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📄NOAH URREA

Após o trabalho eu resolvi ir até o cemitério. Estava com a cabeça cheia de coisas e não parava de me perguntar se eu estava certo ou errado em achar absurdo que a Any armasse uma situação tão perigosa para prejudicar o Robert. Eu gostaria que ela tivesse me dito, mesmo se eu não concordasse pelo menos poderia estar lá. Eu ter estado sem saber nada foi pura sorte.

Parei de frente para a lápide com o nome do meu filho e fiquei em silêncio no primeiro momento. Eu não sabia exatamente porque o meu coração me levou até ali, mas era onde eu queria estar. Talvez fosse o fato de eu ter achado que o Ben seria a salvação da minha vida, a solução para todos os meus problemas, alguém que pudesse preencher qualquer vazio e tirar de mim as possíveis preocupações. Mas eu tinha que encarar o fato de que mesmo se eu ainda tivesse o meu filho a vida não iria ser um mar de rosas todos os dias.

— Era para você ser a única pessoa que importava amar. — comecei a dizer. — Amar adultos é muito difícil, filho. — fiz uma pausa. — Mas talvez o meu problema seja querer agir como um pai. Any tem um tempo diferente do meu, é preciso paciência. Tenho que deixar ela se dar conta do que precisa sozinha, certo?

Uma borboleta azul voou para perto de mim e pousou sobre a lápide. Eu abri um sorriso fraco e de repente meus olhos marejaram.

— A verdade é que eu tenho medo de amar absurdamente a Any e acabar perdendo ela assim como eu perdi você e a sua mãe. Eu não aguentaria passar por nada assim de novo. — suspirei. — Mas eu tenho que colocar os meus pés no chão e entendê-la. Pode me dar forças aí de cima? — sorri mais uma vez. — Eu te amo. — beijei os meus dedos e depois toquei o topo da lápide com eles. Incrivelmente, a borboleta não se assustou com a minha aproximação e permaneceu ali.

Saí do cemitério e no momento que estava indo até o meu carro, vi outro parar ao lado.

— Noah! — era um dos meus colegas de trabalho. — O que fazia aí?

— Visitando um familiar. — resumi.

— É um momento ruim?

— Na verdade não.

— Ótimo! Que tal uma cerveja para relaxar depois de um dia de trabalho?

— Desculpe, eu tenho que ir para casa.

— Ah, Noah, qual é? Não fez nada com a gente desde que voltou. Sentimos a sua falta, só queremos ter um tempo da sua companhia.

Pensei um pouco e notei que eu não precisava beber para sentar e conversar com os meus colegas em uma mesa de bar. Eu podia pedir uma opção sem álcool e me manteria na missão de me desintoxicar daquilo.

— Bom, tudo bem. Acho que pode ser legal. — sorri.

— É só me seguir.

Entrei em meu carro e comecei a seguir o dele até um barzinho que eu costumava frequentar antes. Alguns professores já estavam lá quando eu entrei e me receberam muito bem. Tive que ouvir alguns comentários zombadores sobre eu ter pedido uma cerveja sem álcool, mas nada de que eu não pudesse rir junto.

Os minutos foram passando e eles começaram a pedir coisas mais fortes como vodka e gin. Novamente eu me recusei a beber e mais uma vez eles pegaram no meu pé por isso, perguntando até mesmo se eu estava tomando alguma medicação que me impedisse de beber.

— Não, eu não estou fazendo nenhum tratamento com remédios. — falei. — Só não quero beber.

— Só um gole não vai causar efeito nenhum. — um deles empurrou um copo de vodka na minha direção.

Save Me ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora