21| Reality.

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MANUELLA AMORIM.

Voltar para casa nunca foi tão difícil.

A copa acabou. Os dias de jogos e gritar gol do Brasil só iriam ter volta daqui a três anos e meio. Não que eu esteja triste, até porque agora, somos os primeiros e únicos hexacampeões.

O problema era que eu não sabia o que me aguardava quando eu chegar em casa. Meu pai com certeza não vai deixar para lá.

Kira e Luana estavam nos assentos do outro lado do avião, enquanto eu e Gavi estávamos sentados juntos.

O que seria de mim e Gavi daqui pra frente? Era claro que estávamos nos gostando, mas a distância? Era tudo tão difícil. Claro que se o problema fosse só esse, eu não estaria nem aí.

Mas é muito mais que isso.

O vôo não era direto para o Brasil. Iríamos ter duas pausas, primeiro na Espanha, onde Gavi desembarcaria, e depois seguiríamos para o Rio de Janeiro.

—Pablo.—Eu me chamo e ele me olha.—A gente vai continuar junto?

—Vamos fazer o máximo, para que sim.—Ele
me responde e por mais que eu sinta confiança na sua fala.

Algo ainda me diz que não vai ser tão fácil assim.

Eu encosto a cabeça em seu ombro enquanto na TV do avião passava um dos filmes de "Harry Potter".

Senti que cochilei, mas ao ouvir o barulho do piloto anunciando o pouso na cidade de Barcelona. Eu não quero abrir meus olhos.

—Linda, quero te dizer que foi tão incrível esse tempo com você. Você é incrível—Ele beija minha testa enquanto eu sinto meus olhos marejarem.

Porquê é um clima de despedida.

—Obrigada Pablo, obrigada.—É uma frase com um contexto maior por trás, eu apenas o abraço e nós trocamos um beijo lento.

Sem tempo para mais ele desembarca me lançando um último olhar, sinalizando com o celular, como se dissesse para depois ligar para ele.

Olhei para Kira e Luana, que notaram meu humor triste.

O avião eram assentos de três, e do meu lado e do de Gavi estava sentado um senhor de aparentemente sessenta anos. Kira gentilmente tocou em seu ombro e perguntou se podia trocar de lugar com ela.

Enfim ficamos eu, Luana e Kira juntas no avião.

As meninas tentavam me botar pro alto astral, mas algo martelava na minha cabeça.

O desespero me bate horas depois novamente, quando vejo que estamos em solo carioca após um mês.

—Caraca, como senti falta desse calor clássico carioquês—Kira exclama quando saímos do avião.

—Acho que perdi toda minha melanina depois dessa viagem—Luana diz e eu e Kira franzimos o cenho.

—Você é branca, Lu.—Kira diz.

Luana foi embora primeiro, sua família estava lá para buscar. Logo depois Kira também se despediu alegando que sua mãe estava chegando.

E eu fiquei. Sabia que minha mãe nem meu pai iriam vir me buscar, mas ao mesmo tempo eu não queria voltar para casa, quase peço para dormir na casa de Kira e inventar dizendo que o voo atrasou.

GOLDEN GIRL || PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora