Entramos no carro para ir até a casa de Benjamin, onde meus irmãos estavam com Carmen. Beatriz e Francisco ficaram de ir depois, então resolvi deixá-los com a Cacá.
Estava com os olhos fixados na janela quando decidi ouvir a conversa de Benício e Benjamin.
— Por que você tem esse chaveiro de pena aqui? — questionou, pegando no objeto. — Posso colocar uma música?
— Eu gosto de objetos assim. Esse chaveiro foi feito com pena, mas não quer dizer que foi arrancado. — disse sério, enquanto abria a porta-luva. — A minha irmã ajudava um grupo de hippies que fazem artesanatos. Eles iam para locais onde tinham matas, pegar algumas penas caídas no chão, folhas, e outros tipos de coisas. Depois, eles as transformavam. Fique à vontade para colocar a música.
Ele olhou com uma das sobrancelhas arqueadas e apenas deu de ombros, continuando a olhar os vários chaveiros que tinha.
Minutos depois, ele mexeu no celular procurando a música.
“Quem vê os dois sorrindo nem imagina que eles queriam se atracar no Tropicale.” Pensei, olhando para ele.
— Aí, Benji, se liga nessa música. — disse, aumentando o som.
— Eu adoro essa música, ela sempre toca lá no Tropicale.
— Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia.— cantaram juntos enquanto faziam batuques.Eu os encarei, contendo a risada, mas não consegui. Seguimos os três cantando juntos.
— Vai, Sophia, vai! — Benício disse, abrindo os braços e balançando. — E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu— Vocês são foda! — falei, gargalhando.
A música terminou e seguimos o caminho em silêncio, como se nada tivesse acontecido.
— Essa música é boa de mais — Benjamin disse, ainda batucando no volante. — Você se lembra do dia em que estávamos preparando a inauguração e você começou a dançar, Sôsô?
— Sim, lembro bem. E você foi junto, haha! — falei, relembrando o momento. — O Benício estava como um DJ profissional.
Eu conhecia Beni há pouco tempo, mas, como disse antes, já estávamos inseparáveis! Já com Benjamin, demoramos um pouco para conseguir ter uma boa convivência.
Flashback
5 anos atrás
Hoje é o grande dia da inauguração do Tropicale. Estou tão feliz de ter conseguido esse emprego, mesmo que seja apenas como recepcionista.
— Sophia, você poderia por favor fazer com que aquele garoto arrumasse o som? — Sr. Benjamin pediu, vindo em minha direção. A expressão dele era sempre a mesma, brava e antipática.
— Pode deixar, já vou falar com ele. — falei, sorrindo. — Senhor Benjamin, você quer que altere mais alguma coisa, ou que mude algo?
Ele me olhou, semicerrando os olhos, jogando alguns papéis na mesa. Confesso que naquela hora senti um frio na barriga. Fazia um ano que o senhor Lucas, antigo dono do agora Tropicale, havia ido embora, e ele era pior que o diabo, trazendo o chef Caio.
— Quero apenas que me deixem em paz. Se realmente precisar de algo, Sophia, me chame. — disse, passando ao meu lado com seu semblante zangado, mas estava aparentemente cansado com aquele tumulto.
Seus olhos eram lindos, com um tom de azul-bebê que brilhava sob as luzes do restaurante. Sua barba estava aparada, de um tamanho médio, e seus cabelos pretos eram cortados na altura dos ombros. Ele tinha um corpo forte que se destacava sob a camisa polo marrom e a calça social preta.
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Nunca É Tarde Para Recomeçar.
De TodoSophia Ross Colleman enfrenta uma enorme responsabilidade imposta por seus pais após uma tragédia e a traição de sua tia. Ela assume a guarda e o cuidado dos irmãos Heitor e Helena como sua maior prioridade. Onze anos depois, Sophia e seus irmãos de...