• Dobby

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Harry conseguiu não gritar, mas foi por pouco. A criaturinha em sua cama tinha orelhas grandes como as de um morcego e olhos esbugalhados e verdes do tamanho de bolas de tênis.

— Um elfo doméstico - Lily disse

— O que um elfo doméstico tá fazendo na cama dele? - Sirius se perguntou

— Suspeito - James disse

Harry percebeu na mesma hora que era aquilo que o andara observando na sebe do jardim àquela manhã. Enquanto se entreolhavam, Harry ouviu a voz de Duda no hall.
–Posso guardar os seus casacos, Sr. e Sra. Mason?
A criatura escorregou da cama e fez uma reverência tão exagerada que seu nariz, comprido e fino, encostou no tapete. Harry reparou que ela vestia uma coisa parecida com uma fronha velha, com fendas para enfiar as pernas e os braços.
–Ah... alô –cumprimentou Harry nervoso. –Harry Potter! –exclamou a criatura com uma voz esganiçada que Harry teve certeza de que seria ouvida no andar de baixo. –Há tanto tempo que Dobby quer conhecê-lo, meu senhor... É uma grande honra...

— Dobby???? - Narcisa perguntou

— O que Dobby está fazendo na casa de trouxas? - Lucius disse olhando pra Draco que deu os ombros

— Dobby é o elfo dos Malfoy - Regulos explicou

–Ob-obrigado –respondeu Harry, andando encostado à parede para se largar na cadeira da escrivaninha, perto de Edwiges, que dormia em sua gaiola espaçosa. Teve vontade de perguntar “Que coisa é você?”, mas achou que poderia parecer muito mal-educado, e em vez disso perguntou: –Quem é você?
–Dobby, meu senhor. Apenas Dobby. Dobby, o elfo doméstico –disse a criatura.
–Ah... é mesmo? Ah... não quero ser grosseiro nem nada, mas... a hora não é muito própria para ter um elfo doméstico no meu quarto.
Ouviu-se a risada aguda e falsa de tia Petúnia na sala. O elfo baixou a cabeça. –Não que eu não esteja contente de conhecê-lo –acrescentou Harry depressa –, mas, ah, tem alguma razão especial para você estar aqui?
–Ah, claro, meu senhor –disse Dobby muito sério. –Dobby veio dizer ao senhor, meu senhor... é difícil, meu senhor... Dobby fica se perguntando por onde começar... –Sente-se –disse Harry gentilmente, apontando para a cama. Para seu horror, o elfo caiu no choro –um choro muito alto.

— Com certeza essa foi a coisa mais gentil que ele já tinha ouvido na vida - Hermione disse triste

–S-sen-te-se! –chorou. –Nunca... nunca na vida...
Harry pensou ter ouvido as vozes no andar de baixo hesitarem.
–Me desculpe –sussurrou. –Não quis ofendê-lo nem nada...
–Ofender Dobby! –engasgou-se o elfo. –Dobby nunca foi convidado a se sentar por um bruxo... como um igual...
Harry, tentando ao mesmo tempo fazer o elfo se calar e dar a impressão de consolá-lo, levou Dobby de volta à cama, onde o elfo se sentou entre soluços, parecendo uma boneca enorme e muito feia. Por fim ele conseguiu se controlar e se sentou, os grandes olhos fixos em Harry com uma expressão de aquosa admiração. –Vai ver você nunca encontrou muitos bruxos decentes –disse Harry para animá-lo. Dobby sacudiu a cabeça. Depois, sem aviso, saltou da cama e começou a bater a cabeça, furiosamente na janela, gritando “Dobby mau! Dobby mau!”. –Não... que é que está fazendo? –Harry sibilou, levantando-se depressa para puxar Dobby de volta para a cama. Edwiges acordara com um pio particularmente alto e batia as asas assustada contra as grades da gaiola. –Dobby teve que se castigar, meu senhor –disse o elfo, que ficara ligeiramente vesgo. –Dobby quase falou mal da própria família, meu senhor...

Dobra no Tempo (Vol 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora