rio?
— Foi como esperado... Loki liderou o desembarque de doze drakkars, tomou o forte de assalto e dominou o inimigo... Perdemos bons homens lá também, o forte daquele lado estava bem mais protegido, com fosso profundo e paliçada no topo do muro de terra.
Engoli em seco, nutrindo uma aversão crescente a atacar fortificações inimigas desde então. Sempre preferi a artimanhas e subterfúgios a jogar homens contra imponentes muralhas. No entanto, reconhecia que, por vezes, apenas a força bruta poderia romper os portões inimigos. Saqueamos mais de boas espadas, cotas de malha foram divididas igualmente entre os tripulantes dos navios, e pequenas adagas e punhais foram reservados para venda ou fundição. Também encontramos cabeças de machados e ponteiras de arados de ferro, além de joias de cobre e âmbar. Panelas de ferro, talheres e candelabros, entre outros objetos, foram distribuídos de maneira justa entre os navios e suas tripulações. Entre o saque, descobrimos um considerável carregamento de um metal escuro que Karl afirmou ser lingotes de Estanho dos Anões. Esclareceu que os anões o misturavam ao ferro para produzir um aço de qualidade superior, então ordenei que o metal fosse carregado em meu drakkar.
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Canções de Ultramar, Livro 1
FantasyA nove anos, uma frota de navios Drakkar foi vista chegando pelo Mar Ocidental, em direção à Mar-Krag. Pouco se sabia daquele povo, mas logo soube-se que haviam chegado para ficar. Anos se passaram, e as guerras entre os Ultras e os Continentais, ch...