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📄NOAH URREA

Após a feira literária, eu retornei para casa. Estava ansioso para ter notícias da Any, mas sabia que levaria algumas horas até ela chegar ao seu país natal. O que me aliviava era saber que ela estava bem longe daquele monstro.

Cheguei ao meu andar e saí do elevador. Ia seguir até o meu apartamento quando vi algo terrível. A Any estava no chão com o rosto coberto de sangue e com alguns cortes pelo corpo. Entrei em pânico de imediato e corri até ela.

— Any! — agachei pelo dela e ergui o seu corpo em meu colo. — Any, fala comigo! — tentei sacudi-la para acordá-la, mas não funcionou.

Quando olhei para o final das escadas vi Robert desmaiado e também machucado, porém menos do que ela.

— Merda... Merda... — comecei a resmungar enquanto a pegava no colo.

Voltei para o elevador e desci até o térreo. Depois disso eu a coloquei no meu carro e comecei a dirigir até o hospital. No caminho, eu liguei para a emergência e informei sobre o Robert.

Entrei no hospital com ela em meu colo gritando em desespero por ajuda. Ela foi levada imediatamente para a emergência e foi me pedido que aguardasse.

— O que exatamente aconteceu? — a recepcionista me perguntou.

— Foi o marido dela. Sugiro que chame a polícia.

Agora eles não tinham como negar ajuda. Any estava totalmente machucada, havia provas por todos os lados e o meu testemunho ajudaria bastante. Ninguém iria calá-la dessa vez e se possível eu armaria um escândalo para que ela fosse levada a sério.

Um policial veio até o hospital e conversou comigo. Eu lhe contei que Any sofria agressões há anos e que dessa vez ele tentou matá-la. Ele disse que não poderia oficializar a queixa sem que a própria Any pedisse, então tínhamos que esperar ela acordar. E como o Robert foi trazido para o mesmo hospital, também era necessário esperar por ele para colher a sua versão.

Para o meu azar, Robert foi o primeiro a recobrar a consciência e eu sabia que ele faria o possível para reverter a situação a seu favor. Esperei na recepção e assim que vi o policial retornar eu fui até ele.

— O que ele disse? — perguntou.

— Isso é confidencial, senhor Urrea.

— Mas obviamente isso tudo foi culpa dele. A Any está muito mais machucada, fica claro que ela o machucou para se defender. — e eu estava contando para que a prova física tivesse mais valor do que a palavra mentirosa daquele homem.

— Ouviremos o que ela tem para dizer quando ficar consciente.

Ela acordou e eu tive que esperar o policial ir conversar com ela primeiro. Depois que ele saiu, liberaram a minha entrada. Partiu o meu coração vê-la tão vulnerável. Seu nariz estava quebrado, seu olho inchado e sua boca também estava ferida. Pelo corpo, algumas faixas cobriam os cortes.

— Meu amor... — cheguei perto e beijei a sua testa. — Como você está?

— Eu não respiro direito, não enxergo direito e falar dói. — riu fraco, mas parou fazendo uma expressão de dor. — Eu falei com o policial e dei a minha versão. Ele disse que o Robert prestou queixa de tentativa de assassinato primeiro, mas eu também fiz isso, então teremos uma longa briga. A minha sorte é que ele disse que eu estava em surto e que isso acontece frequentemente, então será fácil ir até um psiquiatra provar que não é verdade.

— Como ele descobriu?

— Ele percebeu que estava sendo dopado e encontrou um desenho que eu fiz de você e escondi. Depois disso ele ligou dois mais dois e soube que eu estava fugindo para a América. Foi muito humilhante ter sido obrigada a sair daquele avião com a desculpa de que eu era só a esposa louca de alguém.

Save Me ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora