01 - Desculpe, foi engano!

2.9K 90 63
                                    

🖇 |  ALASKA WRIGHT

Meu primeiro dia de folga depois de duas semanas inteiras me dedicando naquela empresa. Estava correndo atrás de uma promoção há meses e sabia que era só questão de tempo. Infelizmente, tive que me desligar de algumas coisas e escolher ao que daria mais atenção, resultando no esfriamento do meu relacionamento com o Michael, meu namorado há dois anos. Ele dizia que entendia, mas dava para ver em suas expressões o quanto estava descontente por eu trabalhar demais. Queria achar um jeito de reacender a chama, mas não era muito criativa na questão romântica.

— E se vocês fizessem um ménage? — minha melhor e mais excêntrica amiga Dixie soltou essa enquanto compartilhávamos uma garrafa de vinho na sala da minha casa.

— Não acho uma boa ideia dar outra garota para o meu namorado se concentrar enquanto tento fazê-lo me amar mais. — levei a taça à minha boca e dei um gole.

— Não precisa ser uma garota. — sorriu de canto.

— É claro que ele vai adorar me ver trepando com outro cara. Ótima ideia, Dix! — ironizei rolando os olhos em seguida.

— Uma fantasia! — exclamou com a nova ideia. — Do que ele gosta? Algo medieval? Mitologia grega? Você pode fingir ser a Afrodite visitando um mortal para castigá-lo com a sua vagina.

— Com que tipo de homens você anda saindo? — franzi o cenho a olhando com estranheza. — Estou realmente preocupada.

— Sabe qual é o seu problema? Você está focada demais em ganhar dinheiro e não consegue pensar fora da caixinha. É uma excelente editora e logo vai se tornar chefe do seu departamento, todos sabem disso, não se esforce mais do que precisa.

— Não vou me acomodar até ter o que quero.

— Mas não pode perder o fogo com o seu homem no processo. — pontuou. — Ah, já sei! — fez aquele olhar de nova ideia. — Sexo por telefone!

— Meu Deus... — rolei os olhos novamente. — Você consegue pensar em algo que não envolva sexo?

— Não? — indagou.

— Está assistindo pornô demais.

— Na verdade são os livros. — corrigiu-me.

— Lembre-me de nunca trabalhar com esse tipo de livro. — dei risada.

— Talvez você não goste de fazer coisas diferentes porque não é boa nisso. — provocou-me propositalmente.

— Isso é bem constrangedor. — torci o nariz.

— Vocês namoram há dois anos! Nada deveria ser constrangedor.

— Eu posso parar de ouvir as suas ilustres sugestões agora? Certamente não são para mim.

— Você não sabe o que está perdendo. — negou com a cabeça em reprovação.

Jogamos mais conversa fora e depois eu me despedi dela. Éramos bem opostas uma da outra. Enquanto eu era séria, calma e realista, Dixie era piadista, agitada e com imaginação fértil. Como duas peças de um quebra-cabeças, nossas diferenças formaram um perfeito encaixe. Acompanhá-la era um desafio, mas eu acabava me divertindo com suas fantasias loucas e expectativas exageradas sobre o mundo.

Lavei as duas taças que usamos, depois peguei o meu celular e sentei no sofá. Comecei a olhar as redes sociais até me sentir entediada o bastante para pensar em coisas que eu normalmente não pensava. E se a Sabina estivesse certa? Bom, ela raramente estava, mas agora não parecia uma ideia tão ruim assim fazer algo sexualmente diferente com o meu namorado. Ninguém iria saber, nem mesmo a Saby precisava saber. E ela de fato me deixou tentada ao dizer que eu não fazia essas coisas porque não sou boa. Eu era boa em tudo o que me propunha a fazer, era uma audácia me subestimar.

Call Me When You Want ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora