• Fawkes

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Ouviu ecoarem passos e depois uma sombra escura passar à sua frente.
–Você está morto, Harry Potter –disse a voz de Riddle do alto. –Morto. Até o pássaro de Dumbledore sabe disso. Você está vendo o que ele está fazendo, Potter? Está chorando.

— Achei que ele fosse um pouquinho mais inteligente - Sophie falou - No sexto ano não saber as propriedades de uma fênix

Harry piscou os olhos. A cabeça de Fawkes entrava e saía de foco. Lágrimas grossas e peroladas escorriam por suas penas de cetim.
–Vou me sentar aqui e apreciar você morrer, Harry Potter. Pode demorar à vontade. Não tenho pressa. Harry se sentiu sonolento. Tudo à sua volta parecia estar girando. –Assim termina o famoso Harry Potter –disse a voz distante de Riddle. –Sozinho na Câmara Secreta, abandonado pelos amigos, finalmente derrotado pelo Lorde das Trevas que ele tão insensatamente desafiou.

— Essa é a maior inveja dele - James falou - Ter amigos de verdade

– Você vai voltar para a sua querida mãe de sangue ruim em breve, Harry... Ela comprou para você mais doze anos de vida... mas Lorde Voldemort acabou por vencê-lo, como você sabia que ele faria...

– Sangue ruim - Lily disse - O sangue tão puro dele não o impediu de morrer pra um bebê

Se isto for morrer, pensou Harry, não é tão mau assim. Até mesmo a dor abandonou-o aos poucos... Mas será que isto era morrer? Em vez de escurecer a Câmara parecia estar voltando a entrar em foco. Harry fez um pequeno movimento com a cabeça e lá estava Fawkes, ainda descansando a cabeça em seu braço. Uma pocinha de lágrimas peroladas brilhava em torno do ferimento –só que não havia ferimento...
–Afaste-se dele, pássaro –disse a voz de Riddle inesperadamente. –Afaste-se dele, eu falei, afaste-se... Harry levantou a cabeça. Riddle estava apontando a varinha de Harry para Fawkes; ouviu-se um estampido como o de um revólver e Fawkes levantou voo outra vez num redemoinho dourado e vermelho.

— Tão arrogante, não vai se importar com os poderes de uma criatura que ele acha inferior - Sirius falou

–Lágrimas de fênix... –disse Riddle baixinho, olhando o braço de Harry. –É claro... poderes curativos... me esqueci... Ele olhou para o rosto de Harry. –Mas não faz diferença. Na realidade, prefiro assim. Só você e eu, Harry Potter... você e eu... E ergueu a varinha...
Então num farfalhar de penas, Fawkes sobrevoou os dois e uma coisa caiu no colo de Harry o diário. Por uma fração de segundo, Harry e Riddle, a varinha ainda erguida, olharam para o diário. Então, sem pensar, sem raciocinar, como se tivesse pretendido fazer isso o tempo todo, Harry agarrou a presa do basilisco no chão ao lado dele e enterrou-a direto no centro do livro. Ouviu-se um grito longo e cortante. Um rio de tinta jorrou do diário, escorreu pelas mãos de Harry, inundou o chão. Riddle estrebuchava e se contorcia, gritando e se debatendo e então... Desapareceu.

— Não entendi - Alvo perguntou

— O veneno do Basílio destruiu o que tinha no diário - Snape falou

— Um pedaço da alma - Dumbledore pensou alto

— O que? - Remus perguntou ao diretor

— Apenas pensamentos - ele sorriu

A varinha de Harry caiu no chão com estrépito e em seguida fez-se silêncio. Silêncio, exceto pelo pinga-pinga da tinta que ainda escorria do diário. O veneno do basilisco abrira a fogo um buraco no livro. O corpo inteiro tremendo, Harry se levantou. Sua cabeça rodava como se tivesse acabado de viajar quilômetros com o Pó de Flu. Lentamente, recolheu a varinha e o Chapéu Seletor e, com um violento puxão, retirou a espada faiscante do céu da boca do basilisco. Então chegou aos seus ouvidos um gemido fraco lá do fundo da Câmara. Gina estava se mexendo.

Dobra no Tempo (Vol 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora