Capítulo 30

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— Chicken little do condomínio, vem aqui. — Nina fez um gesto ao me chamar.

Franzi a testa e então me levantei com um pedaço de panqueca na mão, entrei na sala azul pastel com alguns móveis escuros e brancos e vi todos sentados.

— Já brigamos em um bar, passamos em alta velocidade por um semáforo, Kailan entrou em uma boate e quase levou uma garota embora sem autorização. — Disse a ruiva, suspirando. — O que mais é necessário para nos tornarmos conscientes?

— Somos da bagunça. — Adryan disse enquanto levava um baseado até os lábios.

— Ah, claro… Logo a polícia bate na porta da quadrilha. — Dandara ironizou, esticando as pernas no sofá.

— Você também está no meio, não pode reclamar. — Kailan a cutucou.

Quando vi todos tentando chegar a um acordo, resolvi falar, mesmo que os outros não concordassem.

— Pessoal, um minuto, por favor. — Bati com os nós dos dedos na mesa de centro e deixei o copo de suco na madeira fina.

Notei os olhares dos meus amigos e respirei fundo, sentando-me na poltrona de veludo vermelho. Senti um nó na garganta, mas segui em frente.

— Todos viemos aqui com um objetivo e sei que, além disso, você quer se divertir e aproveitar ao máximo. — Olhei para todos que, por milagre, pararam para ouvir. — Mas concordo com a Nina que realmente passamos dos limites, não é bom para nós e para as pessoas que estavam lá quando tudo aconteceu.

Notei as pupilas de Nina dilatadas em meio ao azul de seus olhos ao mesmo tempo em que ela acenou.

— Todos nós aqui queremos ser alguma coisa e, claro, não queremos nos prejudicar com nossas ações. — Ela afirmou, olhando para os outros. — Aqui são dois pintores, uma dançarina, um estilista e um violonista, não queremos que tudo isso acabe em piadas impensadas.

— Tudo tem limite, gente. São as nossas vidas que estão em jogo. — acrescentou Dandara.

Os demais assentiram, não foi só pela profissão, mas pelo cuidado que tínhamos entre si, lembrando que nosso objetivo não era fazer bagunça e sim correr atrás dos nossos sonhos.

— Ok, podemos parar com tudo isso, mas e se fizermos algo como despedida? Só para garantir que nunca mais cometeremos erros ou nos colocaremos em risco novamente? — Kailan propôs erguendo as sobrancelhas.

Todos se voltaram o olhar para Kailan, ficando em silêncio por um momento enquanto ele tragava mais uma vez o baseado. Com certeza ele só poderia estar muito chapado junto com Adryan para dizer uma coisa daquelas, mas só tivemos a confirmação quando ele pediu para aumentar o volume da TV que estava desligada.

— Há exceções, Kailan. — Dandara riu, dando um tapinha no ombro do amigo.

Naquele dia, acabamos conversando sobre o que fazíamos e o que poderíamos mudar, seguimos para a Universidade e por incrível que pareça, levamos uma bronca por infligir as regras.

Estávamos no vestiário retirando os vestígios de tinta que restaram em nossos corpos quando vimos Adryan entrar.

— Vou te dizer uma coisa, se tivéssemos que pagar pelos nossos pecados e pela bagunça que fazemos, eu pagaria penitência, mas escolheria não esquecer de nada. — Ela disse enquanto pegava uma toalha limpa.

Rimos em uníssono e enchemos um balde com água para remover a tinta.

— Embora sejamos um grupo que parece que não saiu da quinta série, gosto dos momentos lúdicos e sérios que temos. — Admiti, pegando uma esponja.

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