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📄NOAH URREA

Era estranho estar de volta ao campus depois de todos aqueles meses afastado. Ainda assim, a sensação de caminhar pelo lugar e cumprimentar rostos conhecidos era muito familiar e eu gostei disso. Minha vida mudou drasticamente de uma hora para a outra e eu gostaria de que pelo menos aquilo continuasse igual. Isso me fazia sentir mais encaixado, fazendo parte de alguma coisa que tenha a ver com o meu eu de sempre.

Esperei na recepção da reitoria até ser chamado para a sala principal onde a minha reunião iria acontecer.

— Noah! — o reitor me cumprimentou com um aperto de mãos e um sorriso em seu rosto. — Por favor, fique à vontade. — indicou que eu sentasse em uma das cadeiras.

— Senhor Smith, eu estou muito contente de ter sido contatado novamente. — fui dizendo após me acomodar. — Tenho que dizer que esses últimos meses sem trabalhar foram muito tediosos, eu estava morrendo de vontade de voltar à ativa.

— Isso é ótimo, a minha preocupação principal é você estar confortável para retornar. O que tem feito para se distrair nesses últimos meses?

— Nada demais. Eu estou morando em um lugar novo, fiz amizades, mas não faço grandes coisas além de ficar em casa vendo TV. — eu não precisava dizer que enchia a cara.

— Você tem frequentado um terapeuta como nós sugerimos?

— Sinceramente, eu não acho que seja necessário. — me senti incomodado.

— Tem certeza? Não tem nenhum problema que você ache que precisa resolver?

Era curioso que quando estávamos passando por alguma situação da qual não conseguíamos sair tudo ao nosso redor apontava o dedo na nossa direção como se o mundo soubesse o quão podre andam os nossos hábitos.

— Eu estou bem. — menti. — Não há nada de errado.

Além disso, eu poderia começar a me controlar quando voltasse ao trabalho. Eu sabia manter as minhas responsabilidades quando precisava delas e não iria morrer passando cinco dias da semana sem ingerir álcool. Ou talvez quatro. Ainda havia as noites de sexta.

— O que acha de pegar as suas antigas turmas de volta? Eles estão ansiosos para te ver de novo.

— Isso seria muito bom, eu fico grato se isso acontecer. — fui sincero.

— E quais seriam os seus planos para este semestre?

Abri a minha pasta e comecei a apresentar toda a grade que eu montei na noite anterior para cada uma das turmas que pensei em pegar. Para me concentrar eu tive que ficar sóbrio, mas o fato de eu conseguir só provava que isso era algo que estava no meu controle.

Voltei para casa radiante. Finalmente alguma coisa que eu queria estava acontecendo. Eu voltaria ao trabalho no dia seguinte. Assim que entrei em casa, fui direto para a geladeira pegar uma cerveja. Só uma não faria mal, eu tinha que comemorar.

Quando voltei para a sala notei um bilhete no tapete perto da porta. O peguei e o li, vendo que quem tinha escrito era a Any. Sorri sentindo alegria por ela ainda se importar em me dar apoio, mas logo essa alegria se desfez e foi substituída por confusão. Ela me ignorou nesses últimos dias e eu sabia que isso era culpa do nosso beijo e o fato de ela ter brigado com o Robert. Cheguei a pensar que Any nunca mais tentaria se aproximar, mas aqui estava ela me enviando bilhetes por debaixo da porta.

Eu queria responder, mas se o Robert visse um bilhete meu antes dela aquilo não iria acabar bem. Para a minha sorte, eu o ouvi saindo naquele mesmo momento após dizer alto que estava indo para a sua consulta de revisão. Any estava sozinha.

Save Me ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora