• Aniversários

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Não era a primeira vez que irrompia uma discussão à mesa do café da manhã na rua dos Alfeneiros número 4. O Sr. Válter Dursley fora acordado nas primeiras horas da manhã por um pio alto que vinha do quarto do seu sobrinho Harry.
–É a terceira vez esta semana! –berrou ele à mesa. –Se você não consegue controlar essa coruja, teremos que mandá-la embora! Harry tentou explicar, mais uma vez.
–Ela está chateada. Está acostumada a voar ao ar livre. Se eu ao menos pudesse soltá-la à noite...
–Eu tenho cara de idiota? –rosnou tio Válter

— Tem - Sirius e JaySix disseram ao mesmo tempo

— Merlim são idênticos - Ginny disse

Um pedaço de ovo pendurado na bigodeira.
–Eu sei o que vai acontecer se você soltar essa coruja.

— Que bom que ao menos alguma coisa você sabe - James disse

Ele trocou olhares assustados com sua mulher, Petúnia. Harry tentou argumentar, mas suas palavras foram abafadas por um alto e prolongado arroto dado pelo filho de Dursley, Duda.
–Quero mais bacon.
–Tem mais na frigideira, fofinho –disse tia Petúnia, voltando os olhos úmidos para o filho maciço. –Precisamos alimentá-lo bem enquanto temos oportunidade... Não gosto do jeito daquela comida da escola... –Bobagem, Petúnia, nunca passei fome quando estive em Smeltings –disse tio Válter animado. –Duda come bastante, não come, filho?
Duda, que era tão gordo que a bunda sobrava para os lados da cadeira da cozinha, sorriu e virou-se para Harry.

— Como deixam o próprio filho assim - Molly falou

–Passe a frigideira.
–Você esqueceu a palavra mágica –disse Harry irritado. O efeito desta simples frase no resto da família foi inacreditável. Duda ofegou e caiu da cadeira com um baque que sacudiu a cozinha inteira; a Sra. Dursley soltou um gritinho e levou as mãos à boca; o Sr. Dursley levantou-se com um salto, as veias latejando nas têmporas.

— Quanto drama, até parece que Harry usou uma maldição imperdoável - Narcisa disse

–Eu quis dizer “por favor”! –explicou Harry depressa. –Não quis dizer...
–QUE FOI QUE JÁ LHE DISSE –trovejou o tio, borrifando saliva pela mesa. –COM RELAÇÃO A DIZER ESSA PALAVRA COM “M”NA NOSSA CASA?
–Mas eu...
–COMO SE ATREVE A AMEAÇAR DUDA! –berrou tio Válter, dando um soco na mesa.
–Eu só...
–EU O AVISEI! NÃO VOU TOLERAR A MENÇÃO DA SUA ANORMALIDADE DEBAIXO DO MEU TETO! Harry olhava do rosto purpúreo do tio para o rosto pálido da tia, que tentava pôr Duda de pé.

— Alguém precisa tirar ele dessa casa urgente - Remus disse

— Quero saber onde estão vocês dois - James falou

–Está bem –disse Harry –, está bem...
O tio Válter se sentou, respirando como um rinoceronte sem fôlego e observando Harry com atenção pelos cantos dos olhinhos penetrantes. Desde que Harry voltara para passar as férias de verão em casa, tio Válter o tratava como uma bomba que fosse explodir a qualquer momento, porque Harry Potter não era um menino normal. Aliás ele era tão anormal quanto era possível ser. Harry Potter era um bruxo –um bruxo que acabara de terminar o primeiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

— Ele era o bruxao mesmo - Hugo disse

E se os Dursley se sentiam infelizes de tê-lo ali nas férias, isso não era nada comparado ao que Harry sentia. Sentia tanta falta de Hogwarts que era como se tivesse uma dor de barriga permanente. Sentia falta do castelo, com seus fantasmas e suas passagens secretas, das aulas (exceto talvez a de Snape, o professor de Poções), do correio trazido pelas corujas, dos banquetes no Salão Principal, de dormir em uma cama de baldaquino no dormitório da torre, das visitas ao guarda-caça, Hagrid, em sua cabana na orla da Floresta Proibida nos terrenos da escola, e, principalmente, do quadribol, o esporte mais popular no mundo dos bruxos (seis postes altos para delimitar o gol, quatro bolas voadoras e catorze jogadores montados em vassouras).

— Eu me sentia assim todo verão - Snape confessou

Todos os livros de feitiços, a varinha, as vestes, o caldeirão e a vassoura Nimbus 2000, último tipo, pertencentes a Harry tinham sido trancados no armário debaixo da escada pelo tio Válter no instante em que o sobrinho pisara em casa. Que importava aos Dursley se Harry perdesse o lugar no time de quadribol da Casa porque não praticara o verão inteiro? O que significava para os Dursley que Harry voltasse para a escola sem os deveres de casa feitos?

— Não sei como me surpreendo ainda com o que petúnia se transformou - Lily falou

Os Dursley eram o que os bruxos chamavam de trouxas (sem um pingo de sangue mágico nas veias) e na opinião deles ter um bruxo na família era uma questão da mais profunda vergonha. Tio Válter havia até passado o cadeado na gaiola da coruja de Harry, Edwiges, para impedi-la de levar mensagens para alguém no mundo dos bruxos. Harry não se parecia nada com o resto da família. Tio Válter era corpulento e sem pescoço, com uma enorme bigodeira preta; a tia Petúnia tinha uma cara de cavalo e era ossuda; Duda era louro, rosado e lembrava um porquinho. Já o Harry era pequeno e magricela, com olhos verde-vivos e cabelos muito pretos que estavam sempre despenteados. Usava óculos redondos e, na testa, tinha uma cicatriz fina em forma de raio. Era esta cicatriz que tornava Harry tão diferente, mesmo para um bruxo. A cicatriz era o único vestígio do seu passado muito misterioso, da razão por que fora deixado no batente dos Dursley, onze anos antes. Com a idade de um ano, Harry por alguma razão sobrevivera aos feitiços do maior bruxo das trevas de todos os tempos, Lorde Voldemort, cujo nome a maioria dos bruxos e bruxas ainda tinha medo de pronunciar.

— Isso que ainda não entra na minha cabeça - Remus disse

— Mais estranho ainda é o porque ele quis matar um bebê - Regulos disse

— Porque ele é apenas mal - Alice disse

— Não... Voldemort odeia desperdiçar sangue puro - Narcisa concordou com o primo - Algum motivo tem

Os pais de Harry morreram ao serem atacados por Voldemort, mas o garoto escapara com a cicatriz em forma de raio e por alguma razão –ninguém entendia muito bem –os poderes de Voldemort tinham sido destruídos na hora em que não conseguira matá-lo. Assim, Harry fora criado pela irmã e o cunhado de sua falecida mãe. Passara dez anos com os Dursley, sem nunca compreender por que fazia coisas estranhas acontecerem o tempo todo sem querer, acreditando na história dos Dursley de que sua cicatriz resultara do acidente de automóvel que matara seus pais. Então, há exatamente um ano, Hogwarts escrevera a Harry, e a história toda fora revelada. O garoto ocupara sua vaga na escola de bruxaria, onde ele e sua cicatriz eram famosos... mas agora o ano letivo terminara, e ele voltara à casa dos Dursley para passar o verão, voltara a ser tratado como um cachorro que andara se esfregando em alguma coisa fedorenta.

— Só se for neles - Lilu disse

Os Dursley nem sequer se lembraram que hoje, por acaso, era o décimo segundo aniversário de Harry. Naturalmente ele não alimentava grandes esperanças; seus parentes jamais tinham lhe dado um presente de verdade, muito menos um bolo –mas esquecê-lo completamente...
Naquele momento, o tio Válter pigarreou cheio de pose e disse:
– Hoje, como todos sabemos, é um dia muito importante.
Harry ergueu os olhos, mal se atrevendo a acreditar.
– Hoje talvez venha a ser o dia em que vou fechar o maior negócio de minha carreira. Harry tornou a se concentrar em sua torrada.

— Não acredito que você ainda se iludiu? - Ginny disse sorrindo para o marido

— Eu era uma criança ainda com esperança - ele riu sem jeito

— E hoje que ele tem uma família grande odeia aniversários - Teddy disse

— Traumas - ele falou

— Ainda bem que nós o obrigamos a comemorar - JaySix disse

— Vocês são terríveis - Harry disse aos filhos

— Então pode se preparar pra aniversários com toda essa galera aqui dessa sala reunida - Sirius falou - Vocês não estão convidados - disse olhando para os malfoys e Snape

— Com certeza eu tinha muito interesse em ir Black - Snape falou

Dobra no Tempo (Vol 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora