Capítulo 16

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A tarde em Paris estava linda, havia muitas nuvens e apenas alguns raios de sol, chegamos ao Cafe de Flore e imediatamente encontramos uma mesa ao lado da janela.

— Amei esse arranjo de lírios na janela. — Nina disse enquanto colocava sua bolsa na cadeira. — Então, o que vamos pedir?

Olhei o cardápio, tinha várias coisas e era muito difícil saber o que pedir. — Que tal um mocaccino com rosquinhas?

— Está bem, mas vou só mudar a bebida.

— Como sempre. — respondo com ironia o que ela sempre dizia.

Assim que escolhemos, Nina chamou o garçom, fizemos nossos pedidos e esperamos.  Estávamos olhando a paisagem e conversando sobre coisas aleatórias.

  Ela pediu um minutinho para retocar o gloss enquanto eu ia conferir as mensagens, tinha algumas da Eliza e do Isaac, minha mãe nem se deu ao trabalho de mandar um “boa viagem”. E o meu pai, ele deveria estar na maternidade, porque devido às complicações o bebê nasceu na semana em que completava o 7.º mês, no caso hoje.

Minutos depois chegaram os pedidos, bem dizem que algumas pessoas só ficam felizes com a comida por perto.

— Vá logo conte a fofoca, como é a sua relação com a Sophia? — Nina questionou, tomando um gole de sua bebida.

— Somos amigos, porém fui à casa dela no começo da semana e por acaso nos beijamos, foi rápido… Acho que é o começo de alguma coisa.

Ela pulou da cadeira como se fosse uma revelação bombástica. — Você está brincando? Claro que é um começo Benício… Acho seu amor tão fofo, mesmo que ainda não seja oficial.

— Eu também amo o nosso amor, mas ainda tenho um pouco de medo de pedir para ficar com ela… Talvez por saber que meu meio-irmão deve amá-la, ou por tudo que aconteceu com ela antes. — contei enquanto tomava a bebida e mordiscava um donut.

A ruiva logo franziu a testa, arregalando os olhos azuis e fazendo beicinho como se estivesse confusa com a situação.

— Você tem que dar tempo a ela nessas coisas, mas como assim, meio-irmão? Você tem um? — ela perguntou confusa.

Suspirei profundamente e olhei para ela com os lábios franzidos. — Sim, e você até sabe quem é. — peguei meu celular e mostrei algumas fotos para ela.

Nina pegou e me olhou curiosa e, ao mesmo tempo, surpresa. Seus lábios formaram um belo “o”. — Oh, meu Deus, você está brincando comigo! Seu meio-irmão é o novo dono da… MENTIRA!!!?? — especulou ainda com a mesma expressão.

— Isso mesmo, meu pai descobriu isso em uma conversa com minha mãe depois que eles se separaram, eu fiquei em choque… E eu particularmente nunca imaginei que poderia ser meu irmão.

Ela me devolveu o telefone com uma expressão de “Isso é sério?”.

— Vocês são parecidos, como não pensar nessa possibilidade? — ela disse pegando um donut.

— Tem gente que se parece e não é irmão, Nina.

— Você está sendo precipitado, mas mesmo assim tem razão… Se não tiver um teste de DNA, não prova nada!

Rimos da situação, a tarde estava ficando cada vez mais fria, pegamos nossos casacos e continuamos conversando.

— E você? Como estão os laços com seus pais depois daquela briga, sei que aquela época foi a pior de todas, tudo que falaram e fizeram contigo… Tá tudo bem? — perguntei olhando-a.

A Nina sempre conversava sobre isso comigo, em todos esses anos de intercâmbio era apenas nós dois. Uma dupla apocalíptica.

— Olha Benício, bem nós nunca ficamos. Tu mesmo sabe disso tendo a Suzi como mãe, só fico com pena de ter deixado minha irmãzinha na casa com aquele lar instável, que todos querem te colocar em uma linha branca controlando cada parte do seu corpo é mente. — disse suspirando lentamente.

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