11 | Temperamental

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Quando Obanai retornou, encontrou uma S/n com a mão toda esfolada amarrando bandagens entre os dedos. S/n passou a tarde inteira fazendo várias coisas, tentava evitar o mal estar que o ato de menstruar trazia.

Ela estava sentada bem na janela da sala, de frente para ele. Obanai encarou a mão dela, o sangue manchando as bandagens que ela estava acabando de colocar, seu olhar estreitou.

ㅡ Você menstrua pelas mãos também? Novidade ㅡ disse Obanai, sutilmente com um sorriso.

ㅡ Estava treinando combate corpo a corpo, mais precisamente, soco atrás de soco ㅡ ela respondeu, erguendo o olhar para ele e balançando as mãos cheias de bandagens.

ㅡ Eu disse para você descansar, ouvi falar que não é bom se esforçar nesses momentos ㅡ repreendeu Obanai. ㅡ Aliás, que porra você pensa que estava fazendo? Eu vi as merdas que você fez nas árvores.

S/n riu.

ㅡ Qual é? É o melhor jeito de espantar mau agouro ㅡ ela disse rindo ㅡ Brincadeira, você é bonito, Iguro-san, eu só estava entediada.

ㅡ Entediada ㅡ ele grunhiu ㅡ Não gostei, você vai ter que limpar aquilo ou fazer algo melhor por cima.

ㅡ Algo melhor? ㅡ ela pensou. ㅡ Foi o melhor desenho que eu já fiz.

ㅡ Você fez mais de um, otária. ㅡ ele riu fraco. ㅡ Você não tinha uma coisa melhor para fazer não, além de meu rosto em seis árvores com tinta verde?

ㅡ Contou os centímetros também? Olhou bem para as sombras? Absorveu a diversidade do brilho no olhar? ㅡ ela zombou.

ㅡ Ou você limpa ou cobre. ㅡ ele repetiu rígido.

ㅡ E os treinos? ㅡ S/n perguntou, vendo Obanai entrar dentro da casa. ㅡ Você disse que...

ㅡ Eu disse quando isso daí passar.

ㅡ Passar o que? Você bem sabe que nós não temos tempo nem de respirar, se aparecesse uma missão agora, eu poderia dizer "ah, não, estou menstruada", lógico que não. ㅡ ela pulou da janela para dentro da casa. ㅡ Mas você está machucado, então sim, eu espero isso daí que VOCÊ tem passar.

ㅡ Eu decido as coisas aqui, você está entendendo? Eu decido a hora que irei treinar uma Caçadora fraca que nem você. ㅡ ele disse, as sombrancelhas arqueadas e o semblante tranquilo.

S/n ficou a frente de Obanai, encarando seus olhos, absorvendo as palavras dele.

ㅡ Você fala uma quantidade infinita de nada. ㅡ ela grunhiu.

Ela rodou os pés, dando as costas para Obanai, se aproximou da porta e a abriu.

ㅡ Eu estou querendo ser forte. ㅡ ela disse, ainda de frente para a porta.

ㅡ Querer não é poder.

ㅡ Persistência e treinamento, é só disso que eu preciso. ㅡ passou pela porta e a fechou.

S/n se aproximou da área em que estava usando para treinar, tirou as nichirins das bainhas e começou a treinar os golpes que Urokodaki havia ensinado.

Estava a noite, tudo bem escuro, ela alongava, treinava as técnicas de respiração que Giyu ensinou, fazia mais alongamentos, treinava posições, deslocamento.

Em um certo momento, onde ela estava treinando locomoção, ela treinava ao mesmo tempo o equilíbrio, ficava apenas com um pé no chão e treinava os golpes, a meta era não precisar dos dois apoios, e sim, apenas um.

Seu abdômen já estava doendo, foram tantas coisas em 5 horas que tudo nela estava rígido, ao decidir que deixaria o restante para mais tarde, pois já estava de madrugada, ela fez, quase mais do que aguentava, 5 centenas de flexões e correu por todo o comprimento em volta da casa de Obanai, por diversas vezes, o físico dela era memorável.

Uma real discípula de Urokodaki, seus passos não eram ouvidos por ninguém, seu físico era superior, a ponto de que cabia muita força em um corpo nem tão pequeno, os braços tinham gominhos cheios de massa muscular, as pernas trincadas, a cintura era quase tão fina que não cabia a tamanha força que ali queria se expandir.

Os olhos de Obanai, que não deixaram de vê-la nem por um segundo desde que começou os treinos, assim como ele, sabiam que ali não existia alguém fraco, nem de perto ela era fraca.

A única coisa que a impedia de conseguir aniquilar um oni rapidamente, era a falta de saber, exatamente, o que poderia acontecer, mas desde que conheceu Obanai, não houve outro momento onde demorou tanto para exterminar, ela só estava crescendo, nunca se rebaixando.

Um treinamento com um Hashira, só iria possibilitar a ela uma chance de saber em que ponto do aprendizado está: se o treino for muito complicado, estará claro que ela ainda não consegue enfrentar um Superior, mas, como Giyu já falou, se parecer fácil e for fácil de lidar, significa que ela estará mais perto do topo.

Afinal, ela reconhece o próprio poder, sabe que uma garota com 3 katanas não parece fraca. Tudo é questão de treino, dedicação e força de vontade, até porque ela não tem nada mais interessante para fazer.

Ao fim do treinamento, com o corpo suado e totalmente rígido, ela entra dentro da casa novamente, Obanai agora não é ouvido e nem visto, mas S/n já imagina que ele está trancado dentro do quarto.

S/n deixa as nichirins no suporte de katanas, que Obanai tem ao lado da janela na sala, aliás, o layout da casa é bem moderno, tudo um tanto novo, mas isso não surpreende S/n que nasceu em uma vila moderna, mas talvez surpreenderia qualquer outra pessoa que talvez ainda não tenha pisado em um lugar como esse.

Ela toma um banho, não tão demorado, pois ela odeia a sensação de, a cada segundo, estar descendo litros de sangue em sua perna, ela limpa o banheiro, se veste e sai.

Ao atravessar o corredor, entrar na cozinha e averiguar o ambiente, percebe que não tem nada feito para comer. E então ela lembra:

ㅡ Puts! Eu não fiz nada! ㅡ ela põe as mãos na cabeça, e continua olhando o ambiente vazio. ㅡ Será que Iguro-san dormiu com fome?

S/n andou até a porta de Obanai, parou em frente e deu três toques.

ㅡ O quê é? ㅡ Obanai foi ouvido.

ㅡ Está com fome!? ㅡ ela encostou a testa na porta.

ㅡ Vai cozinhar? ㅡ perguntou Obanai.

ㅡ Posso fritar um ovo.

Foi possível ouvir um suspiro de Obanai, mas o que tinha em seus lábios era um sorriso. Ele abriu a porta, encarou a garota, os olhos vermelhos dela eram encantadores, Obanai lutava com a vontade de olhar por mais tempo.

ㅡ Está com fome, não está? ㅡ ele perguntou.

ㅡ Sim, você não? ㅡ devolveu a pergunta.

ㅡ Eu também. ㅡ admitiu, a voz um pouco mais baixa que o normal.

S/n acenou com a cabeça, absorvendo a informação, e olhou para os lados, procurando por uma ideia, mas Obanai foi mais rápido.

ㅡ Não tem uma boa quantidade de comida que dá pra ser feita aqui, posso ir buscar para você algo mais. ㅡ ele disse, os ombros franzidos, enquanto os olhos aguçados olhavam para a garota com um pouco de esperança.

ㅡ Eu posso fazer um lamen com o que tiver...

ㅡ Não, eu vou ir comprar. ㅡ disse rápido e moveu o quadril em direção a porta. ㅡ Espere por aqui.

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| Notas da autora: Aqui acaba a primeira parte da história. Onde eu contei sobre os treinos, sobre o que a fez se tornar uma Caçadora, sobre suas habilidades(mas não me aprofundei tanto, reconheço.) Porém, de qualquer forma, fiquem tranquilos que o que tiver que ser falado, ou, descoberto, será solto na segunda parte.

Eu vou me aprofundar no laço entre os dois, e as reviravoltas que podem acontecer quando se tem um amor envolvido em um mundo tão perigoso, mas não haverá muitos choros, admito, não sou boa com coisas tristes, mas estou aqui para aprender.

É isso, o primeiro "arco" termina aqui, e vejo vocês agora na segunda parte.

ʏᴏᴋᴜʙᴏ, ʟᴇɢᴇɴᴅ. ⸺ Obanai Iguro +18Onde histórias criam vida. Descubra agora