21

10 1 0
                                    

Ao nos distanciarmos o suficiente, avancei em direção a Nastya e a pressionei contra uma árvore, tapando-lhe a boca.

— Você me levou até aquele lugar, na presença de possíveis inimigos? — sussurrei junto ao seu rosto — Nunca mais faça algo deste tipo!

— Não... não eram inimigos — ela murmurou, lágrimas riscando seu rosto — Não a levaria se fosse uma cilada, senhora... Eles juraram na língua-mãe élfica que apenas desejavam conversar. A língua-mãe não permite mentiras.

Empurrei-a mais uma vez e a soltei.

— Daqui em diante, eu decido quem é meu inimigo — declarei — Me explique tudo antes de me levar para um encontro as cegas, ou cortarei sua garganta... Entendido?

Ela assentiu com a cabeça. Então deixamos aquele lugar e retornamos à praia. O Lobo Negro, com a popa próxima à areia, aguardava-me. Adentrei as águas e saltei a bordo. Já havíamos carregado todos os nossos pertences, e os outros navios já se afastavam da baía. Era uma frota. Na esquadra de meu irmão Bjorn, lembro dos nomes de apenas sete navios: O Vingança, Escorpião do Mar, Tubarão Vermelho, Fantasma de Sal, Vento Leste, Tempestade, Punho da Noite, Falcão Peregrino e Orgulho de Carvalho. O Vingança era o navio de Bjorn. Dos navios de Jarl Loki, recordo-me dos nomes de alguns que tiveram maior destaque na batalha que se seguiu. Estes eram os Martelos de Njord, Dança da Maré, Fúria do Mar e Trovão Relâmpago.

Também havia uma frota que navegava junto dos navios de Jarl Loki, mas não eram jurados a ele, e sim uma coalisão. Estes pertencia a Earl Ingrid, Espada Rubra, e seu filho Gunnar Kjartson, que navegava no navegava a Arraia Negra. Naquele momento, não sabia, mas esses dois seriam meus maiores e mais letais inimigos. Outra frota de destaque era comandada pelo filho de Jarl Loki, e eram comandados pelo Earl Sigtryggr Lokison, e seu irmão de juramento Rollo Frydison, capitão do drakkar Orca Celeste.

— Tudo está pronto, senhora! — anunciou Karl, que se encontrava logo atrás de mim — É hora de partirmos rumo ao nosso destino.

Contávamos com uma tripulação de sessenta guerreiros, incluindo algumas guerreiras sob o comando de Lagertha "Coração Gélido" e meus novos homens Rurguêses, que os coloquei sob comando de Louis. Meu navio estava repleto de provisões, e transportávamos todas as nossas posses.

— Os deuses estão satisfeitos conosco... pois somos verdadeiros Ultras... Não conhecemos o medo! — disse aos homens

Eles responderam batendo com suas botas no convés do navio, o som ressoando como um tambor

— Hoje navegaremos contra os Rurguêses mais uma vez. Tomaremos Rutemburgo e vamos nos deleitar de ouro e prata! — continuei

— E algumas Rurguêsas também, senhora? — indagou um dos homens, entre risadas.

— Claro! — respondi, determinada — Há uma cidade cheia delas, mas primeiro precisamos ultrapassar os muros... Não será fácil, mas podemos conseguir.

O tempo estava nublado, algumas gotas de chuva molhavam meus cabelos.

— Esta será a maior batalha que enfrentaremos juntos! — proclamei, enquanto percorria o convés do navio — Em Sovngard já esta acontecendo um banquete pelos nossos irmãos caídos na tomada dos fortes, serão eternamente lembrados por sua coragem... Mas esse dia ainda não chagou para nós! Hoje lutaremos, hoje levaremos o Diluvio ao reino Rurguês e mostraremos ao mundo que somos Ultras e nós não conhecemos o medo!

Os homens rugiram em resposta.

— Coloquem esses remos na água, meninas! — bradou Karl — Sovngard está no fim do rio, e não vai nos esperar para sempre!

Canções de Ultramar, Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora