05 - Eu não sou um pervertido.

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🖇 | ALASKA W.

Como a pessoa metódica que era, eu de fato ensaiei um discurso do que diria para o Vinnie. Estava com as palavras prontas e iria encerrar o problema de uma vez. Nunca mais tocaríamos no assunto e eu poderia me concentrar em apenas odiá-lo. Cheguei cedo à empresa e fui ensaiando o meu discurso enquanto caminhava até a sua sala. Como a porta estava aberta, eu peguei ele conversando com a Bethany e pela maneira como ela ria ou ele estava contando a melhor piada do mundo ou a pediu em casamento.

Bati na porta duas vezes chamando a atenção dos dois para mim. Bethany me olhou com superioridade e uma felicidade que não estava lá no dia em que Vinnie foi anunciado como novo editor chefe. O que teria mudado para ela? Usando o meu raciocínio, era meio óbvio que assim como boa parte da empresa Bethany caiu no charme dele só por causa de sua aparência. Não estávamos mesmo acostumados a ter um chefe com menos de quarenta anos, mas ainda assim, na minha opinião, não era para tanto.

— Bom dia, Alaska! — Vinnie me cumprimentou com um sorriso. — Estava falando com a Bethany sobre as medidas que ela tomaria caso estivesse no meu lugar. Ao contrário de você ela tinha muitas ideias.

— Aposto que tinha. — e as deu de bandeja como uma vadia de pernas abertas. — Eu posso falar com você, senhor Hacker? Em particular. — encarei a Bethany.

— Claro. Já acabamos aqui. — ele também olhou para ela.

— Um prazer conhecê-lo, Vinnie. — ela sorriu para ele demonstrando uma simpatia que nunca teve.

Nos encaramos quando ela passou por mim e eu corri para fechar a porta. Vinnie abriu a boca para protestar, mas eu ergui o dedo em sinal de silêncio.

— Ninguém pode ouvir o que eu vou dizer. — expliquei.

— Estou ouvindo. — ele claramente sabia qual era o assunto.

— Eu só queria deixar claro que não sou uma pervertida e pensei muito sobre se você seria, mas cheguei à conclusão de que não me importo. Naquele dia eu queria ter ligado para o meu namorado, mas por uma distração acabei ligando para o número errado. O seu número. Foi muito constrangedor e está sendo agora, então eu me sentiria mais confortável se fingíssemos que isso não aconteceu.

Ele começou a assentir e ficou com um semblante pensativo.

— Ele ainda é seu namorado?

— O que? — franzi a testa. — Por que isso seria relevante?

— Só estou curioso. — deu de ombros.

— Não. Ele não é mais o meu namorado.

— Por que?

— Porque é um idiota que achava a minha carreira uma bobagem.

— Ah, então você fez bem. Nunca coloque as pessoas acima da sua carreira. Pessoas são imprevisíveis, mas o seu futuro profissional pode ser controlado.

— Não preciso que me diga coisas que eu já sei. — fui grossa.

Tudo o que ele fez foi sorrir. Era irritante que ele tivesse esse comportamento de diversão toda vez que eu tentava provocá-lo. Só podia ser a atitude de um perfeito pervertido.

— Vai fingir que isso não aconteceu ou eu vou ter que me preocupar? — o pressionei.

— Se preocupar com o que? Eu nem sei quem você é. — falou despreocupado.

— Ótimo. — forcei um sorriso e dei as costas para sair.

— Wright, só para deixar claro... — chamou a minha atenção de novo. — Eu não sou um pervertido. Também achei que você era outra pessoa quando ligou pra mim.

Call Me When You Want ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora