03 - Garçonete literária.

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🖇 | ALASKA W

— É muita falta de respeito colocar alguém de fora ao invés de promover os de dentro! — gritei irritada enquanto andava de um lado para o outro da minha sala. — Que merda Vinnie Hacker fez por essa editora!? Eu fiz muitas coisas! Abdiquei de diversões, sacrifiquei minha vida pessoal e coloquei em risco o meu relacionamento! Aposto que ele nem fazia ideia de quem éramos nós antes de receber algum tipo de convite!

— Maddy, agiliza aí! — Kio a apressou na procura sobre quem seria Vinnie Hacker.

— Achei! Vinnie Hacker é um dos editores de uma empresa concorrente e conta com mais de sessenta livros revisados e publicados através dele.

— Sessenta!? Eu tenho mais de oitenta! — bati o pé irritada.

— Parece que ele terminou a faculdade depois de você, deve ser por isso.

— Então eu tenho mais experiência! — eu ficava mais irritada a cada nova informação. — O que ele tem de especial?

— Ah, entendi. — ela começou a balançar a cabeça depois de ler alguma coisa. — A mãe dele é Maria Mitchell.

Parei de caminhar e soltei o ar. Juntei minhas mãos em punhos e tive que me controlar para não ter um colapso. Tudo se tratava de privilégios no final. Maria Michell foi uma das editoras responsáveis pela fundação da Dreams in Letters há vinte anos. Ela havia falecido há cinco anos e desde então o nome dela era tratado como santuário da empresa. O que eu não imaginei era que ela tivesse filhos, porque não foi casada e seu estilo de vida era mundano.

Kio ficou tão confuso sobre isso quanto eu e como não tinha papas na língua fez a primeira pergunta que surgiu em sua cabeça.

— Ela não era puta?

— Kio! — Maddy o repreendeu. — Não fale assim só porque ela era uma mulher com senso de liberdade!

— Eu quis dizer literalmente. Soube que os investimentos desse lugar são enraizados na prostituição. — explicou.

— Isso é só boato e dos mais maldosos. Maria era um gênio. — voltou a olhar o computador. — Parece que ela teve gêmeos com um cara que conheceu em uma viagem, mas não os criou. Eles foram criados pelo pai e tiveram pouco contato com a mãe. Vinnie é um deles, o outro se chama Jack.

— Perdi a minha vaga para um bastardo?

— Nossa, ele deve ser cheio de problemas. — Kio riu.

— Vocês são terríveis! — Maddy reclamou.

— Ah, qual é, ninguém está ouvindo. — Kio rolou os olhos.

— Vamos dar um voto de confiança, não sabemos como ele trabalha. Além disso, deve ser difícil ter sido criado distante da mãe. — Maddy disse.

— Não é hora de ser um anjo, é hora de ficar puta por não ter recebido o que eu merecia! — berrei. — Foda-se o mommy issues dele! Meritocracia é o caralho!

Kio riu alto enquanto Maddy me olhava horrorizada.

Meu celular começou a tocar e eu arregalei os olhos ao ver que era o Michael e que eu havia esquecido completamente do nosso almoço. Fiquei tanto tempo reclamando com os meus amigos que esqueci de todo o resto.

— Oi, amor, me desculpa, eu fiquei presa no trabalho, mas eu já estou correndo até aí! — fui dizendo quando atendi.

— Por favor, não demore. Eu troquei para o turno da noite por sua causa.

— Eu sei, desculpa. Até mais. — desliguei e busquei a minha bolsa. — Tenho que ir. Madd certifique-se de que o Kio saia da minha sala.

— Que amor! — Kio debochou. — Talvez o Vinnie tenha ganhado a vaga porque é mais gentil que você.

Call Me When You Want ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora