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📄ANY GABRIELLY

Aquela definitivamente deveria ser a última vez que eu estaria em um tribunal. As provas irrefutáveis que trazemos iria garantir que não houvesse a menor dúvida sobre quem era a verdadeira vítima ali. Robert chegou detido, já que ainda estava preso por causa do que tentou fazer comigo. Aquela última sessão decidiria por quanto tempo ele seria mantido em uma prisão.

Devo confessar que foi meio humilhante ter que ver o vídeo sendo passado para todos. Mesmo que eu tivesse armado a situação, não imaginei realmente que ele tentaria me violentar de forma sexual e isso me deixou envergonhada. Fiquei de cabeça baixa todo o tempo sem olhar a filmagem até que ela chegasse ao seu fim.

Savannah e o advogado de Robert fizeram suas considerações finais e então nós aguardamos o veredito.

— Eu devo te alertar de que talvez a pena dele não seja tão reconfortante quanto você espera. — Savannah disse para mim.

— Não?

— A nossa legislação infelizmente não é tão dura quanto deveria se tratando de violência doméstica. Somando isso à tentativa de estupro eu diria que ele não vai pegar mais de sete anos e isso já seria muito.

Eu não podia me desaminar. Por mais que ele fosse estar solto em menos de uma década eu não ficaria em Londres esperando por isso. Minha vida não estava mais naquela cidade.

Os juízes retornaram e deram o veredito de culpado. O juiz decretou uma pena de seis anos e quatro meses sem possibilidade de apelação ou condicional. Ótimo, eu tinha seis anos para arranjar o que fazer com a minha vida e ir embora definitivamente.

Robert ficou alterado com a decisão, tentou reagir ao ser algemado e os policiais tiveram que arrastá-lo para tirá-lo dali. Ao passar por mim, ele me olhou transtornado.

— Eu vou te caçar, Any! Você nunca vai se livrar de mim! — gritou.

A sessão foi oficialmente finalizada e todos pudemos sair do tribunal. Noah segurou a minha mão e nós caminhamos juntos em silêncio até o exterior do prédio. Paramos na calçada e eu observei a rua. O dia estava ensolarado, as pessoas caminhavam ou dirigiam seus carros alheias a tudo o que acontecia na vida dos que os rodeavam. Havia pássaros no céu, nenhuma nuvem e o barulho comum do trânsito. Era uma cena corriqueira, mas naquele momento me deu uma enorme e estranha sensação de paz.

Eu poderia olhar para onde quisesse, falar com quem bem entendesse, caminhar em qualquer rua sem ter que me preocupar com horários ou obrigações domésticas. O meu trabalho doméstico poderia esperar o meu tempo.

— Você está bem? — Noah perguntou.

Olhei para ele e até isso pareceu estar diferente. Era como se só agora eu pudesse vê-lo de verdade, não ter medo de me demorar naqueles seus olhos e poder ouvir claramente o som da sua voz lhe dando toda a minha atenção. Rapidamente as minhas lágrimas vieram acompanhadas de um sorriso frouxo e seguro.

— Eu posso fazer o que eu quiser. Eu estou ótima! Eu sou ótima! Você é ótimo! — fui dizendo. — Isso pode parecer meio bobo, mas eu realmente só me sinto livre nesse momento.

— Não é bobo e eu entendo. — sorriu para mim. — E, sim, você pode fazer o que quiser. Qual o próximo passo que você quer dar?

— Eu tenho que decidir, não é?

— Decida no seu tempo.

Assenti positivamente e resolvi lhe dar um abraço. Ele me apertou em seus braços e quando nos afastamos compartilhamos um beijo breve. Nosso primeiro beijo em público.

Save Me ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora