Capítulo 31

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Ao nos dirigirmos para a casa de Beatriz, pude ver que Sophia estava rezando a todos os Santos, deuses e entidades para que parassem com a vontade de voar no pescoço de Madeleine.

Há duas semanas, a mulher havia deixado Safira do lado de fora, mesmo sabendo que a pobre gatinha tinha uma cama quentinha dentro de casa. E claro que os pratos e talheres não voaram porque Sôsô queria sossego e deixou o felino em casa por alguns dias.

Chegamos em frente ao portão da Beatriz, há poucos dias ela começou a reforma da casa, após a morte da mãe. Ouvimos alguns tambores e barulho de ferramentas e logo Chico apareceu.

— Bom dia, meus sobrinhos. Vocês dois não deveriam estar no Tropicale neste momento? — Ele perguntou enquanto limpava as mãos em uma flanela, abrindo o portão.

— Devíamos ter, mas o inspetor bateu na porta alegando que a comida estava vencida. — Sophia deu a palavra, entrando e dando um beijo na bochecha de Chico.

Madeleine fez o mesmo, mas o homem afastou-se e apertou-lhe a mão. Contive o riso e me aproximei dele, dando-lhe um abraço.

— Mas você já deve ter em mente quem é essa pessoa. — Adivinhou, erguendo discretamente as sobrancelhas em direção à Madeleine.

Ela rapidamente assentiu, vendo a mulher de costas olhando a reforma da casa. Chico balançou a cabeça e soltou um suspiro pesado.

— Vou ver a Beatriz, você fica aí, Benício? — Ela perguntou, entrando na casa.

Acenei e fui até a mesa de carpintaria onde Francisco cortava algumas tábuas de madeira.

Eu sabia que o assunto ali iria ferver como óleo de fritura quente, então resolvi ajudá-lo até o momento em que fomos chamados.

Sophia Ross

Olhei para a nova decoração do quarto e sorri, sabendo que já havia feito todo o planejamento com ela, uma cor mais viva como o vermelho, combinando com a cor vinho que separava as paredes.

— Sophia! Ai, minha menina, vi a notícia… já está circulando em todos os grupos. — Ela disse com pesar na voz.

— O que eles fizeram foi uma brincadeira, mas como o Benjamin havia dito, vamos reverter essa situação. — Eu disse com um sorriso.

Senti um cheiro delicioso de mousse e a segui até a cozinha. Helena e Heitor estavam lá, ainda com as roupas que usaram na catequese.

— Sophia! — gritaram em uníssono, me abraçando em menos de segundos.

— Olha, preciso te contar uma coisa. Helena me pediu para dar o nome dela para Marta, aquela mulher que faz artesanato e dá aula para as meninas. — começou Beatriz, mostrando uma sacola que Leninha havia feito.

— É lindo! Parabéns, irmãzinha. — Sorri, vendo seus olhos brilharem e beijei sua testa.

— E consegui colocar o Heitor no treino de basquete, como você disse. — Ela avisou, lembrando da nossa conversa anterior.

— Agradeço, tia! Agora, Heitor, quero que faça uma cesta para mim, não esqueça. — Eu o abracei, bagunçando seus cachinhos.

Sentamos e começamos a conversar sobre o dia a dia, que já estava difícil há alguns meses depois de tanto trabalho e da mudança na escola dos meus irmãos.

— Gente, que cheiro delicioso! — Madeleine comentou, entrando na cozinha.

— Tudo que a tia Beatriz faz é uma delícia, você deveria passar uma tarde com ela, Madeleine. — disse Helena, enquanto pegava uma colher do mousse.

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