Capítulo 3

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"Viajou um mês pra Paris
No outro pra Amsterdã
Ai meu Deus
Essa novinha tem Only
Tchan, ran, tchan, tchan".

E era com essa música que Benício acabava com o resto de paciência que eu tinha.

Faltavam alguns minutos para chegar no trabalho, Benício até então continuava fazendo piada com a música.

— Pra que inimigo se tenho você né, Benício. — resmunguei desligando o som. Comecei a ter essa intimidade com ele, sabe?

— Tu me ama gatinha, não seja uma Bad girl! Uma foto do seu pé vale milhões no Onlyfans. — retrucou dando um tapinha em minha mão. — Mas me conte, aquela sua tia... Aquela que seus irmãos chamam de bruxa às vezes, por que ela expulsou vocês de casa? Não era para ter cuidado e ajudado até os 18 conforme seus pais disseram?

Engoli em seco, mesmo que eu conhecesse Benício a 4 anos, ficamos inseparáveis desde de o primeiro momento que nos conhecemos, porém nunca cheguei a falar sobre mim... Já ele foi como um papagaio fofoqueiro, não parou nem sequer um minuto desde que me conheceu numa festa de aniversário.

— Bom, ela queria apenas empregados e a famosa herança que haviam deixado pra gente, alguns papéis que meu pai assinou e guardou no meu nome e o dos meus irmãos. Foi difícil para entender no começo tudo aquilo, teve algo... Um acontecimento maior também. Fora que eu não era a protagonista da minha vida, ou seja uma marionete. — expliquei a ele que ouvia atentamente. — Nada tava bom, nada que nós sentíamos importava... Madeleine nunca teve amor ou cuidados com meus irmãos, 1 mês antes de sair de lá descobri o que ela realmente fazia. Ela passou a ser um nada quando descobrir que os maltratava.

Agora cá entre nós, cuidar de crianças ou pré-adolescentes não é fácil, ainda mais quando tem abandono familiar... Porém, quando temos alguém que nos ajuda e nos guie, faz tudo ficar mais saudável, isso é como estar no céu, graças a Bia meus irmãos têm uma educação maravilhosa, só gostam de fazer graça às vezes.

Ele ficou pensativo, devo dizer que tive um calafrio... Na verdade, isso foi mais por voltar as lembranças daquele dia.

— Agora eu te digo, pra que inimigos se tem uma tia dessa! Então, você já entrou em contato com o advogado para recorrer sobre todas coisas, né? — perguntou enquanto me olhava de soslaio. — Sei que alguns fatos importam para você, inclusive o que diz respeito aos seus irmãos e o cuidado deles.

— Sim, apesar de algumas coisas e sabendo que não vai ser fácil, eu penso no futuro deles e sei que posso ajudar do melhor modo... — respirei fundo enquanto olhava o rapaz ao meu lado. — Os advogados dos meus pais entenderam tudo que aconteceu e como eu estava no momento, depois passei a morar com a Beatriz que nos ajudou até eu ficar de maior, hoje somos só nós 3... E também eu não iria perder meu tempo com a maluca da Madeleine!

Ele me encarou ao parar no sinal.

— Apesar dela ter te passado a perna e se mostrado uma idi... — Ele me fitou enquanto segurava suas opiniões. — Uma mulher ruim, hum!? Você está sendo até gentil com ela, não a colocando no xilindró... — afirmou, suspirando e apertando o volante.

— Como eu disse Benício e... — Ele me interrompeu.

— Bem que merecia estar limpando privada... Onde já se viu, fazer isso com os próprios sobrinhos! É uma legítima judas mesmo, "Ai, amo meus sobrinhos", ama o que sua velha maluca.

O encarei segurando o riso enquanto via ele fazer algumas caretas.

Retornamos ao restaurante, ele me deixou na entrada e avisou que qualquer coisa eu podia ligar que ele iria atender, porém, como sempre, falou que poderia existir alguns imprevistos como: ele ter cochilado assistindo Netflix... Ou o celular ficar no silencioso enquanto ele está jogando truco, baralho ou sinuca, com os amigos.

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