Espera.

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Mikhael Linnyker

Quando pensávamos que Batista seria criminalizado por todos os horrores que fez, o mesmo simplesmente some. Tanto eu, quanto todos os investigadores sabem muito bem que isso não é por um acaso, e que ele fez isso por estar fugindo constantemente de ser descoberto. Todavia, é inviável fazer algo para impedi-lo disso, até porque, não existe nenhuma prova que comprove que realmente seja ele, por enquanto. É desanimador ver que ainda teremos que passar por tudo isso por mais alguns dias, ou até semanas, até conseguirmos algo concreto que culpe Batista. Ainda não consigo entender como ele conseguiu não deixar provas, mesmo sendo bem incorreto em suas escolhas. Para mim, tudo foi uma questão de sorte. Eu e os meninos - Rafael e Felipe - estamos preocupados com o que vai acontecer com Tarik nesse tempo. Ele acabou confessando, mesmo involuntariamente que Batista está envolvido em algo, o que o torna um alvo ainda maior para o criminoso. Pretendemos ficar de olho e se certificar que não há nenhuma movimentação estranha pelo corretor que está localizado o seu quarto, mas é completamente impossível fazer isso durante o dia inteiro, já que temos nossas obrigações. O que nos deixa mais aliviados nisso tudo, é que os investigadores impuseram uma medida protetiva assim que perceberam que Batista é uma ameaça ao paciente. Porém, ele já fez tantas coisas por aqui, que me fazem refletir se isso vai realmente para-lo de alguma forma.

Como não havia muito para ser feito nesse momento, a não ser, esperar Batista aparecer em algum dia, estamos tentando viver normalmente - se isso é de fato, possível. Continuamos as nossas tarefas diárias, enquanto mais pacientes se instalam no hospital. O clima melhorou consideravelmente nesses últimos dias, mas precisamos estar em alerta quase que o tempo inteiro. Por mais que Batista não estivesse por aqui, nada garante que ele não tem ajudantes. Aos poucos, venho me aproximando de Tarik novamente. É possível que o mesmo tenha recebido ameaças para se afastar de mim, o que realmente não consigo entender. Se Batista quer tanto chegar em mim, ele deveria ser esperto e usar Pacagnan como uma isca para isso, mas pelo visto, o mesmo é desprovido de inteligência. O ego dele é tão grande ao ponto de achar que realmente tem capacidade para ocupar meu cargo, mas consigo ter um ego ainda maior para dizer que ninguém será capaz de ser tão bom quanto a mim. Nesse momento, estou indo em direção ao quarto de Tarik, para uma visita - quase - diária. Levo comigo alguns morangos, pois sei que ele ama. Hoje tenho a noite praticamente livre, o que me faz poder ficar, até mesmo, horas em sua companhia. Assim, me sinto bem mais tranquilo em relação a ele estar bem. Andando em passos medianos, alcanço o corredor desejado, conseguindo visualizar de longe a sua porta, coberta por desenhos. Dou leve batidas na porta, virando a maçaneta em seguida, me deparando com ele deitado mexendo em seu celular.

— Tarik? — O chamo, me certificando de que está acordado, pois ainda se manteve de costas para mim. O seu quarto está mais organizado do que nos dias anteriores, me deixando esperançoso sobre uma possível melhora.

— Oi, Mike. — Se vira para mim, se sentando na cama, vendo a bandeja de morangos em uma de minhas mãos. — Você trouxe o que eu mais gosto! — Responde igual uma criança recebendo um doce e logo se levanta e vem em minha direção. Assim que ele vai pegar o objeto de minhas mãos, puxo para cima, tendo um olhar de desaprovação.

— Não vai nem me agradecer, ou me dar um beijo? — Sorrio bobo, vendo suas bochechas ruborizarem. — Você sabe que sinto saudade. — Com minha mão que está livre, o puxo pela cintura, colando nossos corpos.

— Você é bem espertinho. — Assim que se recompõe da timidez, retribui o meu sorriso e sela nossos lábios em um beijo amoroso e reconfortante. Mal consigo descrever todas as sensações que ele é capaz de trazer à mim. Sou muito feliz tendo o mesmo ao meu lado e sou capaz de fazer qualquer coisa para conseguir te-lo apenas para mim. Foi algo que durou apenas alguns minutos, mas que para mim, é muito significativo. — Satisfeito, hein? — Ele pergunta sarcástico, rindo bobo, enquanto pega a bandeja de morango em minha mão.

— Obviamente! Amo conseguir o que quero. — Respondo da mesma forma, me sentando na poltrona que habitava pelo cômodo. Vejo-o indo até o banheiro, para lavar as frutas. — Hoje vou passar a noite com você. — Ele sai do cômodo animado pela notícia.

— Então, quer dizer, que você vai dormir comigo? — Ele propõe, e eu assenti com a cabeça, jamais iria negar um pedido vindo dele. — Perfeito! Podemos assistir alguns filmes que coloquei na minha lista na Netflix. — O mesmo vai até o seu frigobar e pega algumas comidas e bebidas para nós.

— Será uma noite incrível! — Vou até ele e envolvo sua cintura por trás, deixando um beijo em seu pescoço. — Logo o Batista estará atrás das grades, assim, poderemos viver felizes sem toda essa turbulência.

— Você promete? — Sinto o mesmo um pouco cabisbaixo. Provavelmente ainda se sentia mal por tudo o que havia acontecido e não é para menos. O que eu mais desejo é que todo esse pesadelo acabe para que possamos pensar em nossos futuros, de preferência, juntos.

— Prometo! — Digo com convicção, enquanto observo ele fazendo um hambúrguer para comermos. — Ele não ficará longe do hospital por muito tempo, senão tem riscos de ser demitido. Logo vamos conseguir acha-lo. — Pelos meus cálculos, ele tem apenas mais dois dias fora do hospital, após isso, precisa trabalhar e cumprir sua carga horária, ainda mais a que perdeu nesses dias fora.

Deixamos tudo isso de lado e focamos apenas em nós. Estamos estruturando nossa relação novamente, levando em consideração que nos afastamos bastante desde que Batista começou a ameaçar Tarik, mas de qualquer forma, jamais desistiria do mesmo. Pretendo cuidar dele como ninguém foi capaz de fazer nessa vida. O que sinto por ele é real e muito intenso, como se nada mais existisse quando estou com o mesmo. Não será o Batista e nem ninguém que irá atrapalhar nossas vidas e nossos planos. Tudo isso passou ao extremo dos limites e está na hora de acabar. Ainda não sei se ele tem pessoas para o ajudar nisso tudo, ou se ainda pretende fazer outras coisas. Em uma altura dessas, já pode se esperar qualquer coisa vindo dele, levando em consideração que ele sabe que está quase sendo descoberto. É visível seu desespero e sabemos muito bem que ele é capaz de fazer qualquer coisa para cumprir o seu objetivo. Por isso estamos em alerta com qualquer movimentação estranha dentro do hospital. Literalmente qualquer pessoa pode estar o ajudando, o que faz a pressão aumentar ainda mais sobre nós, para termos certeza que todos os pacientes estão seguros e que nenhum será uma próxima vítima.

Porém, de qualquer forma, estou disposto a fazer qualquer coisa pelo Tarik.

Falsas pistas (Mitw).Onde histórias criam vida. Descubra agora