Os dois estavam no quarto, Hikari em pé exalando nervosismo e inquietação, Obanai sentado na cama olhando para fora pela janela.
- O que é? Não vai experimentar a meia de seda que o Giyu-san te deu?
Hikari suspirou, rodando os pés na direção do banheiro.
- Qual é o seu problema com o Giyu? Achei que já tínhamos conversado sobre isso.
Obanai continuou com os olhos vidrados na janela.
- Se você não nota a forma como ele olha pra você, eu noto.
Hikari respirou fundo, tentando conter o palavrão que viria a seguir.
- Puta que pariu, o olhar desse menino já tá comparável à de um desmemoriado, a única coisa que o Giyu deixa transparecer em relação a mim é deboche, se eu consigo tornar um momento da vida dele feliz, QUE BOM.
- É isso que você pensa, Yokubo-san?
- Para de me chamar assim.
- Mas esse não é o seu nome? - Obanai brincou.
Hikari suspirou, agarrando a toalha e entrando no banheiro. Ligou o chuveiro, deixou a água cair enquanto tirava a camiseta azul-bebê e o short. Ela respirou fundo, desfez as tranças de seu cabelo e colocou-se embaixo da água. Estava tão ansiosa com a volta de seu amor, queria tê-lo consigo, depois da primeira vez ficou tão difícil para controlar. Estava se dissolvendo na água que caía, sua mente fantasiando o que provavelmente não aconteceria tão cedo. Só queria ver ele pelado em sua cama, um presente melhor não seria possível.
Após se molhar por inteira... Hikari saiu do banheiro, Obanai permanecia sentado, não parecia ter movido um músculo sequer. Ela atravessou o quarto, ignorando a presença dele, ignorando a sensação que ele deixava em seu interior só por existir. Se colocou a procurar uma roupa rapidamente, achou um roupão de dormir com uma fileira de botões, logo após pôs a calcinha de renda preta. Ainda vestia-se quando o ouviu suspirar e falar:
- Eu... não queria... chateá-la, só fiquei...
Hikari saiu do quarto sem ao menos terminar de ouvi-lo. Grandes piadas circulavam sua cabeça enquanto ela se colocava a subir as escadas para os quartos de cima. Sentiu a aura de Giyu solene, estava dormindo, evitou aquele quarto.
O último quarto do corredor foi seu escolhido, surpreendeu-se com a vista que aquelas janelas grandes tinham. O campo aberto bem diante seus olhos, à noite grandiosamente linda banhando todos os arredores com a prateada luz da lua. Uma primavera. O tom rosado por todo o pasto, árvores de cerejeira crescem com abundância por aqui, o cheiro irradiava o ambiente. Ela se aproximou da sacada, pousou os braços no parapeito e sentiu o ar frio invadir, arrepiar seu corpo, balançar levemente os cabelos úmidos, fazê-la respirar a paz.
Hanami é uma das atividades preferidas da ruiva. Recordou-se das primaveras com sua família, eles passavam horas embaixo de cerejeiras comendo, bebendo, fazendo Ikebana; essa era de fato a melhor parte para Hika, montar arranjos com flores, deixá-los cada vez mais lindos e harmônicos.
Um som estalado de passos a fez suspirar, mas continuou mantendo os olhos no pasto, nas árvores e na lua. O ranger da porta se abrindo causou um nervosismo repentino em si. Ela o sentiu se aproximar, seu instinto se dissipou ao senti-lo selar os lábios em seu pescoço, respirou fundo.
- Noite fria, né? - Ela sorriu com amargura.
- Eu sinto muito por aquilo, mas...
Hikari respirou fundo. Tinha em sua cabeça que Obanai já deveria ser maduro o suficiente para não fazer dos momentos especiais uma merda por causa de ciúmes. Ela lutou para não xingá-lo e dessa vez conseguiria. Sua consciência insistindo que a errada não era ela, que não tinha culpa alguma das especulações e do ódio que ele sentia por Giyu que, de todo modo, era como seu irmão, e ela o amava como um irmão, nada mais e nada menos.
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ʏᴏᴋᴜʙᴏ, ʟᴇɢᴇɴᴅ. ⸺ Obanai Iguro +18
أدب الهواةQuando Hikari retorna para casa tarde da noite, ela é recebida por uma cena aterrorizante: sua mãe e seu irmão estão mortos. Antes que ela possa processar a tragédia, seu irmão ressuscita como um demônio sedento por sangue. Em um momento de desespe...