Ajudante?

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Rafael Lange

Estou batendo freneticamente em minha mesa, enquanto diversos pensamentos vem a tona. Toda essa agonia precisa ter um fim, mas enquanto Batista não aparecer, iremos precisar continuar vivendo com pequenos ajustes na investigação. O que me preocupa é pensar que enquanto estamos parados, ele pode estar planejando diversas coisas contra nós e colocar em prática após todos estarem mais tranquilos em relação a tudo isso. Todavia, jamais vou conseguir ficar em paz sabendo que um criminoso está entre nós e pode até mesmo, tirar nossas vidas, para conseguir o que tanto quer. Ele já provou o suficiente que não tem empatia por ninguém e que seu ego é tão grande, ao ponto de fazer qualquer coisa para chegar em seu objetivo. Quem está mais prejudicado nisso tudo, sem sombra de dúvidas, é Tarik, que acabou confessando, de certa forma, que está sendo ameaçado por Batista. Provavelmente a raiva do médico deve estar sendo gigantesca, ao ponto se não se importar nem com a medida protetiva que aplicaram para não se aproximar do paciente. Não conseguimos saber quando e como ele irá agir. Um ser tão maligno é capaz de fazer coisas nos momentos que menos esperamos. Além de que, Felipe foi uma peça crucial para conseguimos chegar onde estamos agora na investigação, o que torna-o um alvo ainda mais fácil para Batista.

Enquanto reviso mais alguns papéis sobre toda essa situação, ouço batidas leves em minha porta, vendo Felipe em seguida. — Você tá há horas aí, decidi te trazer um pouco de comida. — Ele deixa em cima da minha mesa, um pote com comidas caseiras feitas pelo mesmo. — Qual é? Relaxa um pouco, Rafa! — Vejo-o se jogando no sofá que havia no cômodo, dizendo de forma irritada comigo.

— Tá com saudade de mim? Da minha companhia? — Brinco um pouco, para tentar descontrair. Odeio ver ele dessa maneira, ainda mais sabendo que é pela minha causa. É uma responsabilidade grande demais ser o médico dele, preciso pelo menos ser bom.

— Você sabe que sim. — Sinto seriedade em suas palavras, que em nenhum momento, olhou diretamente para mim. — Quando vai sair dessa sala? Seu cheiro tá grudado nesse lugar, credo. — Seu jeito insensível, também, é uma forma de demonstrar estar preocupação. Gosto desse diferencial nele.

— Irei sair em breve, preciso ir até o quarto de um paciente, o Luba. — Após minha fala, vejo-o revirar os olhos. — O que foi? Tá com ciúmes, Felps? — Sorrio com aquela cena, vendo ele se enfurecer ainda mais. Eu amo isso.

— Nem vem, caralho. — O mesmo cruza os braços. Foi nesse momento que levantei de minha cadeira e segui até ele. Me sentando ao seu lado. — O que tanto me olha?

— Adoro quando você fica com ciúmes. — Me aproximo de seu rosto, e mesmo com sua raiva, ele aceita tal aproximação. Selo nossos lábios em um beijo curto, mas cheio de sentimentos. Não costumamos fazer isso muitas vezes, mas em todas elas, sempre me vem sentimentos inexplicáveis. — Você sabe que é meu paciente favorito.

— Apenas paciente? — Me interroga, sentando em meu colo de forma sutil, mantendo um profundo contato visual. — Eu mereço ser mais do que isso, idiota. — Sinto as mechas de meu cabelo sendo levemente puxadas por uma de suas mãos. — Me responde!

— Você é meu favorito em tudo. — Seguro firme em sua cintura. — O meu homem favorito. — Ele sorri com minha resposta e nos beijamos novamente, mas dessa vez, é um beijo cheio de desejo. Somos intensos em muitas coisas e ele consegue me levar do céu ao inferno em somente segundos.

— Eu gosto assim mesmo, gatinho. — Diz próximo ao meu ouvido, em seguida, depositando beijos em meu pescoço. Continuo com minhas mãos no mesmo lugar, não sabendo ter reação por conta de todas as sensações. Confesso que jamais imaginaria que poderia estar assim com um paciente, mas ele é tão intenso quanto a mim.

Após mais alguns toques, nos separamos totalmente, mesmo contra nossas vontades. O horário e o local não é adequado para esse tipo de coisa, fora que tínhamos obrigações durante o dia. Quem sabe depois de tudo isso, não poderíamos aproveitar como tanto queríamos. Ele se despede de mim e vai para o seu quarto e sigo até o quarto do paciente, Luba, que precisava de meus cuidados nesse horário. Não é tão longe da minha sala, por isso, cheguei bem rápido. O hospital é imenso, mas já me acostumei a andar por ele inteiro, por isso, não se torna uma caminhada tão cansativa. Mas, posso confessar que estar aqui todos os dias costuma ser muito chato, já que gosto de estar em locais diferentes e agradáveis, mas ter um trabalho, ainda mais, com o cargo que ocupo, não é para qualquer um. Em antes de adentrar ao quarto do meu paciente, ouço gritos vindo de dentro do cômodo, o que me fez serrar o punho e abrir a porta bruscamente. Fazendo isso, é revelado um homem que aparento não conhecer, segurando o Luba contra a parede. Sem pensar duas vezes, aperto o botão de emergência e luto com aquele desconhecido, desferindo socos em seu rosto e o retirando o quarto, para bem longe do outro. Quando percebeu que havia médicos e policiais vindo, saiu correndo em outra direção. Alguns o seguiram, mas isso não é de minha responsabilidade.

Ainda amedrontado pelo o que acabara de acontecer e com os punhos ardendo pelos socos que distribuí no homem, sigo até o meu paciente, que parece bem assustado. — O que tava acontecendo aqui? Você se machucou? — Começo a olha-lo, percebendo que não havia nem uma ferida sequer, o que me deixa mais aliviado por pensar que cheguei antes de algo pior acontecer.

— Ele entrou aqui do nada, me perguntando coisas sobre você e como você conseguiu fazer parte da investigação e como conseguia ser tão bom. Basicamente, esse cara jurou que somos muito amigos, ou que sei sobre suas técnicas. — Ainda estava assustado por toda a situação e não conseguiu detalhar, de fato, o que aconteceu, mas isso já é suficiente para entender toda a situação.

Agora, está praticamente confirmado que Batista, tem sim, um ajudante. Algo que estou duvidando desde o início da investigação, mas nem sequer levaram tal coisa em consideração. Apenas sei que iremos precisar de atenção e cuidados redobrados. Se esse desconhecido foi capaz de atacar um paciente a luz do dia, com uma movimentação grande dentro do hospital, é capaz de fazer qualquer coisa, ainda mais se Batista mandar. Isso só me traz ainda mais motivação para continuar minha investigação e procurar algo que possa colocar ele na prisão. Pelo menos ele sabe que sou uma ameaça e que não estou para brincadeira. Vou até o fim para poder conseguir o que tanto quero.

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