Capítulo 24

36 7 58
                                    

O aniversário foi incrível, exatamente como eu desejava para meus irmãos. Leninha e Heitz cortaram o bolo e trocaram os primeiros pedaços. O segundo foi para mim e Beatriz. Não consigo esconder o quão feliz estava com o que estava acontecendo.

— Parece que, quando perdemos alguém, nosso mundo para… — Beatriz sussurrou para que eu a ouvisse.

— E realmente para, Tia Bia… Demora um tempo para tudo se recompor. — Falei, dando um abraço na mais velha.

A mulher suspirou por um momento e deu alguns tapinhas nas minhas costas. Sorri em resposta, mesmo sabendo que havia mais coisas para resolver.

— Você é forte, meu bem… Agora a casa está mais cheia, com a Samantha e o Benício para passar o dia com vocês. — Beatriz falou com a voz chorosa e os olhos felizes.

Após cortar o bolo, Benício colocou uma playlist repleta de músicas de Michael Jackson, Sam Smith e Coldplay.

— Acho que devemos esquecer a raiva que tive por você esconder que era irmão do Benício… — Falei ao me aproximar de Benjamin, que estava bebendo uma cerveja.

— Sei que deveria ter contado a você, mas havia muita coisa nisso… E ainda mais pela mãe dele ser daquele jeito com ele. — Benjamin explicou.

— Tudo bem… Entendo o motivo e já até imagino como foi para você descobrir isso antes. Vamos esquecer isso? — fiz a proposta e dei um abraço nele.

Ele apenas acenou e sorriu. Aproveitamos a festa, e meus irmãos ainda mais. Helena, Heitor e os amigos pularam diretamente na piscina, jogando vôlei e fazendo piadas entre si.

Foi a melhor coisa que poderia acontecer hoje.

Alguns dias depois.

Benício estava trabalhando no Tropicale, entregando todas as encomendas. Benjamim estava mais recluso no escritório, e por algumas vezes, os irmãos faziam graças no salão do restaurante.

Não negarei, estou quase pirando com o convite da minha tia, e a conversa com o meu advogado foi plena. Ele disse que até seria bom se eu fosse para ver de perto as coisas.

Ao terminar tudo na cozinha, dei um tempo e fui até o salão do restaurante para ver se encontrava um dos dois irmãos.

Benício estava entrando com o capacete na mão e a jaqueta no ombro. Ganhei um beijo de boa tarde e sorri ao ver o rosto dele vermelho.

— Você não vai mesmo poder ir comigo? — Perguntei ainda abraçada com Beni.

— Não, o meu querido irmão me deu uma carga de serviços bem cheia para os próximos meses... — ele disse coçando a nuca. — Mas posso reverter isso, vou falar com ele.

— Não, acho que é melhor você ficar... Preciso enfrentar a Madeleine sozinha e de uma vez por todas. — Afirmei olhando para ele, ainda com muito receio.

Benício sorriu, mesmo estando preocupado com a minha ideia, mas eu sabia que isso era o melhor por agora.

Madeleine Ross

Palmas, TO, às 14h30 da tarde.

— Sophia… Então é nesse lugarzinho que você trabalha?! — murmurei internamente ao olhar as fotos no meu celular.

— Mais alguma coisa, senhora? — Rodolfo se aproximou, entregando-me as sacolas.

— Não, muito obrigada, rapaz. Aqui está sua gorjeta.

Segui em direção ao carro de Alexandre e, ao abrir a porta, percebi seu sorriso cínico.

— Aproveita enquanto ainda tem dinheiro guardado, Madeleine. Fico só pensando na alegria da Sophia em te proibir de ir à editora da Maria Cecília, além de ter sido proibida de pisar na imobiliária do Arthur e ter os cartões de crédito cancelados… Já dá para fechar o ano.

— Cala a boca, estúpido. — falei ao me acomodar no banco do carro. — Sei o que estou fazendo e já tenho em mente como vou conseguir tudo de novo.

— Madeleine, você está falida; se quer saber a verdade, essa ideia de chamar a Sophia para cá foi uma completa loucura. — Alexandre afirmou enquanto dirigia.

— E você quer que eu faça o quê? Que eu fique sem dinheiro para me mimar e dar seus presentinhos? Aliás, você só tem esse carro porque eu te dei! — lembrei quase em um grito.

Alexandre ficou em silêncio, apenas batucando no volante enquanto seus olhos azuis rodeavam a rodovia.

— Só estou querendo dizer que a Sophia vai te colocar fora de casa. — Ele supôs levantando uma das sobrancelhas. — Ela bloqueou seus cartões para você parar de extorquir os negócios que os pais deixaram! — Alexandre esbravejou ao bater no volante.

Coloquei a mão no rosto, ignorando toda a raiva que ele estava sentindo naquele momento e soltei o ar que prendi em meus pulmões pelo tempo em que estávamos "discutindo".

— Será que você pode pelo menos pensar positivo? Uma vez na sua vida, capacho. — Pedi olhando para ele. — Francamente, eu errei feio quando aceitei sair com você.

Alexandre me olhou com incredulidade e freou o carro de uma vez só.

— Não dá para pensar positivo quando sei que você faz isso porque passou a vida acumulando uma raiva inútil da sua falecida irmã. — Alexandre disse quase num grito.

— Ou você faz o que mando, ou sai da minha vida, Alexandre. — Falei ao sair do carro e entrar no hotel em que estávamos.

Eu não iria deixar um homem de altura média gritar comigo e nem dizer o que eu faço! Sei bem o que tenho de fazer para a Sophia cair aos meus pés e aceitei que eu cuide de todo o dinheiro que minha querida irmã e meu querido cunhado deixaram.

Me aproximei do balcão e percebi os vários lustres luxuosos juntamente com uma decoração em cor vinho e móveis caríssimos.

— O de sempre, por favor. — Falei dando um curto sorriso para a recepcionista.

— Aqui está a chave da sua suíte, Sr. Ross. — A jovem de cabelos ondulados me entregou o objeto, retribuindo um sorriso simpático.

Caminhei em direção ao elevador do grande hotel e logo vi Alexandre vir correndo com nossas malas, subimos, e em alguns minutos estávamos na luxuosa suíte.

— Bom, agora temos que desfrutar e pensar em planos! — Afirmei e fui até a varanda do quarto em que estávamos.

Nunca É Tarde Para Recomeçar.Onde histórias criam vida. Descubra agora