— Madeleine, posso falar com você por um momento? — Parei no meio da porta da cozinha, enquanto Sophia conversava com seus irmãos.
Observei a mulher se dirigir à cozinha, seu nariz permanecia erguido mesmo depois de Helena dizer a verdade.
— Vejo que mudou de ideia, Beatriz… — ela disse sorrindo falsamente, sentando-se à mesa.
— Não mudei, muito pelo contrário. — Peguei um pouco de café e servi para ambas. — Só quero te dar um aviso.
Peguei um punhado de açúcar, coloquei no café e mexi calmamente, se Benício estivesse aqui ele reclamaria da quantidade de açúcar.
— Então vamos conversar, Beatriz. — ela disse, dando um gole no café.
Respirei fundo e encarei a mulher por um momento, tentando não ouvir meus pensamentos intrusivos e jogar a xícara inteira na cara dela.
— Espero que você volte para fazer o bem para a Sophia, não faça nada de ruim para a minha garota, senão vai me ver. — disse, levantando uma das sobrancelhas.
Madeleine moveu os lábios para retrucar, mas permaneceu em silêncio, olhando ao redor da cozinha.
— Eu nunca machucaria minha sobrinha, acredito que ela já tenha te contado sobre todas as coisas boas que fiz. — disse enquanto levava a mão ao peito.
Sorri ao ver que ela continuava cínica, mesmo sabendo que nem todos cairiam em suas falsas promessas.
— Seja como for, você está avisada. — Bebi meu café e deixei a xícara no pires.
Levantei-me e fui em direção ao quintal da casa, onde Sophia estava com seus irmãos. Observei por algum tempo, suspirei, aspirando o ar fresco que as árvores frutíferas traziam para aquele lugar.
— Sophia, está ficando tarde, minha filha. — Avisava, me aproximando dos três. — Espere o Francisco chegar para levá-la para casa, é melhor não andar por aí.
— Não se preocupe, tia… Ainda são 18h. — Ela disse, olhando o relógio em seu pulso.
— Mesmo assim, você precisa descansar… Ainda mais com essa, Madeleine na sua casa.
Ela assentiu e se levantou, procurando pelos irmãos. Heitor e Helena estavam juntos colhendo algumas mangas e laranjas das árvores no quintal.
Eles logo voltaram com uma tigela cheia delas.
— Tia, podemos dormir aqui? Eu não quero dormir na casa com a Madeleine. — Helena perguntou, quase implorando.
— Sim, vocês podem, Helena. — Passei as mãos pelos cachos dela, que estavam em um delicado penteado.
Helena sorriu, me abraçando pela cintura, mas logo se afastou e olhou para a irmã.
— Tu se importa, Sôsô? — ela perguntou com um ar de preocupação.
Sophia acenou com a cabeça negativamente e sorriu para a irmã mais nova.
— Tudo bem para mim, Leninha. — concordou, acariciando a bochecha da mais nova. — É melhor que vocês durmam aqui, até que tudo se resolva.
— Sinto que você está aprontando algo, mas não consigo dizer o que. — a garotinha disse, colocando a mão no queixo com um olhar pensativo.
— Tudo está acontecendo como deveria, pequena. — Sophia afirmou, dando um abraço apertado em Helena.
Enquanto as duas foram para o chuveiro, eu arrumei algumas fatias de bolo de cenoura e panquecas americanas na tigela para Sophia levar. Francisco chegou às 18h30 do trabalho.
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Nunca É Tarde Para Recomeçar.
DiversosSophia Ross Colleman enfrenta uma enorme responsabilidade imposta por seus pais após uma tragédia e a traição de sua tia. Ela assume a guarda e o cuidado dos irmãos Heitor e Helena como sua maior prioridade. Onze anos depois, Sophia e seus irmãos de...