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📄NOAH URREA

Depois de dois meses tentando ser contratada por alguma galeria nas cidades próximas à Londres, Any desistiu e resolveu retornar para a academia onde estudava antes. Ela parecia mais feliz, mas ao mesmo tempo chateada por provavelmente ter que depender financeiramente de mim em breve mesmo eu dizendo que aquilo era um prazer e que eu tinha muito orgulho por ela investir em algo que sabe e ama fazer.

Tentando dar um jeito nisso, eu enviei algumas cartas para a galeria na França onde ela quase foi contratada há alguns anos. Talvez se eu insistisse muito eles finalmente pudessem responder e dar uma segunda chance. E isso seria ótimo porque eu estava prestes a estudar um segundo doutorado e uma das opções era em Paris. Aquilo uniria o útil ao agradável e resolveria todas as nossas questões.

Ainda morávamos no meu apartamento atual. O dela havia sido vendido com a ajuda de Bailey, que conseguiu uma ótima venda com muita rapidez. Ela disse que guardaria aquele dinheiro e todo o resto ganho para o futuro. Tínhamos uma boa renda para um imóvel incrível em qualquer lugar da Europa.

No quarto vago do meu apartamento, Any montou um pequeno ateliê onde se aventurava em várias formas de criar os seus desenhos. Seu tipo de pintura favorita era a aquarela e ela era incrivelmente boa nisso. Aliás, ela era incrível em qualquer coisa que se dispusesse a fazer e eu não cansava de dizer isso.

Após um dia de trabalho, voltei para casa e fui direto para o ateliê dela, onde sabia que ela estaria. Abri a porta e a vi de frente a uma tela branca com uma expressão neutra em seu rosto. Ela virou a cabeça na minha direção e rapidamente o seu olhar se tornou nervoso.

— Você está bem? — perguntei preocupado.

— Só tenho um milhão de ideias e não sabendo qual delas fazer. — suspirou. — Esse quarto está cheio de obras que não serão vendidas. — olhou em volta.

— É claro que serão. — puxei uma cadeira e sentei ao seu lado. — Não desacredite de si mesma, você vai longe.

— É... — encolheu os ombros desanimada.

— Any, o que você tem? — ergui o queixo dela. — Quando eu saí de manhã você parecia feliz em poder começar o dia.

Olhando para mim, ela abriu um sorriso fraco e tristonho, o que me deixou mais confuso e preocupado.

— É que eu me dei conta de que estou indo muito devagar na minha profissão. — pegou um pincel e o colocou em uma das tintas, depois fez um traço laranja na tela branca. — Não dá pra ir devagar agora.

— Faça as coisas no seu tempo. Você não precisa de tudo pronto agora.

Ela respirou fundo e soltou o ar devagar enquanto assentia, depois voltou a deixar o pincel onde ele estava antes e esfregou o rosto com as mãos.

— Desculpa... — ficou chorosa.

— Pelo que, meu amor? — fiquei atônito ao vê-la assim e rapidamente a abracei.

— A gente tinha uma cronologia de como as coisas deveriam acontecer. Tínhamos que seguir uma ordem, manter tudo em curso para dar certo. — sua voz estava embargada.

— Any, seja mais clara.

Sem afastar a cabeça do meu peito, ela ergueu o rosto para mim e uma lágrima rolou por sua bochecha. Passei meu dedo ali a enxugando e aguardei que ela estivesse pronta para desabafar sobre o que estava acontecendo.

— Eu... — começou, mas não finalizou.

— Você? — indaguei incentivando que ela continuasse.

Save Me ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora