30| They don't know about us.

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MANUELLA AMORIMBarcelona, Espanha

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MANUELLA AMORIM
Barcelona, Espanha.

•Para uma leitura mais divertida, ponham a música do título do capítulo.•

Sentimentos são coisas complicadas, você as vezes não sabe o que fazer com eles e quando resolve agir, faz merda.

Mas estávamos bem, resolvidos e felizes.

Não éramos namorados, ficantes, amigos.

Éramos só eu e ele.

Desde o dia do hospital, o que fazem duas semanas, os dias vem sido mais leves. Gavi as vezes me visita em casa perguntando se estou bem, e acabamos que ficamos enroladinhos no sofá no fim de tudo.

Tava indo tudo bem.

Hoje era aniversário da minha mãe, e eu olhava para o celular a exatamente doze minutos pensando se eu deveria ligar pra ela.

Meus pais não tem mais meu número. Quando eu saí do Brasil, fiz questão de mudar. Recuperei o contato de Luana e Kira, mas não dos meus pais.

Era o certo a se fazer? Ou era errado? Mas e se não tivesse certo e errado?

Ela era minha mãe. Mas ao mesmo tempo, nunca foi.

Mesmo assim. Eu ligo.

—Alô?—A voz da mulher sai abafada pelo telefone, mesmo assim, se escutava um tom alegre e no fundo uma música estilo pagode brasileiro.

—É...Oi—Eu me interrompo sem saber se seria viável chamar ela de mãe—Feliz aniversário.

—Oh meu senhor, obrigada! Quem é você afinal? Como sabe meu aniversário?—Ela pergunta e meus olhos se arregalam lentamente ao perceber ela não reconhecer minha voz.

—Ninguém, liguei por engano.—Desligo o celular rapidamente não dando espaço para ela de resposta.

Havia feito um mês recente que eu havia chegado na Espanha. Foi como um sonho, e ainda parece irreal para mim.

E sim, nada parece estar errado, se você ver minha vida de longe. Trabalho bom, salário bom, apartamento bom, morando na Espanha, com amigos e tendo um caso com jogador de futebol.

Mas na época que eu fazia terapia, a terapeuta me disse um dia, que no nosso coração, sempre há espaço para cada um que habita em nossas vidas, principalmente nossos pais, e mesmo totalmente realizada, é normal quando estamos distantes de alguém, sentir essa parte do coração vazia.

E é exatamente isso que acontece mesmo. Eu sei que sinto falta dos meus pais, mas não o suficiente para perdoa-los. Para esquecer o que fizeram.

Agora, eu tava parecendo uma velha melancólica lembrando dos últimos momentos de vida.

Liguei a TV smart entrando no app do Spotify, abrindo minha playlist.

Mesmo no modo aleatório, a primeira música que começou a tocar foi "You're on your on kid" da Taylor Swift. Bem específico, obrigada.

GOLDEN GIRL || PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora