MANUELLA AMORIM
Barcelona, Espanha.•Para uma leitura mais divertida, ponham a música do título do capítulo.•
Sentimentos são coisas complicadas, você as vezes não sabe o que fazer com eles e quando resolve agir, faz merda.
Mas estávamos bem, resolvidos e felizes.
Não éramos namorados, ficantes, amigos.
Éramos só eu e ele.
Desde o dia do hospital, o que fazem duas semanas, os dias vem sido mais leves. Gavi as vezes me visita em casa perguntando se estou bem, e acabamos que ficamos enroladinhos no sofá no fim de tudo.
Tava indo tudo bem.
Hoje era aniversário da minha mãe, e eu olhava para o celular a exatamente doze minutos pensando se eu deveria ligar pra ela.
Meus pais não tem mais meu número. Quando eu saí do Brasil, fiz questão de mudar. Recuperei o contato de Luana e Kira, mas não dos meus pais.
Era o certo a se fazer? Ou era errado? Mas e se não tivesse certo e errado?
Ela era minha mãe. Mas ao mesmo tempo, nunca foi.
Mesmo assim. Eu ligo.
—Alô?—A voz da mulher sai abafada pelo telefone, mesmo assim, se escutava um tom alegre e no fundo uma música estilo pagode brasileiro.
—É...Oi—Eu me interrompo sem saber se seria viável chamar ela de mãe—Feliz aniversário.
—Oh meu senhor, obrigada! Quem é você afinal? Como sabe meu aniversário?—Ela pergunta e meus olhos se arregalam lentamente ao perceber ela não reconhecer minha voz.
—Ninguém, liguei por engano.—Desligo o celular rapidamente não dando espaço para ela de resposta.
Havia feito um mês recente que eu havia chegado na Espanha. Foi como um sonho, e ainda parece irreal para mim.
E sim, nada parece estar errado, se você ver minha vida de longe. Trabalho bom, salário bom, apartamento bom, morando na Espanha, com amigos e tendo um caso com jogador de futebol.
Mas na época que eu fazia terapia, a terapeuta me disse um dia, que no nosso coração, sempre há espaço para cada um que habita em nossas vidas, principalmente nossos pais, e mesmo totalmente realizada, é normal quando estamos distantes de alguém, sentir essa parte do coração vazia.
E é exatamente isso que acontece mesmo. Eu sei que sinto falta dos meus pais, mas não o suficiente para perdoa-los. Para esquecer o que fizeram.
Agora, eu tava parecendo uma velha melancólica lembrando dos últimos momentos de vida.
Liguei a TV smart entrando no app do Spotify, abrindo minha playlist.
Mesmo no modo aleatório, a primeira música que começou a tocar foi "You're on your on kid" da Taylor Swift. Bem específico, obrigada.
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GOLDEN GIRL || PABLO GAVI
Teen FictionMANUELLA AMORIM desembarca no Catar para ver seu país jogar a Copa do Mundo e investir na sua carreira de jornalista, mas acaba saindo de lá com algo a mais. OU QUANDO Gavi curte um tweet com a conta errada e não esperava que a repercussão do tweet...