10 - Solteira e triste.

903 59 22
                                    

🖇 | ALASKA W.

Dixie resolveu fazer uma visita inesperada à noite, mas eu achei ótimo porque era estranho passar o dia tão sozinha sem fazer nada. Quando ela bateu em minha porta, eu abri e me deparei com ela segurando um gato de pêlo amarelo e olhos verdes. Franzi o cenho confusa com a cena enquanto ela sorria para mim como se o sol ainda brilhasse lá fora. Mas era oito da noite e até onde me lembro o único animal que ela tinha era uma calopsita branca que adorava me bicar.

— Você tem um pássaro em casa, não pode ter um gato. — falei.

— É pra você! — estendeu o animal para mim.

— O que? — dei um passo para trás, dando espaço para ela entrar com o gato. — Por que está fazendo isso comigo? — resmunguei fechando a porta.

— A Maddy disse que você falou sobre cuidar de alguma coisa e eu achei que seria melhor te dar algo mais vivo do que uma planta. Fui em um abrigo e essa coisa linda me fez lembrar você. — beijou a cabeça do felino. — É loirinho, tem olhos verdes e me olhou como se eu fosse estúpida. Que nome você quer dar?

Pisquei incrédula por aquilo estar acontecendo. Fui até o sofá e sentei esperando que Dixie dissesse que era brincadeira e que aquele gato nem era de verdade. Mas ele se mexia e ronronava no colo dela, então infelizmente era real.

— O motivo de eu preferir cuidar da Judith é exatamente porque ela não é um animal. — falei. — Não vai cagar no meu chão ou roubar a carne que eu deixar descongelando na pia. Não vai soltar pêlos por todos os móveis ou pular em mim nos momentos mais inoportunos. E os gastos? Bem menores. Judith não precisa de médico e sobrevive de água e sol.

Ela olhou com estranheza para a varanda onde eu havia pendurado a samambaia em um gancho. Com a testa franzida, Dixie olhou de volta para mim.

— Judith? — indagou perplexa.

— Devolve o gato, Dixie!

— Não! — veio até mim e colocou o gato em meu colo sem que eu pedisse.

— O que...

— Só tenta.

Mantive as mãos erguidas para não tocar o animal e fiquei olhando enquanto ele caminhava em círculos sobre o meu colo até achar uma posição e se deitar esfregando-se contra a minha barriga. A sensação daquela coisa peluda e quente contra mim começou a ficar curiosamente confortável, então eu fui baixando as mãos até tocá-lo suavemente. A sensação me deixou mais tranquila e eu abri um pequeno sorriso.

— Viu? Você sabe que quer ficar com o Morpheus. — Saby sorriu satisfeita.

— Morpheus? — arqueei a sobrancelha.

— Eu sei que ele é seu, mas chama assim por favor! Ele adora dormir. — uniu as mãos ao pedir.

— Tudo bem. — concordei. — Eu ia chama ele de Gato de qualquer forma.

— Mas nomeou a samambaia. — olhou-me incrédula.

— Foi o Kio. — expliquei.

— Certo. — balançou a mão deixando o assunto para lá. — Agora que eu te trouxe um serzinho de tranquilidade, preciso contar uma coisa.

— Diz. — falei ainda com os meus olhos presos no Morpheus, acariciando o seu pêlo.

— Michael esteve no café hoje e nós conversamos sobre você. Aliás, ele foi lá exclusivamente para isso.

— O que? Por que? — franzi o cenho.

— Ele disse que você se precipitou na última conversa e que entendeu que ele estava terminando com você, mas não era bem assim. Ele iria sugerir um tempo para pensar e analisar o grau de importância dos dois na vida um do outro.

Call Me When You Want ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora